De “Meu Nome é Gal” a “Noites Alienígenas”, Caio Pimenta aponta possibilidades de filmes que podem representar o Brasil no Oscar 2024.
Antes de começar, para quem está chegando agora no site e vendo este especial, eu sei que ainda está cedo para apontar quais serão os indicados ou vencedores do Oscar 2024.
Aqui, trata-se apenas de possibilidades, servindo até como dicas para quem quiser depois.
Não há pretensão de dizer quem é o favorito, será indicado ou ganhar o Oscar.
Vamos nessa!
O NORTE NA TELA
Sempre em destaque no noticiário, a Amazônia pode chegar à festa da Academia a partir de quatro obras trazendo olhares nem sempre colocados em destaque quando se fala da região.
Ganhador de cinco Kikitos no Festival de Gramado 2022, “Noites Alienígenas” é o primeiro longa produzido no Acre a estrear no circuito comercial de todo Brasil.
A produção dirigida por Sérgio de Carvalho mostra o impacto na juventude de Rio Branco da ascensão das organizações criminosas.
O drama está disponível na Netflix e marcaria um filme enorme para o Norte do Brasil ser o representante do cinema brasileiro no Oscar.
Baseado no livro de Milton Hatoum, “O Rio do Desejo” mostra a tensa relação entre Anaíra, o marido e os dois cunhados em um perigoso jogo de amor e sedução.
A direção é do Sérgio Machado e traz no elenco Daniel de Oliveira, Sophie Charlotte e Gabriel Leone; os dois últimos, aliás, vivem grande momento na carreira atuando em esperadas produções internacionais, o que pode ajudar o filme.
Já “Uýra – A Retomada da Floresta” chega às telas em junho.
O documentário apresenta a trajetória da artista trans indígena que viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta, usando a arte performática para ensinar aos jovens indígenas que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da floresta.
O documentário venceu o prêmio do Júri da Semana de Cinema de Londres e já circulou por eventos na Europa e EUA.
Aqui, é importante dizer que a circulação em festivais internacionais é muito importante para credenciar uma produção rumo ao Oscar. Isso ganha ainda mais força quando você fala de um festival de Cannes para Melhor Filme Internacional e de Veneza, Toronto, Telluride para as demais categorias.
Com o enfraquecimento da Ancine nos últimos anos e, consequentemente, o desmantelamento das políticas públicas relacionadas ao cinema, as estratégias para maior inserção dos nossos filmes nestes eventos também foram afetadas. A expectativa é que isso seja ajustado no governo Lula para fortalecer o cinema brasileiro nos próximos anos.
BRASIL EM CANNES
E por falar em Cannes, três filmes do Brasil estão na programação do evento e, dependendo de como saírem de lá, podem sonhar sim com esta vaga.
“Retratos Fantasmas” é o novo longa do Kleber Mendonça Filho, hoje, o mais prestigiado diretor do cinema brasileiro no mercado internacional graças aos sucessos de “O Som ao Redor”, “Aquarius” e “Bacurau”.
O documentário mostra a relação histórica do Centro de Recife com os cinemas de rua como um espaço de convívio entre as pessoas e como isso foi se transformando com o passar do tempo. “Retratos Fantasmas” será exibido fora de competição.
Já “A Flor do Buriti” integra a seleção da Um Certo Olhar, a mais importante das mostras paralelas de Cannes.
O documentário é fruto de 15 meses de permanência na terra Indígena Krahô dos diretores Renée Nader Messora e João Salaviza, conhecidos por “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
Por fim, tem “Levante”, drama comandado pela Lillah Halla e selecionado para a Semana da Crítica.
A história mostra uma jogadora de vôlei adolescente tentando abortar após descobrir uma gravidez inesperada.
Os dramas, entretanto, não são a única opção do cinema brasileiro.
CINEMA DE GÊNERO
“Medusa”, por exemplo, seria uma possibilidade de uma distopia flertando com o terror.
O filme da Anita Rocha da Silveira acompanha uma garota e suas que sempre tentaram agradar a tudo e a todos, seguindo as regras da igreja. Porém, à noite, elas atacam jovens que levam a vida que, no fundo, elas gostariam de ter.
A produção já recebeu prêmios em Miami, Lisboa e Palm Springs.
Com passagens pelos festivais de Mar del Plata, Karlovy Vary e Cairo, “Tinnitus” marca o retorno do Gregório Graziosi à direção oito anos após “Obra”.
Neste terror psicológico, Marina é uma ex-mergulhadora que sofre de um terrível zumbido nos ouvidos. Após um acidente sofrido nas últimas Olimpíadas, ela decide voltar a competir na esperança de conquistar uma medalha olímpica, colocando a vida dela em risco.
E ainda tem “Regra 34”, produção da Julia Murat grande vencedora do Festival de Locarno no ano passado.
A produção mostra uma estudante de direito penal, defensora dos direitos das mulheres que, à noite, se apresenta em frente a uma câmera de sexo ao vivo.
GRANDES PRODUÇÕES
Por fim, duas superproduções do cinema nacional: primeiro, a cinebiografia da Gal Costa estrelada pela Sophie Charlotte.
Vez ou outra, o Brasil manda produções do gênero como “2 Filhos de Francisco”, “Olga”, “Lula, O Filho do Brasil” e, com uma licença poética, dá para encaixar também “Babenco”.
Já “Grande Sertão: Veredas” é uma adaptação do clássico de Guimarães Rosa dirigido pelo Guel Arraes.
O filme faz uma versão moderna da história trazendo o drama para as periferias do país e ainda com a Covid-19 como pano de fundo.
Caio Blat, Luisa Arraes, Eduardo Sterblitch e Rodrigo Lombardi estão no elenco. Lançamento deve acontecer no fim deste ano.