Debater propostas para o fortalecimento do audiovisual da Região Norte do Brasil como economia criativa e cadeia produtiva. No fim, formular a elaboração de uma carta de proposições feita pela própria classe a ser enviada para as lideranças federais, estaduais e municipais.  

Este é o foco da Conferência Matapi – Mercado Audiovisual do Norte, prevista para acontecer nos dias 29 e 30 de novembro, dentro da programação do Festival de Investimentos de Impacto & Negócios Sustentáveis na Amazônia, no Studio 5, em Manaus.  

Produzido pela Leão do Norte, o evento contará com quatro mesas para nortear a reflexão e ajudar na formulação da carta. Serão os seguintes debates: 

  1. Terça-Feira (29/11) – Vivências em espaços de negociação – 15h às 16h15.
    Convidadxs: Rayane Penha (realizadora amapaense) e Lúcia Tupiassú (roteirista paraense).  
  2. Terça-Feira (29/11) – Identidades e representações amazônicas – 16h30 às 18h
    Convidadxs: Zélia Amador de Deus (artista, educadora e militante paraense), Keila Sankofa (artista visual e cineasta amazonense) e Adanilo (ator, dramaturgo e diretor amazonense). 
  3. Quarta-Feira (30/11) – Políticas públicas de acesso federais e locais – 10h às 11h15
    Convidadxs: Fabrício Noronha (Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura) 
  4. Quarta-Feira (30/11) – Associativismo e as lutas pelo audiovisual – 11h30 às 13h
    Convidadxs: Janaina Oliveira ReFem (APAN – Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro), Maurício Xavier (CONNE – Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste), Henrique Souza (ASPAC – Associação dos Servidores Públicos da ANCINE) e Jeã Santos (AEEBC – Associação dos Empregados da EBC). 

As inscrições para a participação online, via Zoom, estão abertas no site do Sympla (clique aqui). No Studio 5, será apenas para convidados da organização. 

NOVO FORMATO

Matapi teve duas edições presenciais em Manaus e, em 2020, migrou para o online.

O Matapi teve a primeira edição concentrada no Palácio da Justiça, no Centro de Manaus, em 2018, seguindo o modelo tradicional de eventos de mercado com realização de rodada de negócios, pitchings, consultorias juridícas, entre outras atividades. A dose se repetiu no ano seguinte, porém, em 2020, a chegada da pandemia da Covid-19 levou o mercado para o formato online. No ano passado, o Matapi trouxe o inédito Climate Story Lab para o Brasil, focado em um laboratório internacional de narrativas artísticas. 

Agora, uma nova mudança com a Conferência Matapi. “Desde a terceira edição, notamos que o formato clássico de um evento de mercado audiovisual estava ficando desgastado. Diante disso, começamos a pensar o Matapi para além de um evento pontual, mas, sim como uma plataforma de conexão de projetos e profissionais, geração de oportunidades. Estamos indo por um caminho de questionar este modelo tradicional e tentar entender o nosso lugar”, declarou Clemilson Farias, um dos fundadores do Mercado Audiovisual do Norte. 

Para a edição deste ano, Carlos Barbosa, sócio de Clemilson na Leão do Norte, revela que os três eixos norteadores do Matapi – conexões, empreendedorismo e negócio – motivaram a escolha sobre os temas a serem abordados nas mesas de debate. “São problemas reais do audiovisual da região. O Norte segue dependente das políticas públicas e, por isso, precisamos fortalecê-las. Desta forma, as empresas poderão crescer e alcançar outros setores para além do público com diferentes tipos de incentivos. Tudo o que trazemos vem de um ano inteiro de reflexões, reuniões internas e diálogos feitos em outros fóruns, entre eles, o CONNE (Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste)”, disse. 

MATAPI LAB? 

Mesmo com as dificuldades históricas, o audiovisual da Região Norte do Brasil vive um momento de grande reconhecimento e alta produtividade. Como aponta Clemilson, de 1997 a 2022, apenas três longas nortistas chegaram às salas comerciais brasileira – os amazonenses “A Floresta de Jonathas” e “Antes o Tempo Não Acabava”, ambos de Sérgio Andrade, e “Para ter Onde Ir”, de Jorane Castro.  

Somente para o ano que vem, estão previstos quatro: os acreanos “O Empate” e “Noites Alienígenas” (ganhador do Kikito de Melhor Filme em Gramado), os dois comandados por Sérgio de Carvalho, o amazonense “A Terra Negra dos Kawá”, de Sérgio Andrade, e o paraense “O Reflexo do Lago”, de Fernando Segtowick. Conquistas obtidas por “O Barco e o Rio”, “Solitude” e a presença da realizadora Rayane Penha em laboratórios na Amazon e Netflix mostram um futuro ainda mais animador para o setor. 

Diante disso e da eleição de Lula para 2023, Clemilson considera que a Conferência Matapi chega com um sentimento de ‘reintegração de posse’ para o cinema brasileiro e, consequentemente, nortista. “As mesas tentam diagnosticar as falhas e distorções dentro da gestão pública tanto estadual quanto federal para propor ações que nos contemplem. A pontuação das produtoras brasileiras dentro da Ancine, por exemplo, é uma delas, pois, afeta diretamente as empresas da região”, declarou.  

O evento deste ano, aliás, é o primeiro passo para planos ainda mais ousados. Segundo os organizadores, a ideia de um laboratório para fortalecer projetos da região para o mercado especialmente, o circuito de fundos internacionais deve sair do papel em 2023.  

“Queremos implementar esta rede de contatos e elaborar métodos de pitching, working café. Recentemente, tivemos o edital da Ancine de produção e, na hora do investimento de fomento direto, nenhum do Norte foi selecionado por não ter a pontuação maior. E isso é possível de aumentar com reenquadramento, mas, acaba não se buscando por desconhecimento. Estamos vendo estes buracos para buscar ações de formação mais contínuas”, comentou Clemilson. 

A Conferência Matapi é uma realização da Leão do Norte Produções e conta com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, do Fiinsa e da Casa Ninja Amazônia.