Quem mandou “Os Banshees de Inisherin ficar no meio do caminho? Não há quem resista à força de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” neste Oscar 2023. Os Daniels levam para a casa Melhor Roteiro Original.

Com isso, o pobre do Martin McDonagh já pode pedir música no Fantástico: três vezes nomeado na categoria e três derrotas. As duas anteriores vieram com “Na Mira do Chefe” e “Três Anúncios Para um Crime”. 

E desta vez, a derrota veio com doses de crueldade: “Inisherin” dominou a categoria ao levar os prêmios no Festival de Veneza, Bafta e Globo de Ouro. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, entretanto, mostrou força no Critics Choice, no Spirit Awards e no WGA, o Sindicato dos Roteiristas.


Para além da força impressionante do filme, o Oscar aos Daniels também está na conta da originalidade de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” na comparação com o que produz e lança Hollywood semanalmente nos cinemas do mundo inteiro.
 

A dupla utilizou um conceito em alta no mundo atual, os multiversos, para elaborar uma história coesa, familiar e palpável a todos em meio a uma maluquice sem fim com referências mil. Organizar tantas possibilidades tendo personagens facilmente identificáveis não era uma tarefa fácil, o que acabou sendo reconhecido pelos seus pares. 

Reconhecer isso, entretanto, não me faz morrer de amores pelo roteiro de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. De todos os indicados, para mim, somente superava “Triângulo da Tristeza”, o que, cá entre nós, não era uma tarefa desafiadora.

Na comparação com os vencedores dos últimos anos, porém, já sou mais bonzinho: a ficção científica está anos-luz à frente de “Belfast” e “Green Book”, empata com “Bela Vingança”, mas, fica bem atrás de “Corra” e “Parasita”.