O prazo para cada país enviar o seu candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional chegou ao fim no dia 1 de novembro.  

Entre algumas surpresas e outros candidatos já esperados, chegou a hora de apontar quem chega forte para disputa e, claro, analisar a situação brasileira na corrida pela indicação. 

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CORREM POR FORA 

Tilda Swinton consegue ajudar Apichatpong Weerasethakul a chegar ao Oscar pela primeira vez?

Como são dezenas de países, eu vou me concentrar naqueles candidatos com alguma chance de chegarem no Oscar.  

Começo aqui com a América Latina que, nos últimos dez anos, levou a categoria por duas vezes: em 2018, com o chileno “Uma Mulher Fantástica”, e em 2019 com o mexicano “Roma”. 

O México, aliás, retorna com “A Noite do Fogo”, produção com o apoio da Netflix e premiada com uma menção honrosa na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2021.

O boliviano “O Grande Movimento” tentará superar a falta de verbas para campanhas milionários ao se apoiar no prêmio especial do júri para o diretor Kiro Russo na Mostra Horizontes do Festival de Veneza.

A Colômbia aposta na dobradinha Tilda Swinton e Apichatpong Weerasethakul em “Memória”. A questão será saber se a Academia irá abraçar o estilo mais abstrato da obra. 

Em outros anos, estes candidatos europeus teriam grandes chances de serem indicados, mas, com uma corrida tão apertada, a tendência é que sejam zebras. 

“Má Sorte no Sexo ou Porno Acidental” seria uma bem-vinda quebra no tradicionalismo da Academia caso seja nomeado.

“El Buen Patrón” superou “Madres Paralelas”, do Pedro Almodóvar, para ficar com a vaga espanhola, porém, a falta de destaques em grandes eventos pré-Oscar fará o filme precisar demais do Javier Bardem para emplacar uma indicação.  

O romeno “Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental” chega com a credencial do Urso de Ouro do Festival de Berlim, do apoio da crítica e da criatividade de ter usado as limitações da pandemia a seu favor, porém, soa como um filme muito fora da caixinha para o tradicionalismo do Oscar. 

Da Mostra Um Certo Olhar de Cannes, chegam “Playground”, da Bélgica, ganhador do prêmio da crítica, e “Unclenching the Fists”, da Rússia, vencedor do prêmio máximo da categoria. Ambos podem ser boas surpresas na lista final assim como o polonês “Leave no Traces” e o austríaco drama LGBTQIA+ “Great Freedom”. 

GRANDES CANDIDATOS 

“Titane” pode render a quarta indicação consecutiva para um vencedor da Palma de Ouro.

Os próximos cinco filmes, na minha visão, estão concorrendo por duas vagas. E só tem candidato forte. 

A França aposta em “Titane”, ganhador da Palma de Ouro deste ano. Apesar do bom retrospecto recente – todos os três últimos vencedores do prêmio máximo de Cannes foram indicados na categoria – o longa da Julia Ducournau é aquele típico filme ame ou odeie, capaz de ter inúmeros fãs e detratores pelo seu radicalismo e ousadia. Para uma premiação como o Oscar que busca consenso, o filme pode se dar mal. 

“A Mão de Deus” tem a força da Netflix, sempre importante para campanhas massivas, como também da Itália, país com maior número de vitórias – 14, ao todo. O hype em torno de Paolo Sorrentino também é forte, porém, o filme não foi recebido com aquela unanimidade esperada em Cannes seja pelos críticos como pela própria premiação. 

Bem diferente do caso do japonês “Drive My Car”. O longa, além de extremamente elogiado, ainda recebeu o prêmio da crítica e de Melhor Roteiro do júri oficial. Com uma passagem consagradora recente no Festival de Nova York, o drama de três horas de duração do Ryûsuke Hamaguchi tem tudo para estar entre os indicados. 

Com o astro hollywoodiano Dan Stevens, Alemanha pode chegar com “I´m Your Man”.

Completam a lista de grandes candidatos o alemão “I´m Your Man e “Compartimento Número 6”, da Finlândia. O país nórdico, aliás, pode voltar ao Oscar após 20 anos da primeira indicação.

OS FAVORITOS 

Asghar Farhadi tenta o terceiro Oscar da carreira com “A Hero”.

Agora, é a vez dos favoritos: para mim, os três devem ser indicados e brigam pela vitória, especialmente, estes dois primeiros. 

O Asghar Farhadi é nome sempre para ficar de olho em Melhor Filme Internacional após as consagrações de “A Separação” e “O Apartamento”. Agora, ele chega com “A Hero”, representante do Irã. A produção vencedora do Grand Prix do Festival de Cannes 2021 terá apoio da Amazon Studios para tentar ir até mais longe, especificamente, Roteiro Original, Direção e, por que não, Filme. 

A Noruega quer o primeiro Oscar com “The Worst Person in the World”. Com direção do Joachim Trier, cineasta europeu dos mais prestigiados da atualidade, a obra está se destacando desde Cannes, onde recebeu o prêmio de Melhor Atriz com a Renate Reinsve. Para chegar forte e vencer, precisa de uma estratégia de campanha agressiva para superar candidatos de estúdios mais fortes. 

“Flee” tenta vagas em Melhor Filme Internacional, Documentário e Animação.

Por fim, temos “Flee”. O candidato da Dinamarca quer repetir o feito de “Honeyland”, indicado a Melhor Filme Internacional e Documentário. Aqui, a ideia é ainda obter a vaga em animação, o que seria um recorde impressionante. Os prêmios em Sundance e Annency mais a temática sobre refugiados do Afeganistão, assunto em alta neste momento, contribuem para o hype sobre a produção. 

Vale destacar também que a Dinamarca é a atual vencedora de Melhor Filme Internacional com “Druk”. O curioso é que, caso “Flee” vença, repete o feito ocorrido em 1987 e 1988 quando o país levou consecutivamente a categoria por “A Festa de Babette” e “Pelle, o Conquistador”. 

E O BRASIL? 

Dirigido por Aly Muritiba, “Deserto Particular” é o escolhido brasileiro para a disputa do Oscar 2022.

Feita esta viagem pelo mundo, voltemos ao Brasil para falar da escolha de “Deserto Particular”. Antes de tudo, preciso admitir que ainda não vi nem o drama do Aly Muritiba assim como “Sete Prisioneiros”, do Alex Moratto. 

Posto isso, na minha visão, acho que há dois caminhos para escolher o representante de um país:

  1. o primeiro é um critério subjetivo, ou seja, o grupo que se coloca para escolher elege aquele que considera ser o melhor filme ou aquele que transmite uma mensagem que aqueles jurados consideram importante;
  2. o outro é um critério mais objetivo em que é eleito aquele com maiores chances de ser indicado e até vencer. 

Evidente que muitas vezes estes caminhos se misturam e podem convergir ou se cruzarem de algum modo. Também pode acontecer de outros componentes por trás disso, entre eles, questões políticas – ainda que isso esteja um pouco mais diluído desde que a Academia Brasileira de Cinema assumiu este papel de eleger o nosso representante. 

Falando especificamente da escolha de 2022, o júri da Academia Brasileira justificou a escolha de “Deserto Particular” pela questão do filme trazer o amor como um agente de transformação, algo que precisamos nos dias atuais. Não diz muita coisa, né. 

Com Rodrigo Santoro, “Sete Prisioneiros” era apontado como o favorito para a vaga brasileira no Oscar 2022.

Porém, acho que quatro fatores contribuíram para esta escolha:  

  1. a qualidade do filme, a qual acredito que possa ter agradado mais os jurados do que seu principal adversário, “Sete Prisioneiros”;  
  2. segundo que a vitória do prêmio do público no Venice Days tenha pesado mais que a boa repercussão do longa estrelado pelo Rodrigo Santoro no mercado internacional;  
  3. terceiro que o Brasil teve recentemente a experiência de apostar em um serviço de streaming como potencializador do candidato e não ter ido para frente – estou falando, claro, de “A Vida Invisível” com o apoio da Amazon ter superado “Bacurau”;
  4. E quarto pode ter pesado a carreira do Aly Muritiba, um dos melhores diretores do cinema brasileiro da atualidade com grandes filmes como “Ferrugem” e “Para Minha Amada Morta”, enquanto o Alex Moratto ainda é muito jovem com uma carreira imensa pela frente. 

Colocando “Deserto Particular” na caixinha dos demais selecionados, vejo o filme hoje correndo por fora e vai sofrer bastante para crescer por conta da falta de verba de campanha. Se fosse “7 Prisioneiros”, acho que ficaria no mesmo patamar, porém, mais próximo de subir para os grandes candidatos. 

Especial Oscar: Os Meus Favoritos da Edição 2019

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para o Oscar de 2019, ano da consagração de "Green Book - O Guia". https://www.youtube.com/watch?v=Hjmtkbk8g60

Especial Oscar: Os Meus Favoritos da Edição 2018

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para o Oscar de 2018, ano da consagração de "A Forma da Água" e Guillermo Del Toro. https://www.youtube.com/watch?v=QFwdo1TcxYU

Especial Oscar: Os Meus Favoritos da Edição 2017

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para o Oscar de 2017, ano da consagração de "Moonlight - A Luz do Luar". https://www.youtube.com/watch?v=qig_7KfqDBg

Especial Oscar: Os Meus Favoritos da Edição 2016

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para o Oscar de 2016, ano da consagração de "Spotlight". https://www.youtube.com/watch?v=pQK-cWcatbw

Especial Oscar: Os Meus Favoritos das Edições 2014 e 2015

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para os Oscars de 2014 e 2015, anos das consagrações de "12 Anos de Escravidão" e "Birdman". OSCAR 2014 Mesmo com as presenças de “Philomena” e “Trapaça”, o Oscar 2014 teve grandes filmes na corrida, sendo uma das grandes...

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Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para os Oscars de 2006 e 2007, anos das consagrações de "Crash: No Limite" e "Os Infiltrados". https://www.youtube.com/watch?v=1dT9dLaEt64

Especial Oscar: Os Meus Favoritos das Edições 2004 e 2005

Caio Pimenta apresenta os seus favoritos para os Oscars de 2004 e 2005, anos das consagrações de "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" e "Menina de Ouro". https://youtu.be/43qSwck7IBc OSCAR 2004 “O Retorno do Rei” eclipsou uma temporada muito boa em 2004. Além do...