O resultado mais esperado do Oscar 2024 aconteceu: “Zona de Interesse” venceu Melhor Filme Internacional.

Neste post, eu apresento os quatro principais motivos que levaram a esta conquista. 

1. QUALIDADE DO FILME – 50%

Mesmo com uma boa competição com o espanhol “A Sociedade da Neve” e o japonês “Dias Perfeitos”, “Zona de Interesse” sobrava na corrida pelo prêmio. E não era à toa. 

O Jonathan Glazer apresenta um panorama praticamente inédito do Holocausto ao mostrar uma família nazista vivendo normalmente ao lado do campo de concentração de Auschwitz.

O conceito de banalidade do mal é explorado de forma perfeita através das escolhas do diretor Jonathan Glazer ao não mostrar os horrores, mas, sim, colocá-los como som integrante do bucólico cenário.

Direção de fotografia e trilha sonora da Mica Levi completam uma obra, no mínimo, incômoda. Metade da estatueta está na qualidade do filme. 

2. ERRO FRANCÊS – 25%

Não dá para falar da conquista de “Zona de Interesse” sem citar do erro da França.

Acredito que 25% da estatueta está na conta do comitê francês ter escolhido “O Sabor da Vida” em vez de “Anatomia de uma Queda”.

Ao longo da temporada, o drama de tribunal da Justine Triet cansou de vencer a categoria – foi assim no Globo de Ouro e Critics Choice, por exemplo – além de ter sido indicado a Melhor Filme.

Com certeza, a disputa seria muito mais equilibrada e o drama do Jonathan Glazer correria sérios riscos.

Do jeito que ficou, o representante britânico nadou de braçadas. 

3. PRESENÇA EM MELHOR FILME – 20%

“Zona de Interesse” estar nas categorias principais do Oscar 2024 como Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado pesou bastante contra produções que, no máximo, estavam em Maquiagem e Penteado como era o caso de “A Sociedade da Neve”.

Logo, não faria o menor sentido deixar de premiar aqui quem concorre nas categorias máximas. 

4. CAMPANHA CERTEIRA – 5%

Por fim, uma pequena parcela da vitória – 5% – resulta da temática.

E aqui eu não falo necessariamente do Holocausto que sempre foi um assunto que chamou a atenção da Academia.

Vejo mais o filme na ampliação da perspectiva de uma barbárie consentida e naturalizada como o principal pilar de “Zona de Interesse”. Desta forma, foi possível expandir o contexto para além do massacre judeu e colocá-lo em perspectiva para outros conflitos atuais.

Isso permitiu que o drama não fosse sugado para dentro da discussão da guerra no Oriente Médio, o que poderia provocar divisões fortes na Academia. Uma estratégia que se provou certeira.