Depois de muita preparação num episódio desanimador na semana anterior, Expresso do Amanhã pisa no acelerador da temporada nesta semana com “Sem Seu Criador”. O resultado é um episódio envolvente e que encerra uma história, aparentemente, e inicia outra, mais interessante, nos seus minutos finais.

Em 46 minutos, resolve-se a trama de assassinato que moveu toda a narrativa desde o início da série. Após a morte da personagem Nikki no final do anterior, fica claro para todos os envolvidos na investigação que o assassino pertence à primeira classe, e essa descoberta de Layton não é bem aceita por muitos a bordo. Afinal, um fato estabelecido dentro da história do Snowpiercer é que nunca aconteceu de um passageiro da primeira classe ser preso por um crime.

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A resolução em si não é lá muito surpreendente, mas é bem conduzida pelo roteiro e pelo diretor Frederick E. O. Toye, que vem fazendo boa carreira em séries recentes como Westworld, The Boys e Watchmen. A direção e a montagem estabelecem as pistas do mistério de forma ágil e eficiente, e Toye encena uma perseguição estranha no cenário confinado do trem, que acabou ficando visualmente interessante. O que diminui um pouco a empolgação da perseguição, o grande momento de ação do episódio, é o fato de o suspeito acabar fazendo de refém justo a garota simpática que compartilhou um momento romântico com a segurança do trem no prólogo do episódio… Santa coincidência manipulativa, Batman!

Apesar desse tropeço, o desfecho do mistério em torno do assassinato faz sentido e é satisfatório. A esse respeito, Toye e a direção de arte do episódio compõem um momento visual interessantíssimo, a cena em que Melanie e Layton percorrem um corredor repleto de obras de arte, salvas antes do congelamento do planeta e expostas na primeira classe para deleite dos ricos. Toye também consegue extrair atuações realmente boas de Daveed Diggs e da jovem Annalise Basso, que alguns espectadores deverão lembrar como uma das meninas de Capitão Fantástico (2016).

VIDA PRÓPRIA

Em meio a tudo isso, dois desenvolvimentos prometem desviar “os trilhos” da série: Josie estabelece um canal para enviar mensagem do fundo para a frente do trem, e a tensão entre Layton e Melanie atinge um clímax inesperado. Os momentos finais do episódio realmente têm força e surpreendem, e prometem levar a série a uma decisão interessante e potencialmente mais rica do ponto de vista dramático, em comparação com uma investigação se arrastando pela temporada inteira. Merece elogio também a atuação de Jennifer Connelly nesses momentos finais. A composição da personagem e o trabalho da atriz são muito interessantes, fazendo com que a nossa empatia pela Melanie oscile durante o episódio. A revelação em torno da personagem também tem bastante potencial – Fica a torcida para que os roteiristas não o desperdicem.

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Bem, nada como um dia após o outro… Ou novos trilhos a percorrer. Com este ousado episódio, com boas reviravoltas e desenvolvimentos interessantes, Expresso do Amanhã, a série, passa a ter chance de se tornar algo tão especial quanto a sua versão do cinema. E mais importante ainda, ganha chance de ter vida própria. A partir de agora, o interesse na série se renova – Merecidamente.

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