Subvertendo o gênero de super-heróis mais uma vez, ‘The Boys’ chega ao final de sua segunda temporada correspondendo às expectativas do público. Ao apostar em cenas marcantes e revelações aguardadas, a série consegue entreter e dar continuidade às narrativas apresentadas no decorrer da temporada. Entretanto, somente essas estratégias não são suficientes para garantir um desfecho próximo a perfeição já que repete a estrutura de outro episódio final da temporada anterior e, ainda, lida com um roteiro incapaz de contemplar um bom desenvolvimento dos personagens.
Após um episódio digno de explodir mentes e tudo dar errado no âmbito judicial, o grupo de anti-heróis, The Boys, decide resolver na prática as diferenças com Os Sete. Tal situação ganha mais força quando Becca (Shantel VanSanten) procura Butcher (Karl Urban) para resgatar seu filho recém sequestrado pelo pai Homelander (Anthony Starr). Assim, um confronto direto entre os dois grupos ocorre novamente, ao mesmo tempo, em que a Vought continua a manter seus heróis e interesses financeiros e políticos resguardados.
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Bom, para um final, o episódio não é decepcionante por conseguir entregar ótimos momentos, boas cenas de luta e finalizar algumas narrativas apresentadas. Entretanto, todas as histórias alongadas no decorrer de sete outros episódios foram solucionadas pelo roteiro de forma bastante abrupta. Exemplo disto é a forma como Stormfront (Aya Cash) é derrotada: A-Train (Jessie T. Usher) apresenta a solução magicamente e, quando o confronto contra a super deve ser encarado, Maeve aparece como a personificação do recurso Deus Ex Machina, salvando o dia não apenas uma, mas DUAS vezes muito parecidas e em cenas correlatas.
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Em um balanço da temporada, é possível perceber como “The Boys” tenta em vão administrar seus numerosos personagens para cada um ter bons momentos e igual relevância. Mas, sem isso ocorrer, muitos terminam a temporada da mesma forma que começaram apesar de estarem presentes em momentos importantes. O grande exemplo disto é Maeve, a qual além de ser vista em poucos minutos durante os episódios, resolve a narrativa principal neste desfecho, mas volta a seus status inicial. Outro nome de praxe nesse quesito é Deep, relegado unicamente como alívio cômico escrachado – o que nesse caso é até divertido entender como a própria série tem conhecimentos de sua inutilidade para a história e evidencia isso.
Butcher X Homelander
Mesmo em seus momentos mais problemáticos, estruturalmente falando, “The Boys” consegue passar uma impressão boa para o público. Isso ocorre com Stormfront, por exemplo, pois, apesar de Maeve surgir do nada, o simples fato dela conseguir confrontar a outra super gera imensa satisfação para qualquer espectador. Ou seja, mesmo em suas fragilidades, ‘The Boys’ consegue entregar exatamente aquilo que o público busca, situação igual ao ocorrido entre Butcher e Homelander.
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Apesar do embate entre ambos protagonistas terminar de forma muito parecida com a primeira temporada (cada um tem uma perda e enfrentamento pessoal), a construção desse conflito é muito bem pensada e impactante. Mesmo tendo passado por situações parecidas, a série aumenta o nível de perdas e danos de cada um, assim, suas reações são elevadas mostrando algo verdadeiramente novo. Karl Urban e Anthony Starr não deixam a desejar em nada durante suas atuações. É possível perceber que, apesar de possuir grande personagens e um bom elenco no geral, a série realmente se preocupa mais densamente quando Butcher e Homelander se enfrentam, o que fica explícito na construção dos diálogos entre os dois.
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Outra atenção positiva do roteiro é o desenvolvimento de seu discurso sobre política e interesses econômicos, desta vez, explicitado pela atuação perfeita de Giancarlo Esposito (Stan Edgar). Da mesma forma, toda ironia sobre o discurso nazista de Stormfront também é muito bem inserida na trama como uma crítica social a qual também é capaz de render boas risadas. E é claro, o grande benefício de temporada acaba sendo fazer revelações sobre uma história sem entregar todos seus detalhes que devem ser acompanhados futuramente, assim, respondendo à expectativa do público, ao mesmo tempo, em que alimenta sua curiosidade para uma próxima temporada.