Das nomeações por “Moulin Rouge” e “Inverno da Alma” a “Lion” e “Joy”, Caio Pimenta analisa quais as melhores e piores indicações de Nicole Kidman e Jennifer Lawrence no Oscar.

4. LION 

Começamos com a Nicole Kidman e sua pior indicação ao Oscar. Ela veio em 2017. 

Em “Lion”, a atriz interpreta a mãe adotiva do personagem do Dev Patel. Participando da segunda e menos interessante parte do filme, a Nicole Kidman está bem, emociona o público nos breves momentos em que aparece, mas, nada de memorável. 

A indicação bastou para Kidman. Já a vitória em Atriz Coadjuvante ficou com Viola Davis, de “Um Limite Entre Nós”, em uma senhora fraude de categoria. 

3. AS HORAS 

O trabalho que rendeu a única estatueta da atriz fica apenas na terceira posição. 

Não, não acho a atuação de Nicole ruim como Virgínia Woolf em “As Horas”, ambicioso filme dirigido pelo Stephen Daldry.

A inquietante Virgínia Woolf da atriz oferece ao espectador a noção exata da angústia da escritora em um momento de auge da carreira de Kidman.

Por outro lado, o perfil de papel Oscar bait graças à maquiagem que a torna quase irreconhecível e momentos dramáticos delineados para temporada de premiações, admito que me deixam com um pé atrás. 

Para mim, o Oscar daquele ano deveria ter ido para a Julianne Moore, brilhante no subestimado “Longe do Paraíso”. 

2. REENCONTRANDO A FELICIDADE 

Em 2011, a Nicole Kidman foi nomeada por um pequeno tesouro que merecia ser mais valorizado. 

“Reencontrando a Felicidade” traz a estrela interpretando uma mulher que, ao lado do marido, tenta superar uma perda terrível.

Trata-se de uma atuação difícil por ser uma personagem que oscila entre a apatia de não saber o que fazer, o controle sem sucesso da dor e a fúria explosiva gerada pela indignação da tragédia.  

Naquela edição, a presença da Nicole Kidman foi uma surpresa até mesmo pelo filme não estar cotada para as demais categorias.

A vitória, entretanto, não podia ser diferente: Natalie Portman, por “Cisne Negro”. 

E uma curiosidade: ela esteve ao lado da Jennifer Lawrence nesta categoria que concorria por “Inverno da Alma”. 

1. MOULIN ROUGE 

O maior desempenho da Nicole Kidman indicado ao Oscar mostrou a versatilidade da atriz. 

Em “Moulin Rouge”, musical que abriu as portas para o gênero no século XXI, a estrela consegue fazer o público rir e se emocionar na mesma intensidade ao interpretar a bela cortesã Satine.

Belíssima como nunca, ela ainda solta o vozeirão cantando muito bem. Uma atuação completa. 

No Oscar 2002, a Nicole Kidman perdeu para a Halle Berry.

Se fosse apenas pela atuação, ficaria com a estrela de “Moulin Rouge”, porém, o fator histórico de ter sido a primeira mulher negra a vencer a categoria faz com que, em hipótese alguma, o resultado seja visto como absurdo. 

4. JOY 

Chegou a hora de falar da Jennifer Lawrence e adivinhar quem aparece em quarto lugar não é muito difícil. 

Quando a estrela de “Jogos Vorazes” foi nomeada ao Oscar de Melhor Atriz em 2016, ficou claro como a Academia forçou a barra no carinho com a atriz.

Por mais simpática e rentável que seja para Hollywood, vê-la indicada por “Joy” era demais.

Uma produção fraca, previsível, moldada excessivamente para a temporada de premiações em que Lawrence até vai bem, porém, repetindo tudo o que sempre fazia. 

Ter Jennifer Lawrence indicada e Charlize Theron esnobada como a Furiosa, de “Mad Max”, é para desanimar de acompanhar o Oscar. 

3. TRAPAÇA 

A Jennifer Lawrence chegou perto de vencer o Oscar em 2014 na categoria de atriz coadjuvante. 

No grande elenco do fraco “Trapaça”, a estrela é, sem dúvida, um dos destaques ao fazer uma mulher traída pelo personagem vivido pelo Christian Bale.

Há um grau de destempero nas ações da personagem dela, mas, não como símbolo de inconsequência; há sim muita inteligência e capacidade de sobreviver em meio a um mundo repleto de armadilhas. 

Ela chegou a vencer o Globo de Ouro e o Bafta de atriz coadjuvante, além do SAG de Melhor Elenco, porém, perdeu para a Lupita Nyong´o, por “12 Anos de Escravidão”. Aqui, o Oscar acertou. 

2. O LADO BOM DA VIDA 

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Superar a Emanuelle Riva, de “Amor”, até hoje é uma dor de cabeça para a Jennifer Lawrence no meio cinéfilo, mas, aqui, ela fica com a medalha de prata. 

No previsível “O Lado Bom da Vida”, a atriz surpreende pela naturalidade como domina a cena mesmo cercada de nomes como Robert De Niro, Bradley Cooper e Jacki Weaver.

Além da ótima química com Cooper, ela oferece ao público a intensidade suficiente para segurar o público. 

Riva era melhor?

Sem dúvida, mas, cá entre nós, igual a Fernanda Montenegro, jamais venceria uma estrela de Hollywood linda e em ascensão meteórica.

E não há comparação entre a Paltrow e Lawrence: a atriz de “O Lado Bom da Vida” é muito melhor. 

1. INVERNO DA ALMA 

O melhor papel pelo qual a Jennifer Lawrence foi indicada ao Oscar vem da cerimônia de 2011. 

Dirigida pela Debra Granik, a estrela é a protagonista de “Inverno da Alma”, suspense em que interpreta uma adolescente de 17 anos em busca do pai sumido após deixar a casa como garantia para saldar uma dívida.

A Lawrence é a força da produção ao dar complexidade admirável entre a segurança e firmeza para enfrentar aquele mundo sombrio que a cerca, enquanto não deixa o público esquecer que ainda se trata de uma adolescente.

Um feito para uma atriz liderando um longa pela primeira vez. 

AS MAIORES ESNOBADAS – “DOGVILLE” E “mãe!”

Vamos falar agora das esnobadas. E se você está pensando que escolherei “Os Outros” para representar a Nicole Kidman, pensou errado. 

A maior esnobada dela veio por “Dogville”, uma atuação extremamente difícil e arriscada pela exigência psicológica e, claro, por trabalhar com um diretor complicado como Lars Von Trier. Kidman se entrega de forma absoluta em uma das maiores atuações do século sem nenhum exagero.

Já a Jennifer Lawrence poderia ter sido nomeada ao Oscar pelo contestado “mãe!”.

Se há um ponto quase impossível de discordar no polêmico terror do Darren Aronofsky é no grandioso trabalho da protagonista. Marca registrada da carreira dela, a intensidade não falta e move o longa. 

Para a entrada da Lawrence no Oscar 2018, tiraria fácil a Meryl Streep, de “The Post”, enquanto a Kidman para a cerimônia de 2004 excluiria a Samantha Morton, de “Terra de Sonhos”. 

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