Ganhador do Globo de Ouro, Bafta, SAG e, agora, do Oscar 2024: Cillian Murphy leva a estatueta dourada de Melhor Ator. Caio Pimenta analisa os cinco motivos que levaram ao resultado.
1. PERSONAGEM BIOGRÁFICO – 5%
A Academia adora premiar interpretações de personalidades históricas em Melhor Ator, algo que se aprofundou nos últimos anos.
Da década de 2010 para cá, tivemos vitórias do tipo com o Colin Firth, Daniel Day-Lewis, Eddie Redmayne, Gary Oldman, Rami Malek e Will Smith.
Antes deles, pode-se pegar os do Paul Muni a Gary Cooper passando por Paul Scofield até Ben Kingsley.
As inevitáveis comparações no modo de vestir e andar passando por sotaques e as inserções feitas pelos atores nas composições destes personagens são sempre muito chamativas para a Academia.
Atribuo 5% desta conquista a este tipo de perfil amado pelo Oscar.
2. PROBLEMAS DOS RIVAIS – 10%
Na minha visão, 10% deste prêmio também está na conta dos problemas dos principais rivais.
O Paul Giamatti, por exemplo, pode ser um grande ator, mas, sofre com a falta de hype, o que pode ter pesado para ter ficado para trás.
Situação semelhante a do Jeffrey Wright, de “Ficção Americana”.
Já o Bradley Cooper passou do ponto na campanha, forçou a barra com emotividade demais e falas pomposas. Perdeu uma oportunidade única.
3. DOMÍNIO ABSOLUTO DE ‘OPPENHEIMER’
Isso foi abrindo portas para o Cillian Murphy que se beneficiou da força de “Oppenheimer” na temporada: o drama do Christopher Nolan se tornou o filme obrigatório para todos os votantes assistirem.
Logo, ele esteve em maior evidência e, consequentemente, angariou apoiadores pelo caminho.
Coloco 15% da conquista neste aspecto.
4. CAMPANHA CERTEIRA – 20%
Já os outros 20% estão na campanha que o Cillian Murphy se dispôs a fazer: longe de ser o maior galã de Hollywood e muito menos o mais legal, o irlandês superou o ar blasé e sem paciência para as paparicações das estrelas de cinema.
Desta forma, apareceu em todos os eventos, esteve em todas as festas, inclusive, rindo e aparentemente mostrando interesse em estar ali.
As rejeições diminuíram e o resultado veio com o prêmio de Melhor Ator. Parece bobagem, eu sei, mas, isso conta muito em uma indústria repleta de pessoas vaidosas.
5. QUALIDADE DO TRABALHO – 50%
Por fim, é claro, 50% desta consagração deve-se, sem dúvida, ao desempenho dele.
O Cillian Murphy encarna a personificação de um sujeito dividido entre fazer história graças a um feito científico e tornar o mundo um lugar mais inseguro.
Este choque atormenta Oppenheimer e traduzido à perfeição no rosto indecifrável do irlandês. O figurino contribui também para carregar a aura de morte trazida pelo físico aliada à magreza de Cillian.
Chama a atenção como esta é uma atuação que, ainda que traga a tradicional figura biográfica exaltada pela Academia, fica longe daqueles excessos costumeiros que vemos ganhar prêmios de atuação no Oscar.
É um trabalho contido demais para a média do que costuma ser consagrado.
Uma estatueta que, se não era a minha opção favorita, considero que não dê para achar um absurdo. Vitória merecida.