De “Licorice Plzza” a Ben Affleck, Caio Pimenta lista possíveis surpresas e decepções da temporada de premiações rumo ao Oscar 2022.

AS POSSÍVEIS SURPRESAS 

Que “Licorice Pizza” estará no Oscar, isso é mais do que certo. Porém, o tamanho dele na corrida ao prêmio pode ser uma surpresa bem-vinda. 

“Belfast” reinava absoluto na corrida ao Oscar 2022 com favoritismo absoluto em Melhor Filme e Direção com o Kenneth Branagh.

Porém, a chegada de “Licorice Pizza” embolou a disputa, afinal, Paul Thomas Anderson é um dos cineastas mais prestigiados em Hollywood das últimas décadas e merece uma estatueta há tempos. Uma produção considerada a mais leve dele em tempos, falando sobre cinema, com um elenco elogiadíssimo pode deixá-lo perto destas vitórias. 

Hoje, “Licorice Pizza” aparece favorito em Roteiro Original superando “Belfast” e não duvido crescer a tal ponto do Paul Thomas Anderson passar na frente do Kenneth Branagh em Direção. E Melhor Filme não é uma possibilidade distante. 

Asghar Farhadi tenta o terceiro Oscar da carreira com “A Hero”.

Já que estamos falando de grandes diretores, aproveito a deixa para falar da categoria. 

Nas últimas três edições, a Academia reservou espaço para cineastas de filmes de língua não-inglesa e isso pode ocorrer novamente em 2022. Diretor do iraniano “Um Herói”, Asghar Farhadi é a bola da vez para alcançar este feito: ele tem grande prestígio em Hollywood com duas vitórias no Oscar de Filme Internacional por “A Separação” e “O Apartamento”. A produção ainda pode chegar a Melhor Filme e, com mais chances, em Roteiro Original.  

Outra possibilidade é Julia Ducournau, de “Titane”. Credenciada pela Palma de Ouro em Cannes, a francesa seria, além de prestigiar mais um nome feminino na categoria – algo sempre bem-vindo -, uma forma da Academia se mostrar mais ousada a partir de um trabalho radical. 

Rachel Zegler tenta nomeação não obtida por Natalie Wood no longa original.

Em Melhor Atriz, vale observar a Rachel Zegler: estrelando “Amor, Sublime Amor”, ela tem a oportunidade de ser nomeada por uma personagem clássica do cinema não indicada em 1962 vivida na época pela Natalie Wood. O buzz na imprensa americana está forte mesmo com o lançamento do musical do Spielberg ainda distante. Em uma corrida tão apertada, a Zegler tem tudo para bagunçar a categoria. 

Por fim, tem a Ann Down, de “Mass”, em Atriz Coadjuvante. Apesar de já ser cotada desde o início do ano pela passagem em Sundance, nas últimas semanas, ela viu crescer candidatas como a Kirsten Dunst, Caitriona Balfe, Judi Dench e Aunjanue Ellis, todas elas praticamente garantidas.  

A briga é pela quinta vaga em uma disputa acirrada com a Meryl Streep e a Ruth Negga. Minha aposta é que ela alcance a nomeação em uma conquista sensacional da pequena Bleecker Street em cima da poderosa Netflix.   

 AS POSSÍVEIS DECEPÇÕES 

Todo o Oscar que se preze também tem as tradicionais decepções. Produções que imaginávamos capazes de ir longe, mas, que ficam pelo caminho. Aposto que quatro filmes podem preencher este espaço. 

Mesmo com requisitos de sobra para a temporada de premiações, “A Tragédia de Macbeth” parece clássico e deslocado demais para tempos tão urgentes de temáticas atuais e fortes. Se a nomeação em Melhor Ator com Denzel Washington e nas categorias técnicas parecem certas, Melhor Filme, Direção, Atriz e até Roteiro Adaptado correm risco.  

A demora em ser lançado e sem aparecer nos principais festivais da temporada ameaça “O Beco do Pesadelo”. A estratégia da Searchlight Pictures remete ao feito pela Universal Pictures com “1917”, mas, a questão é saber se terá êxito semelhante.  

Preterido pela Espanha da disputa de Melhor Filme Internacional, “Madres Paralelas” se vê sufocado em meio a tantas produções norte-americanas. A única indicação que a produção deve ter é com a Penélope Cruz em Melhor Atriz. Nem mesmo a vaga em Roteiro Original para o Almodóvar deve ocorrer. 

Filmografia: Ridley Scott - Arte + Comércio

Decepção mesmo deve ser o Ridley Scott: para quem esperava o ano da consagração, a situação dele está bem complicada.  

“O Último Duelo” até obteve elogios da crítica, mas, a bilheteria de apenas US$ 10 milhões nos EUA para um épico desta dimensão foi um fracasso colossal.  

Já “Casa Gucci” traz toda a pompa de um grande elenco e o luxo de figurinos, direção de arte e maquiagem/penteado, porém, a direção do Scott foi bastante criticada em um suspense considerado bagunçado.   

Em Melhor Ator, a competição está tão acirrada que nomes fortes devem ficar de fora como Joaquin Phoenix, de “C´Mon, C´Mon”, e o Peter Dinklage, por “Cyrano”.

O Ben Affleck também deve ser outra decepção: a cada dia que passa, soa improvável nomeações por “O Último Duelo” e “The Tender Bar”.