De Steven Spielberg a Kenneth Branagh, Caio Pimenta apresenta a lista de candidatos ao Oscar 2022 de Melhor Direção.

CHANCES MÍNIMAS 

Chloé Zhao consegue voltar ao Oscar após a vitória por “Nomadland”?

Já que iniciei falando de mulheres na direção, algumas delas parecem bem distantes da vaga, incluindo, a última vencedora. 

A Chloé Zhao jamais pode ser descartada, porém, difícil ver a Academia com tantos potenciais candidatos nomeá-la. Se o Ryan Coogler não conseguiu a nomeação por “Pantera Negra”, produção que chegou a ser nomeada a Melhor Filme, difícil imaginar que ela conseguirá por “Os Eternos”, aventura com poucas chances na categoria principal. 

Apesar da Academia adorar indicar e até mesmo premiar jovens astros se aventurando na direção em seus primeiros trabalhos, a Rebecca Hall parece carta fora do baralho por “Passing”. Até por conta de uma outra candidata do mesmo naipe chegando com mais força. 

Vinda de “Orange is the New Black”, a Sian Heder fez uma estreia elogiadíssima com “Coda – No Ritmo do Coração”. Ainda que o filme dê toda a pinta de surpreender nas indicações, especialmente, nas categorias de atuação, ela tem mais chances de surgir em roteiro adaptado do que em direção. 

Halle Berry já venceu Melhor Atriz; consegue o feito de ganhar Direção também?

Das que surgem com poucas chances, quem pode subir é a Halle Berry, de “Bruised”. A produção está prevista para estrear na Netflix no dia 24 de novembro e, quem sabe, não pode repetir o que foi “Rocky” em 1977?  

Seria, aliás, histórico se a Halle Berry vencesse a categoria. Vale lembrar que ela foi a primeira mulher negra a vencer Melhor Atriz. Se ela repetisse o feito, se tornaria a primeira pessoa negra a ganhar Melhor Direção. 

Mas, não são apenas as mulheres que estão com chances mínimas. 

No ano do retorno dos musicais com toda a força para o Oscar, imaginar que o Leos Carax, por “Annette”, irá superar o Steven Spielberg e o Lin-Manuel Miranda soa como uma enorme utopia.  

Já o Sean Baker, de “Red Rocket”, está na mesma situação da Sian Heder: se rolar indicação será apenas em roteiro e olhe lá.

Por fim, o Jonas Poher Rasmussen, de “Flee”, seria a escolha mais ousada em anos da Academia, afinal, nunca um diretor de filme de animação e documentário concorreu em Melhor Direção. Parece improvável, mas, a categoria com indicados mais inesperados nos últimos anos têm sido aqui. 

CORREM POR FORA 

Wes Anderson foi indicado ao Oscar de Direção apenas por “O Grande Hotel Budapeste”.

A corrida de Melhor Direção está tão pesada que candidatos que poderiam pintar como favoritos às vagas em outros anos, aqui, surgem correndo por fora. 

 Duvida? Olha só o caso do Wes Anderson. 

Apesar de sem prêmios, o diretor saiu de Cannes elogiado com “A Crônica Francesa” e se credenciava a uma das cinco vagas. Porém, neste momento, perdeu força e terá o lançamento do filme como a última cartada para chegar ao Oscar. A Maggie Gyllenhaal passa pela mesma situação após a passagem de “The Lost Daughter” em Veneza. Surge apenas como o quarto nome da Netflix na categoria.

 

Asghar Farhadi já venceu dois Oscars de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa.

O Mike Mills, de “C´Mon, C´Mon”, enfrenta a concorrência do Joel Coen dentro da A24 e ainda lida com a falta de hype em cima dele mesmo tendo realizado produções como “Mulheres do Século 20″ e “Toda a Forma de Amor”. Já o Pablo Larraín deve repetir o mesmo filme visto em “Jackie” e ser eclipsado por sua protagonista. 

Asghar Fardahi, do iraniano “A Hero”, torce para que se repita o que houve em 2019 quando dois diretores de filmes de língua não inglesa – o Alfonso Cuáron pelo mexicano “Roma” e o polonês Paweł Pawlikowski do polonês “Guerra Fria”. É um cenário possível para o ano que vem, porém, improvável por conta de muitos nomes na briga pelas indicações. 

Será que Aaron Sorkin consegue a primeira nomeação em Direção?

Quer um ’por exemplo’? Então, lá vão três de uma vez. 

O Steven Spielberg está longe da categoria desde “Lincoln” e pode voltar logo na primeira incursão nos musicais com a nova versão de “Amor, Sublime Amor”. A questão é a comparação inevitável com o comando espetacular de Robert Wise e do Jerome Robbins, vencedora do Oscar em 1961.

O Adam McKay é o novo David O. Russell do Oscar, ou seja, tudo o que ele faz vira ouro. As nomeações por “A Grande Aposta” e “Vice” mostraram isso, logo, não é bom descartá-lo por “Don´t Look Up”. 

Para fechar o trio, tem o Aaron Sorkin: neste ano, ele foi surpreendido pelo Thomas Vintenberg, de “Druk” e perdeu melhor roteiro original. Não duvido a Academia querer uma reconciliação com ”Being the Ricardos”.

GRANDES CANDIDATOS 

Pedro Almodóvar tenta a segunda nomeação a Melhor Direção após “Fale com Ela”.

Se o vídeo começar a dar umas travadas, parar é porque chegou a vez de só nome pesado do cinema mundial. O primeiro deles tem tudo para conseguir uma nomeação inédita. 

O primeiro deles é o Pedro Almódovar, que foi indicado na categoria em 2003 com “Fale com Ela” e tenta voltar à disputa com “Madres Paralelas”. O espanhol é o grande candidato de alcançar esta vaga entre os longas internacionais. O Guillermo del Toro chega novamente ao Oscar com “O Beco do Pesadelo“, noir com fantasia com todos os elementos para ser líder de indicações.  

Aliás, uma pequena informação: a última vez em que um diretor do filme mais indicado ao Oscar em um ano não foi nomeado aconteceu em 2007 com o Bill Condon, de “Dreamgirls”. 

Dois novatos estão chegando com credenciais fortes para o Oscar de Direção. 

Depois de arrasar nos palcos com “Hamilton”, Lin-Manuel Miranda chega para conquistar o Oscar com “Tick, Tick, Boom”.

A elogiada passagem de “King Richard” em Telluride não ajudou apenas o Will Smith, mas, também colocou o Reinaldo Marcus Green com chances reais de ser nomeado. Hoje, ele é a maior esperança de termos um diretor negro concorrendo na categoria, algo que não acontece desde o Spike Lee em 2019.

Estreando na direção de longas, o Lin-Manuel Miranda traz todo o prestígio de “Hamilton” e, no ano dos musicais, é a principal aposta do gênero em Melhor Direção por “Tick, Tick Boom”. 

Para fechar a lista dos grandes candidatos, três diretores de enorme sucesso de público e crítica de épocas diferentes. 

Paul Thomas Anderson busca primeira vitória por “Licorice Pizza”.

O Ridley Scott tenta, finalmente, levar o primeiro Oscar da carreira em Direção por “Casa Gucci”. Tem a narrativa de ser um dos principais diretores norte-americanos da atualidade sem o prêmio ampliada ainda pela ausência de quase duas décadas da categoria. Se o suspense for muito bem recebido, se credencia para vencer a estatueta.  

Porém, há Paul Thomas Anderson no meio do caminho e toda o hype com o lançamento do trailer de “Licorice Pizza” demonstra como é querido pela indústria, crítica e público. Chega com possibilidades até mesmo de ganhar o Oscar. 

Já o Denis Villeneuve conseguiu superar as poucas, mas, barulhentas avaliações negativas de “Duna” e pode ser recompensando tanto pelo seu estilo mais audacioso dentro dos grandes estúdios como por bater o pé em defesa dos cinemas sem causar tanta objeção como Nolan. Luta pela indicação. 

OS FAVORITOS 

Joel Coen e Ethan Coen no Festival de Cannes 2015

Joel Coen (à esq) está sozinho desta vez sem a presença do irmão Ethan em “A Tragédia de Macbeth”

Até agora, falei sobre aqueles que estão na disputa por indicações. Agora, eu vou falar de três nomes que ouso dizer estão na dianteira praticamente garantidos no Oscar. O primeiro deles é um velho conhecido da Academia. 

Claro que estou falando do Joel Coen. Sem o irmão Ethan, ele foi ovacionado no Festival de Nova York junto com o Denzel Washington e a Frances McDormand. Está há mais de dez anos sem ser nomeado na categoria, logo, tudo indica que a hora do retorno chegou. 

Jane Campion quer voltar ao Oscar após a nomeação em 1994 por “O Piano”.

Mas, se a competição fosse por tempo afastado do Oscar, ninguém bateria a Jane Campion desta turma. 

A neo-zelandesa será a representante feminina da categoria com “Ataque dos Cães”. Além desta narrativa sempre tão fundamental, premiá-la poderia marcar uma grande volta por cima dentro do Oscar visto que a última vez que participou do evento foi em 1994 no excelente “O Piano”.

Kenneth Branagh

Kenneth Branagh é o favorito ao Oscar 2022 de Melhor Direção.

Gostaria demais que a Campion vencesse, porém, para isso acontecer, será preciso superar o favorito que vem lá da Irlanda. 

O Kenneth Branagh surge como o favorito para vencer em Melhor Direção por “Belfast”. Adorado pela indústria por toda sua versatilidade comprovada nas cinco indicações ao Oscar em cinco categorias diferentes, ele ainda realiza uma obra pessoal com muita poesia e beleza que está conquistando todo mundo por onde passa.  

Tem tudo para fazer uma dobradinha entre Melhor Direção e Filme igual ocorrera nos últimos dois anos com “Parasita”, do Bong Joon-Ho, e “Nomadland”, da Chloé Zhao. 

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