Conhecido principalmente por protagonizar filmes de ação como a franquia ‘Busca Implacável’, Liam Neeson aproveita o seu destaque no drama ‘Nosso Amor’ para entregar uma atuação emocionante ao lado de Lesley Manville (indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por ‘Trama Fantasma’). No longa, eles protagonizam um casamento de muitos anos com humor e cumplicidade quando Joan (Manville) é diagnosticada com câncer de mama e o casal passa por mais uma crise desde a morte de sua filha.
Sem possuir uma proposta extraordinária ou que exale originalidade, “Nosso Amor” consegue se destacar pela destreza no roteiro em aliar uma temática densa e já muito vista no cinema como o câncer com o humor e o cotidiano de um casal de meia idade. Em diversos momentos essa proposta chega perto de clichês próprios de romances, mas, todos justificados pela história, mostrando ter uma utilidade para a narrativa, principalmente quando o objetivo é deixar a trama mais fluida.
Logo na primeira cena, sem nenhum diálogo presente, é possível perceber que Lesley Manville e Liam Neeson são escolhas perfeitas de protagonistas. Além de ambos entregarem uma carga dramática na medida certa em discussões mais densas, eles também possuem um magnetismo enorme e a habilidade de fazer o público querer acompanhá-los, o que justifica a cena inicial e tantos outros momentos apoiados somente na atuação corporal de ambos.
Responsável por retratar a intimidade de Joan e Tom, a fotografia de “Nosso Amor” mostra muita responsabilidade e até mesmo respeito em não sufocar os personagens e seus momentos mais delicados. Esse aspecto persiste durante toda a trama já que existe uma preocupação muito grande da diretora Lisa Barros D’Sa em mostrar explicitamente cada fase do câncer enfrentado por Joan.
O grande C da questão
Quando se fala em câncer nos filmes, principalmente em blockbusters ou produções para o público adolescente, existe sempre uma romantização excessiva sobre a doença, fugindo até da proposta de abordar o assunto em si. Nesse quesito, ‘Nosso Amor’ oferece uma verdadeira aula de como aliar o romance a uma temática tão séria e ainda conseguir colocar traços de humor, tirando também lágrimas do público.
Independente se o tratamento do câncer de mama é ou não conhecido pelo público, “Nosso Amor” faz questão de mostrá-lo, exibindo detalhadamente cada processo enfrentado por Joan. A atuação de Leslie, realçando todo o desconforto e medo da situação, dá a dimensão do drama que tantas mulheres precisam lidar. E, mesmo se tornando a temática central do longa, se não é limitado somente a isto, mas sim, uma motivação para o público ver a dinâmica entre os personagens, entender e se interessar por suas histórias.
Outro elemento que ajuda muito a cumprir o objetivo de “Nosso Amor” em mostrar os diferentes momentos da doença em Joan é a caracterização de Manville. Chega a ser surreal comparar a atriz no início e fim do longa e perceber quantas mudanças foram necessárias para mostrar os efeitos causados pelo câncer de mama e, principalmente, por seu tratamento. Devido a este cuidado, “Nosso Amor” se aproxima muito de um retrato verídico sobre a doença ao mesmo tempo em que narra uma história fácil de ser acompanhada e ainda presenteia o público com ótimas atuações.