De “Gilbert Grape” a “Era uma vez em Hollywood”, Caio Pimenta analisa quais as melhores e piores indicações de Leonardo DiCaprio no Oscar.
6. O REGRESSO
Igual fiz com o Martin Scorsese, começo com o desempenho que valeu o Oscar para o DiCaprio.
Não há como negar o desafio físico absoluto ao qual o astro se coloca em “O Regresso”. Interpretando Hugo Glass, o Leonardo DiCaprio incorpora com toda a força o drama de sobrevivência conduzindo o público em uma jornada de angústia e fúria por vingança. Por outro lado, é uma figura com bem menos nuances do que as apresentadas pelo astro em papéis mais desafiadores do ponto de vista dramático.
Que fique claro: colocá-lo aqui em sexto lugar não significa que seja uma atuação ruim; muito pelo contrário. Demonstra como o DiCaprio é um gigante com trabalhos brilhantes ao longo da carreira.
5. DIAMANTE DE SANGUE
De todos os filmes pelos quais foi indicado, “Diamante de Sangue” é o menos conhecido e se há algo de memorável nele reside justamente no Leonardo DiCaprio.
O astro está à vontade como o anti-herói do drama comandado pelo Edward Zwick. A figura de um sujeito ambicioso, sem escrúpulos para conseguir o que deseja se transforma para um cara que realmente se importa com o drama do personagem do Djimon Hounson. Decifrar para qual lado ele irá pender se transforma no mais atrativo que o filme tem.
E de novo o DiCaprio perdeu sem que seja possível contestar: o vitorioso de Melhor Ator em 2007 foi o Forest Whitaker, por “O Último Rei da Escócia”.
4. ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD
A última indicação do DiCaprio foi um personagem fascinante.
No segundo trabalho da carreira ao lado do Quentin Tarantino, o astro está claramente solto em “Era uma vez em Hollywood” interpretando um ator de televisão tentando ser levado à sério pela indústria.
A possibilidade de fazer vários personagens dentro de um outro e poder brincar com o universo da própria indústria permitem ver o DiCaprio demonstrar a versatilidade habitual dele.
Além disso, forma uma dupla repleta de química e charme com o Brad Pitt.
Perdeu para o Joaquin Phoenix, de “Coringa”, um resultado bastante justo.
3. GILBERT GRAPE
Bem antes de virar um galã amado no planeta inteiro por “Titanic”, o DiCaprio foi indicado Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1994 com apenas 19 anos.
Em “Gilbert Grape”, o então jovem ator não toma conhecimento e passa por cima de Johnny Depp para dominar o filme com facilidade. Independente de ser um típico Oscar bait, surpreende como o talento de DiCaprio se sobressai naturalmente, tornando a identificação do público quase que instantânea. Era um bom prenúncio da estrela que surgia no horizonte.
Apesar do meu favorito daquele ser o Ralph Fiennes, de “A Lista de Schindler”, o vencedor de Melhor Ator Coadjuvante foi o Tommy Lee Jones, por “O Fugitivo”.
Para o DiCaprio, acho que só a indicação de boas-vindas era suficiente.
2. O AVIADOR
Em 2005, o DiCaprio, após esnobadas dolorosas, voltou a ser nomeado ao Oscar após 11 anos e foi ao lado do Martin Scorsese.
E não tinha como deixá-lo de fora desta vez, afinal, ele faz um panorama completo de Howard Hughes no ótimo “O Aviador”.
Do charme e elegância do diretor de cinema ao empreendedor sem limites até o sujeito que perdeu o controle do transtorno obsessivo compulsivo, o DiCaprio tem um desempenho marcante.
Curioso que o prêmio de Melhor Ator ficou com outra cinebiografia, no caso, o Jamie Foxx interpretando o Ray Charles.
Para mim, entre os dois, o DiCaprio tem um trabalho mais complexo do que seu concorrente, mas, não, dá para considerar o resultado um absurdo total.
1. O LOBO DE WALL STREET
Apesar destes tantos grandes trabalhos, a primeira colocação era óbvia.
Interpretando o executivo Jordan Belfort, o Leonardo DiCaprio brilha em “O Lobo de Wall Street”.
Em um papel que poderia ter ficado tranquilamente nas mãos de um comediante como Jim Carrey, o astro faz o público rir dos absurdos daquele universo dos milionários norte-americanos abusando da ironia, cinismo e até mesmo do humor físico.
Se havia ainda alguém que resistisse a considerá-lo um ator completo, agora, só o faria por implicância.
A Academia, quadrada como só ela, preferiu o Matthew McConaughey em seu Oscar bait de transformação física impressionante de “Clube de Compras Dallas”.
MAIOR ESNOBADA: PRENDA-ME SE FOR CAPAZ
Escolher uma atuação apenas do DiCaprio como a mais esnobada é difícil.
Dá para citar um monte: “Titanic”, “Os Infiltrados”, “Foi Apenas um Sonho”, “Ilha do Medo” “J. Edgar”, “Django Livre” são algumas delas. A maior, entretanto, foi de 2003.
A indicação poderia ter vindo por “Gangues de Nova York”, mas, ele deveria ter sido lembrado mesmo pelo excelente “Prenda-me se for Capaz”.
Brincando com o próprio rótulo de galã, o DiCaprio faz um golpista charmoso incorporando elementos de diversas profissões tudo para dar orgulho ao pai vivido pelo Christopher Walken.
O astro segura o filme com facilidade e conquista a todos, dentro e fora das telas.
Se não dava para vencer, pois, o Adrien Brody estava excepcional por “O Pianista”, dava sim para ser nomeado. Seja no lugar do Michael Caine, de “O Americano Tranquilo”, ou o Jack Nicholson, de “As Confissões de Schmidt”.