O serviço de streaming mais aguardado de 2021 finalmente chegou. Após mais de um ano espera, a HBO Max aterrissou ao Brasil com um catálogo que inclui filmes, séries e programas da HBO, Warner Bros, Cartoon Network e DC Extend Universe (DCEU).

Ainda que os títulos mais procurados pelos usuários sejam Friends: The Reunion, Liga da Justiça de Zack Snyder, Gossip Girl e a saga Harry Potter, a nova plataforma possui diversas produções premiadas como O Senhor dos Anéis (2001-2003) e até grandes clássicos do cinema como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968).

Pensando nisto, confira a lista com 7 filmes para você descobrir na HBO Max.

Cidadão Kane (1941)

Como já anunciado previamente, o primeiro longa-metragem de Orson Welles é ainda considerado por muitos como o maior filme já feito na história do da sétima arte. Seja pelo roteiro inovador para época, o uso de diversas técnicas do cinema e a brilhante capacidade de brincar com vários gêneros em uma mesma produção, “Cidadão Kane” é uma ótima escolha para quem quer começar a se aventurar por clássicos do cinema.

Cidadão Kane se concentra na vida de Charles Foster Kane (interpretado pelo próprio Orson Welles), um magnata da imprensa que tem uma enorme fortuna e influência. Apesar disto, o dinheiro e a fama não conseguem fazer com que ele conquiste o cargo político desejado e muito menos o amor que tanto anseia. Com apenas 25 anos, Welles foi capaz de trazer dinamismo e vitalidade em um filme de 114 minutos que parecem passar voando.

E mesmo após 80 anos de seu lançamento, Cidadão Kane não perdeu seu encanto, sendo cultuado por amantes do cinema, universidades e até mesmo a Academia. No ano passado, “Mank”, dirigido por David Fincher, foi o favorito do Oscar com 10 indicações e levando para casa a estatueta de Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia.

 Monstros (1932)

Dirigido por Tod Browning, Monstros (Freaks, no original) é um daqueles filmes atemporais que, apesar de ter sido lançado há quase 100 anos, possuem uma grande mensagem que se perdura ao longo dos anos. O enredo acontece em um circo de horrores que está passando por uma turnê na Europa. O curioso é que Browning ao invés de utilizar maquiagem e efeitos especiais para construir os personagens do filme, escalou atores com deformidades reais. Ou seja, os artistas circenses que aparecem sem membros do corpo, irmãs siamesas, anões e mulheres-barbadas; todos realmente possuem determinada deficiência física.

A trama gira em torno da trapezista Cleópatra (Olga Baclanova) e sua tentativa de seduzir Hans (Harry Earles), um anão circense que herdou uma grande fortuna. O mau caratismo de Cleópatra em tentar aplicar um golpe ao mesmo tempo que age preconceituosamente com os demais artistas circenses com deficiência causa grande impacto a quem assiste. Talvez a principal proposta do filme seja trazer essa metáfora do que torna uma pessoa um monstro. Quem são os verdeiros monstros? Para ser um monstro devemos considerar apenas o aspecto físico? Ou são as deformidades internas que impedem as pessoas de aceitarem o que é diferente? “Monstros” é um filme curto (60 minutos apenas) mas que, com pouca duração, provoca grandes reflexões.

Animatrix (2003)

Com previsão de estreia para 22 de setembro, a antologia de 10 curtas animados que se passa no universo de Star Wars é uma das produções mais aguardadas pelos fãs da saga neste ano. Entretanto, não é a primeira vez que uma franquia reúne histórias produzidas e roteirizadas por animadores japoneses. Em 2003, as irmãs Wachowski lançaram “Animatrix” – uma coleção de nove animações em curta-metragem ambientados no universo de Matrix.

A antologia é um ótimo complemento para entender a trilogia, pois cada história aprofunda o espectador do cenário perturbador apresentado nos filmes. Os episódios apresentam histórias distintas, mas que a todo tempo remetem aos filmes, em destaque para os três primeiros que tratam diretamente sobre os acontecimentos da trilogia.

No episódio que abre a antologia – “O Voo Final de Osíris” – o espectador descobre como Zion foi alertada sobre o avanço das máquinas e o sacrifício da tripulação da nave Osíris em tentar avisar os humanos. Esse feito é apresentado de forma bem rápida no início de Matrix: Reloaded (2003). Em “Segundo Renascer”, dividido em dois episódios, conhecemos mais a fundo a história contada a Neo por Morpheus no primeiro filme. É nele que entendemos a evolução da robótica e o que motivou a guerra de humanos x máquinas.

A trilogia de Matrix é essencialmente composta por diversidade, seja no elenco ou nas abordagens com diferentes etnias e sexualidades – ainda que este último seja de maneira sutil. Animatrix segue a mesma linha ao oferecer diferentes traços em cada episódio. O trabalho realizado pela equipe de cada capítulo é brilhante, imersivo e sem fugir da proposta discutida em todos os três filmes das irmãs Wachowski.

O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962)

A adaptação para o cinema do clássico homônimo, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” é uma ótima escolha para quem gosta de se aventurar por novos subgêneros do terror. Protagonizado pelas brilhantes atrizes Bette David e Joan Crawford, o filme conta a história de duas irmãs que são ex-atrizes mirins que moram juntas em uma velha mansão de Hollywood. Blanch (Crawford) resolve se vingar de Jane (Davis) pelo acidente de carro que causou a perda do movimento de suas pernas. Ao mesmo tempo que Jane, desesperada no retorno ao estrelato, tenta pensar em formas de se livrar da irmã cadeirante.

A trama é bastante envolvente por apresentar um subgênero do terror não tão conhecido: o “Hagsploitation”. Este subgênero explora mulheres de meia-idade como protagonistas que, no passado eram grandes mulheres no auge de sua juventude, mas por algum motivo ou alguém acabam enlouquecendo e se tornando personagens psicóticas e aterrorizantes. Fato curioso é que o filme é estrelado por duas grandes atrizes que também estavam vivendo um suposto declínio de suas carreiras. Na época que o filme foi lançado, as atrizes não recebiam mais tantos convites para filmes como em seus primeiros anos de cinema.

Outro ponto curioso é que Bette Davis e Joan Crawford não escondiam o ódio uma pela outra. Esta intriga foi acentuada, inclusive, durante os bastidores do filme. Saber de todos estes elementos que fizeram parte da construção e produção do filme, só acrescenta ainda mais a experiência de assistir à adaptação. E se o espectador quiser se aprofundar com a história, uma ótima recomendação é a minissérie Feud (2017) que aborda exatamente sobre esse conflito das atrizes.

Casablanca (1942)

casablanca

Outro grande clássico presente no catálogo da HBO Max é “Casablanca” dirigido pelo cineasta húngaro-americano Michael Curtiz. O romance aborda a história de Rick (Humphrey Bogart), um dono de uma casa noturna que vive em Casablanca, Marrocos. Cidade esta, dominada pelos alemães nazistas em plena Segunda Guerra Mundial. A trama se desenvolve quando Rick, que é um norte-americano refugiado, acaba reencontrando Ilsa Lund (Ingrid Bergman), uma antiga paixão que viveu quando estava em Paris.

A ex-amante havia deixado Rick sem explicação e, agora casada, pretende comprar dois vistos para sair de Casablanca rumo ao Estado Unidos com o marido. E para isso, precisam da ajuda de Rick que se nega a entregar os vistos. É nesta atmosfera de intrigas políticas e de bastidores de guerra que o reencontro de Rick e Ilsa aparentemente casual, desenrola um drama intenso e envolvente do começo ao fim.

A qualidade técnica da produção do filme é impressionante. A maior parte das cenas foram gravadas em estúdio, mas que imprimem bem o conturbado cenário da cidade marroquina. Outra curiosidade relevante é que o roteiro de Casablanca foi construído ao longo das filmagens. Ou seja, o elenco recebia o script há poucos dias antes de encená-lo. Este elemento poderia ser uma receita fácil para o fracasso, porém a destreza de atuação do elenco, principalmente do casal protagonista, trouxe um ar de naturalidade aos diálogos que impactam o espectador. Algo bastante raro e não repetido por muitos cineastas ao longo da história do cinema.

“Casablanca” é uma das obras-primas que não podem passar despercebidas pelo usuário que está procurando um ótimo romance para assistir. Não é à toa que em 1944, o filme recebeu três das quatro categorias em que foi indicado ao Oscar: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção e Melhor Filme.

Traffic Stop (2017)

E por falar em Oscar, outra produção reconhecida pela Academia que também está no catálogo da HBO Max é o documentário em curta-metragem “Traffic Stop”. A obra, apesar de não ter conquistado a estatueta em 2018 (perdendo para “Heaven Is a Traffic Jam on the 405”), é uma excelente denúncia de como é o racismo nos Estados Unidos.

O documentário mostra cenas reais da brutalidade cometida por um policial ao agredir a professora Breaion King, uma mulher negra por um suposto excesso de velocidade. Após esse registro, o curta apresenta o relato da vítima de agressão após o ocorrido.

É impossível não se impactar com as cenas mostradas no decorrer de 30 minutos da obra escrita e dirigida por Kate Davis e David Heilbroner. A montagem do documentário mostrando quem é a vítima, suas lutas diárias de resistência, costurada aos registros cometidos pelos policiais que a prenderam é o ponto forte da obra.

Em tempos que a brutalidade policial em cima de pessoas negras vem sendo questionada, “Traffic Stop” é apenas mais um exemplo de que já passou da hora de a sociedade adotar medidas para evitar casos semelhantes ao de Breaion King no futuro.

Cantando na Chuva (1952)

Com grandes chances de a próxima temporada de premiações ser recheada por musicais, nada melhor do que assistir um dos filmes mais famosos do gênero. “Cantando na Chuva“, dirigido, coreografado e estrelado por Gene Kelly, em parceria com Stanley Donen. O elenco conta ainda com as atuações de Donald O’Connor e Debbie Reynolds.

O enredo conta a história de dois atros de Hollywood, Don Lockwood (Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen), que estão passando por desafios impostos pela transição do cinema mudo para o cinema falado. A comédia musical é um excelente exercício de metalinguagem ao satirizar como o público venerava as estrelas do cinema e como eram os bastidores de uma grande produção da época.

“Cantando na Chuva” é um filme leve, mas ao mesmo tempo imersivo. A trilha sonora tem um papel primordial na obra, pois ela foi escolhia antes mesmo da concepção do roteiro. Este feito incomum obrigou os roteiristas a adaptarem todo o texto do longa com base nas músicas que influenciaram diretamente o decorrer da trama. Outra curiosidade é o perfeccionismo de Gene Kelly ao entregar uma das cenas mais emblemáticas da história do cinema, ao cantar e dançar na chuva mesmo estando com febre durante a filmagem.

Além das cenas de canto e dança bem dirigidas, o filme traz uma bela direção de arte com cores vibrantes e soluções cenográficas criativas ao utilizar bem o ambiente e objetos de cena. Mesmo após quase 70 anos de seu lançamento, “Cantando na Chuva” não perdeu sua essência, tornando-se um clássico atemporal que merece ser revisitado pelos amantes do gênero musical.

Cinco Filmes Religiosos Sucessos de Bilheteria no Brasil

Embora diretores como Martin Scorsese e M. Night Shyamalan trabalhem a religião ou a fé como temas centrais em seus filmes, nem sempre essas obras são consideradas filmes religiosos por parte do público. Que o diga "A Última Tentação de Cristo": o filmaço estrelado...

10 Grandes Atuações Masculinas Infantis nos Cinemas

Existem atores que realizam performances tão extraordinárias que deixam uma marca indelével em gerações inteiras, como Marlon Brando em "O Poderoso Chefão" ou Meryl Streep em "A Escolha de Sofia". No entanto, é importante reconhecer que esses artistas geralmente...

Adanilo nos cinemas: conheça 7 filmes do ator amazonense de ‘Renascer’

A estreia de "Renascer", remake da novela clássica da Globo nos anos 1990, terá um gosto especial para quem acompanha o cinema amazonense: Adanilo, um dos maiores talentos da cultura local dos últimos anos, será um dos protagonistas do folhetim. Interpretando...

Cinema em 2024: as 7 maiores polêmicas certas para o novo ano

O Cine Set antecipou muitas das tretas de 2023 da Film Twitter Brasil e do cinema mundial como um todo em uma postagem logo no primeiro dia do ano. Para criar uma tradição, chegou a hora de apostar quais serão os principais debates do mundo cinematográfico para 2024: ...

Os 10 Grandes Nomes do Cinema Brasileiro em 2023 

Escolher 10 nomes do cinema brasileiro que se destacaram em 2023 é uma tarefa inglória visto que tivemos tantos grandes artistas com trabalhos marcantes e relevantes, conquistando o país e o mundo.   Por outro lado, listas e retrospectivas ajudam tanto do ponto de...

O Melhor e o Pior da Parceria Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio | Ranking Cine Set

“Assassinos da Lua das Flores” está entre nós, e é mais um belo filme do mestre Martin Scorsese, no qual ele faz seus dois grandes “musos inspiradores” contracenarem pela primeira vez num trabalho dele, os astros Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. Às vezes, acontecem...

O Melhor e o Pior da Parceria Martin Scorsese e Robert De Niro | Ranking Cine Set

“Assassinos da Lua das Flores” está entre nós, e é mais um belo filme do mestre Martin Scorsese, no qual ele faz seus dois grandes “musos inspiradores” contracenarem pela primeira vez num trabalho dele, os astros Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. Às vezes, acontecem...

Cinco em Set | Filmes de Terror do Cinema Brasileiro

A bruxa está oficialmente à solta no Cine Set. Posso adiantar logo de cara, por exemplo, que esta não será a única lista de Halloween que nosso estimado portal terá esta semana. Mas esta é, sim, a primeira lista de filmes de terror nacionais publicada aqui no site,...

Cinco em Set: A Arte Brasileira na Tela do Cinema

O Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro encerrou a retrospectiva da obra de Heitor dos Prazeres - compositor, sambista, desenhista de moda, marceneiro, pintor – na última segunda-feira (18/9) e provavelmente estamos esquecendo alguma de suas ocupações. Os...

Cinco em Set | Meus Favoritos de Julio Bressane

É sempre curioso e chocante notar como alguns dos nomes mais importantes do mundo cinéfilo não passam de palavras ao vento à maioria dos ouvidos incautos. Não se trata, naturalmente, de "privilégio" apenas da Sétima Arte. Mas talvez o cinema, por seu caráter massivo e...