De Martin Scorsese a “Godzilla Minus One”, Caio Pimenta relembra as marcas históricas da temporada do Oscar 2024.

A TURMA DOS 13

“Oppenheimer” entrou em um time seleto que traz alguns dos maiores clássicos do cinema. 

A superprodução do Christopher Nolan concorre a 13 categorias do Oscar 2024, mesmo número de “E o Vento Levou”, “A um Passo da Eternidade”, “Mary Poppins”, “Forrest Gump”, “Shakespeare Apaixonado”, “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel”, “Chicago”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “A Forma da Água”.

Destes todos, apenas o musical estrelado pela Julie Andrews, o épico do Peter Jackson e o romance do David Fincher não venceram Melhor Filme.  

Os clássicos com a Vivien Leigh e Burt Lancaster são os maiores vencedores: cada um levou oito prêmios. Vejo grandes chances de “Oppenheimer” se igualar ou até passar este número no próximo dia 10 de março. 

Por falar em Melhor Filme, a temporada deste ano é a primeira em que a lista do PGA, o sindicato dos Produtores, coincide com o Oscar desde que aumentaram para até 10 indicados. Antes ocorreu nas edições de 1993, 1994 e 1995. 

OS RECORDES DE SCORSESE

“Assassinos da Lua das Flores” também marca história nesta temporada: o épico da Apple se tornou a sétima mais longa produção indicada na categoria máxima. Com 206 minutos, a obra só perde para “O Irlandês” com 209 minutos, “Ben-Hur” com 212, “Os Dez Mandamentos” com 220, “Lawrence da Arábia” com 222, “E o Vento Levou” com 238 e Cleópatra com 248.  

E o Martin Scorsese? Tornou-se o terceiro diretor com mais produções indicadas a Melhor Filme – 10 ao todo, perdendo apenas para William Wyler e Steven Spielberg, cada um com 13. O novaiorquino, entretanto, passou o diretor de “E.T” e “A Lista de Schindler” com o cineasta vivo mais indicado a Melhor Direção: 10 contra 9. William Wyler permanece na frente com 12 presenças. 

Para completar, o Scorsese se tornou o mais velho a receber indicações em Melhor Direção: está com 81 anos; recorde pertencia ao John Huston, nomeado por “A Honra do Poderoso Prizzi” aos 79. Já que entramos em questão de idade, o John Williams bateu a si mesmo ao ser indicado aos 91 anos de idade com o mais velho já indicado pela Academia. O mestre das trilhas sonoras ainda chegou à 54a nomeação da carreira, tendo vencido cinco vezes.

Nas categorias de atuações, desde 1935 na sétima edição do Oscar, não havia uma lista com todos os indicados acima dos 30 anos. A mais jovem é a Danielle Brooks com 34 seguida de perto da Emma Stone com 35. O mais idoso é o Robert DeNiro com 80 anos.

Aliás, o astro de “Assassinos da Lua das Flores” está na categoria de coadjuvante 49 anos após a primeira participação dele com “O Poderoso Chefão 2”. Entre os atores, este feito pertencia à Katherine Hepburn que teve um intervalo de 48 anos da primeira à última nomeação em Melhor Atriz.

“BARBIE” E O GIRL POWER

“Barbie” também traz uma história bonita neste Oscar: o sucesso com a Margot Robbie é o nono longa a ultrapassar a barreira do bilhão indicado a Melhor Filme. Ele se junta a um time que conta com “Titanic”, “O Retorno do Rei”, “Coringa”, os dois “Avatar”, entre outros. Também a segunda vez que temos nomeações consecutivas das maiores bilheterias do ano no Oscar máximo: primeiro ocorreu com “Rocky” e “Star Wars” nos anos 1970 e, agora, com “Top Gun: Maverick” e “Barbie”. 

Vale destacar a produção da Warner se juntou a “O Último Imperador”, “Whiplash” e “Moonlight” como obra indicadas no prêmio do sindicato dos roteiristas entre os originais e na Academia entre os adaptados. 

Apesar da esnobada em Melhor Direção, a Greta Gerwig fez bonito: ela se tornou a primeira cineasta mulher a emplacar três produções indicadas a Melhor Filme – “Lady Bird”, “Adoráveis Mulheres” e “Barbie”. Outro feito é que se primeira entre todos a ter os três primeiros filmes da carreira indicados na categoria máxima.  

O girl power prevaleceu ainda com o inédito fato de três produções dirigidas por mulheres estarem em Melhor Filme – além de “Barbie”, temos “Anatomia de uma Queda”, da Justine Triet, e “Vidas Passadas”, da Celine Song.

Também há três mulheres em Melhor Montagem, incluindo, a favorita Jennifer Lame, de “Oppenheimer”, e a lenda Thelma Schoonmaker, de “Assassinos da Lua das Flores”. Isso aconteceu apenas duas vezes na história: 1976 na temporada em que a Verna Fields venceu por “Tubarão”, e 1999 com “A Vida é Bela”, “Irresistível Paixão” e “Além da Linha Vermelha”. 

Falando de representatividade, o Colman Domingo, de “Rustin”, é o terceiro ator assumidamente gay a viver um personagem LGBT indicado ao Oscar. Antes dele, apenas o Ian McKellen, de “Deuses e Monstros”, e a Stephanie Hsu, por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” .  

O Mark Ruffalo, por “Pobres Criaturas”, está na lista dos mais indicados da história de Ator Coadjuvante com quatro nomeações, igualando nomes como Al Pacino, Jack Nicholson, Robert Duvall e Jeff Bridges. 

‘GOZDILLA’ NA HISTÓRIA

Com orçamento de US$ 10 milhões, “Godzilla Minus One” é o filme mais barato a ser indicado a Melhores Efeitos Visuais. O recorde anterior era de “Ex-Machina” que custou US$ 15 milhões. A produção japonesa é o segundo longa não falado inglês na categoria: o pioneiro foi o alemão “Nada de Novo no Front”.

Já o Takashi Yamazaki está ao lado de Stanley Kubrick como indicados a Efeitos Visuais por filmes em que eles foram os diretores. O mestre britânico concorreu por “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. 

A Dianne Warren se aproxima de um recorde inglório: ela está na 15a indicação e deve chegar à 15a derrota. Bastam mais duas para ela igualar o maior de todos os perdedores, o Greg P. Russell. 

Das pequenas curiosidades, você sabia que “Ficção Americana” é o primeiro indicado a Melhor Filme a ter um diálogo que cita a expressão ‘Oscar bait’?