De Ridley Scott com “Napoleão” a Bradley Cooper com “Maestro”, Caio Pimenta aponta mais candidatos rumo ao Oscar 2024.

DE “SHIRLEY” A “FOE”

Previsto para o Oscar deste ano, “Shirley” ficou mesmo para o ano que vem. A produção pode levar a Regina King a chegar forte em Melhor Atriz ao interpretar a primeira mulher negra a concorrer à presidência dos EUA. Será mais uma chance de uma intérprete preta vencer a categoria até hoje conquistada apenas pela Halle Berry em 2002. 

Falando em Melhor Atriz, a concorrência promete ser pesada no ano que vem. 

Será que a Annette Bening finalmente irá ganhar o Oscar? A aposta da veterana é com “Nyad”, história sobre a nadadora que, aos 64 anos, se tornou a primeira mulher a sair de Cuba para a Flórida nadando. A Netflix deverá fazer uma campanha pesada para emplacá-la assim como a Jodie Foster em coadjuvante. 

Projeto da A24 elogiado em Sundance, “Past Lives” pode render a primeira nomeação da carreira da Greta Lee. O filme dirigido pela Celine Song mostra o reencontro em Nova York de dois bons amigos após mais de duas décadas. Tem cara daqueles filmes pequenos que sempre surpreendem no Oscar. 

A Neon também saiu de Sundance com uma obra forte: comandado por William Oldroyd, “Eileen” mostra uma jovem sonhadora funcionária de uma prisão iniciando uma amizade com uma colega de trabalho. Porém, esta relação seguirá por caminhos obscuros. Thomasin McKenzie é a protagonista em um filme que pode marcar o retorno da Anne Hathaway ao Oscar. 

Falando em timaço feminino, “May December” reúne as oscarizadas Julianne Moore e Natalie Portman no novo longa do Todd Haynes. A história mostra um casal com mais de 20 anos de relacionamento revivendo o duro momento em que o romance deles virou tema de tablóides ao descobrirem que a professora e o aluno mantinham um caso. Tomara que o Haynes retorne à boa fase de “Longe do Paraíso” e “Carol”, afinal, tanto a Portman quanto à Moore estão longe do Oscar há muito tempo. 

Para fechar os grandes nomes femininos na corrida ao Oscar, a Saoirse Ronan surge como possibilidade em “Foe”. Nesta distopia, ela é casada com o Paul Mescal com os dois vivendo em uma das últimas fazendas do planeta após uma grave crise climática. A direção é do Garth Davis, de “Lion”. A temática é atual, urgente, a ficção científica vive uma lua de mel com a Academia, porém, se tivesse que apostar hoje, não seria onde depositaria minhas fichas. 

DE “DUNA 2” A “NAPOLEÃO”

Já que o assunto é ficção científica, o Denis Villeneuve quer emplacarDuna novamente em Melhor Filme. O primeiro filme teve um bom desempenho no Oscar 2022 ao ganhar seis estatuetas ainda que o canadense tenha sido esnobado em Direção e a superprodução nunca teve maiores chances de levar a categoria máxima. De qualquer modo, a continuação precisa empolgar mais público e crítica para ser peça garantida na corrida; caso seja morno igual ao original, somente obterá as esperadas vagas técnicas. 

Ganhador do Oscar em 2014 com o excelente “12 Anos de Escravidão”, o Steve McQueen como o principal diretor negro para vencer a categoria com “Blitz”. A produção se passa na Segunda Guerra Mundial e mostra a resistência dos londrinos aos bombardeios alemães durante 57 noites. Harris Dickinson e a Saoirse Ronan serão os protagonistas do drama. 

Já o Alexander Payne, diretor de “Sideways” e “Nebraska”, busca voltar às pazes com o Oscar após decepcionar com “Pequena Grande Vida”. Em “The Holdolvers”, ele traz a história de três figuras esquecidas – um professor odiado, um aluno problemático e a cozinheira negra da escola que perdeu o filho no Vietnã. Abandonados, eles vão se juntar no Natal. Há uma expectativa na indústria e imprensa norte-americana para que a comédia renda a primeira nomeação da carreira do Paul Giamatti. 

Dois nomes gigantes de Hollywood, de gerações diferentes, chegarão ao Oscar 2024 doidos para ganharem a estatueta pela primeira vez. 

O Bradley Cooper não escondeu de ninguém a decepção por ter sido esnobado em Melhor Direção por “Nasce uma Estrela”. Agora, ele arrisca novamente em parceria com a Netflix em “Maestro”, cinebiografia do compositor Leonard Bernstein. As primeiras imagens mostram a transformação do astro na lenda da música, já colocando a produção como forte candidata nas áreas técnicas. Assumindo ainda o roteiro, o Cooper está disposto a, pelo menos, faturar um Oscar. 

Já o Ridley Scott continua sendo uma incógnita: se “Perdido em Marte” foi bem-recebido pela Academia, o mesmo não pode ser dito com “Todo o Dinheiro do Mundo” e “Casa Gucci”. Desta vez, o diretor joga as fichas em “Napoleão”, épico sobre o líder francês estrelado por Joaquin Phoenix. Claramente fica uma sensação de dejá-vu de “Gladiador”, porém, falta saber se, desta vez, ele fatura Melhor Direção.