Começando a se encaminhar para o final da segunda temporada, ‘The Boys’ acelera o ritmo da narrativa e entrega um de seus melhores episódios. Entre referências, sarcasmos e revelações, a série também apresenta dois recursos primordiais para ser um sucesso de público: relacionamentos bem explorados entre personagens e o enfrentamento de super-heróis com pessoas comuns em posição de paridade (ou quase).

O episódio começa com as gravações do filme sobre Os Sete. O momento, além de debater sobre a situação envolvendo Maeve (Dominique McElligott), também é o cenário perfeito para arrancar boas indiretas para produções da DC e Marvel no cinema. Enquanto isso, tanto Maeve quanto Starlight (Erin Moriarty) tentam sair das situações difíceis que se colocaram, armando contra Homelander (Antony Starr) e Stormfront (Aya Cash), respectivamente. Os dois, por sua vez, encontram a oportunidade perfeita para se tornarem aliados e, como qualquer outra história em “The Boys”, a narrativa deles é aproveitada para debater algo mais verossímil como o “cancelamento” de pessoas públicas.

LEIA TAMBÉM: Crítica – “The Boys”: 2×01 a 2×04

Neste aspecto, a série consegue transitar muito bem entre o humor e a crítica a diversos parâmetros sociais. A própria bissexualidade de Maeve, mal explorada até então, ganha um novo destaque em uma ótima cena sobre aceitação e formação de imagem da comunidade LGBT+ na mídia. Outro exemplo bem proveitoso é a redenção de Deep (Chace Crawford) através de seu envolvimento com a “igreja da coletividade” e, por fim, ainda temos maior densidade da trama com o racismo nas falas de Stormfront. Desta forma, “The Boys” se valida dos absurdos que apresenta para criticar também contradições da vida real.

Promessas de um futuro animador

Após todo desenrolar de sua trama mediana, Butcher (Karl Urban) volta a ver a família e ameaça um distanciamento de todas confusões, “aposentadoria” como ele menciona. Mas, no fim das contas, isso se torna a motivação principal para seu acerto com Hughie (Jack Quaid), assim, a dinâmica entre os dois se ressignifica, pois, anteriormente, Hughie estava sem rumo e se sentia solitário e dessa vez ele é o responsável por resgatar Butcher da mesma situação. Essa relação entre os dois e de outros personagens é exatamente o que ajuda a manter o interesse na série. Em sua grande maioria, os personagens criados são inconvenientes e nada carismáticos, porém, a forma como a produção apresenta as histórias é interessante por entregar uma construção coerente, a qual muda conforme a dinâmica da narrativa, mas não altera a essência.

Além de manter o interesse do público, esses momentos de maior diálogo e enfoque nos personagens também encaminham tramas futuras. Somente neste episódio temos a formação de aliança entre Maeve e Depp e a promessa de um confronto entre Starlight e Stormfront, o qual pode ser bem animador para o restante da temporada. É claro que além destas relações mais óbvias, pequenas pistas sobre a personalidade de Stormfront e sua relação com Kimiko (Karen Fukuhara) também foram deixadas como um direcionamento para futuros desfechos.

Além das tramas, as cenas sanguinárias ajudam a vender a proposta da série, algo que também esteve presente positivamente. Nesse aspecto, a cena final de Homelander e Stormfront verdadeiramente deixou seu marcou o episódio, mas, a participação mais ativa de Black Noir (Nathan Mitchell) também deve ser considerada. Afinal, o personagem mais enigmático d’ Os Sete, ganhou a oportunidade de revelar seus poderes e aparecer mais na narrativa resultando no confronto com Butcher, o qual começa de forma muito animadora, mas, tem um desfecho bem desapontador – o que, com sorte, pode resultar em um destino tão marcante quanto do Translúcido.

‘Ripley’: série faz adaptação mais fiel ao best-seller

Vez por outra, o cinema – ou agora, o streaming – retoma um fascínio pela maior criação da escritora norte-americana Patricia Highsmith (1921-1995), o psicopata sedutor Tom Ripley. A “Riplíada”, a série de cinco livros que a autora escreveu com o personagem, já...

‘O Problema dos 3 Corpos’: Netflix prova estar longe do nível HBO em série apressada

Independente de como você se sinta a respeito do final de Game of Thrones, uma coisa podemos dizer: a dupla de produtores/roteiristas David Benioff e D. B. Weiss merece respeito por ter conseguido transformar um trabalho claramente de amor - a adaptação da série...

‘True Detective: Terra Noturna’: a necessária reinvenção da série

Uma maldição paira sobre True Detective, a antologia de suspense policial da HBO: trata-se da praga da primeira temporada, aquela estrelada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, e criada pelo roteirista/produtor Nic Pizzolato. Os grandiosos oito episódios...

‘Avatar: O Último Mestre do Ar’: Netflix agrada apenas crianças

Enquanto assistia aos oito episódios da nova série de fantasia e aventura da Netflix, Avatar: O Último Mestre do Ar, me veio à mente algumas vezes a fala do personagem de Tim Robbins na comédia Na Roda da Fortuna (1994), dos irmãos Coen – aliás, um dos filmes menos...

‘Cangaço Novo’: Shakespeare e western se encontram no sertão

Particularmente, adoro o termo nordestern, que designa o gênero de filmes do cinema brasileiro ambientados no sertão nordestino, que fazem uso de características e tropos do western, o bom e velho faroeste norte-americano. De O Cangaceiro (1953) de Lima Barreto,...

‘Novela’: sátira joga bem e diverte com uma paixão nacional

Ah, as novelas! Se tem uma paixão incontestável no Brasil é as telenovelas que seguem firmes e fortes há 60 anos. Verdade seja dita, as tramas açucaradas, densas, tensas e polêmicas nos acompanham ao longo da vida. Toda e em qualquer passagem de nossa breve...

‘Gêmeas – Mórbida Semelhança’: muitos temas, pouco desenvolvimento

Para assistir “Gêmeas – Mórbida Semelhança” optei por compreender primeiro o terreno que estava adentrando. A série da Prime Vídeo lançada em abril é um remake do excelente “Gêmeos – Mórbida Semelhança” do genial David Cronenberg, como já dito aqui. O mundo mudou...

‘A Superfantástica História do Balão’: as dores e delícias da nostalgia

Não sou da época do Balão Mágico. Mesmo assim, toda a magia e pureza desse quarteto mais que fantástico permeou a infância da pessoa que vos escreve, nascida no final daquela década de 1980 marcada pelos seus excessos, cores vibrantes, uma alegria sem igual e muita...

Emmy 2023: Previsões Finais para as Indicações

De "Ted Lasso" a "Succession", Caio Pimenta aponta quais as séries e atores que podem ser indicados ao Emmy, principal prêmio da televisão nos EUA. https://open.spotify.com/episode/6NTjPL0ohuRVZVmQSsDNFU?si=F1CAmqrhQMiQKFHBPkw1FQ MINISSÉRIES Diferente de edições...

‘Os Outros’: por que a série da Globoplay assusta tanta gente? 

“Não vou assistir para não ter gatilhos”, “estou com medo de ver esta série”, “vai me dar pesadelos”. Foi comum encontrar frases como estas pelo Twitter em meio à repercussão causada por “Os Outros”. Basta ler a sinopse ou assistir aos primeiros minutos da produção da...