De Marion Cottilard, por “Piaf”, a “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei”, Caio Pimenta traz as vitórias do Oscar inquestionáveis nos anos 2000.

ANIMAÇÃO A DOCUMENTÁRIO

Em 2002, o Oscar ganhou uma nova categoria: após pedidos insistências do público e da indústria, a Academia criou o prêmio de Melhor Animação. E os primeiros vencedores são filmes inquestionáveis. 

A Disney bem que tentou com o excelente “Monstros S.A”, mas, ficou simplesmente impossível tirar o Oscar da Dreamworks com “Shrek”. A aventura trouxe uma bem-vinda sátira ácida ao universo do conto de fadas com piadas que jamais passariam pelo crivo do estúdio do Mickey e shows de Mike Myers e Eddie Murphy. 

No ano seguinte, o Oscar acertou novamente com a conquista de “A Viagem de Chihiro” e o reconhecimento ao genial mestre japonês Hayao Miyazaki. A Disney/Pixar somente foram ganhar em 2004 com o fenômeno “Procurando Nemo” que não deu chances para qualquer concorrente. Por fim, em 2009, veio ainda a vitória do lúdico “Wall-E”, o qual poderia ter sido nomeado à categoria máxima tranquilamente. 

Antes que me perguntem, não coloquei aqui “Os Incríveis” e “Ratatouille” porque ambos tiveram candidatos fortíssimos, respectivamente, “Shrek 2” e “Persépolis”. Caso este dois saíssem vencedores não seria nenhum exagero. 

Já em Filme Internacional, o Oscar 2000 deu a primeira estatueta da categoria para o Pedro Almodóvar pelo doloroso “Tudo Sobre Minha Mãe”. No ano seguinte, mesmo com o excelente mexicano “Amores Brutos”, “O Tigre e o Dragão” era incontestável. E ainda teve 2005 com o domínio absoluto do canadense “As Invasões Bárbaras”. 

Vale ainda destacar o Oscar obtido pelo Michael Moore no “Tiros em Columbine” em Melhor Documentário na cerimônia de 2003. Além da necessária posição antibélica do filme, a vitória ainda rendeu um dos discursos mais históricos do Oscar com o posicionamento claro do diretor contra a Guerra no Iraque. 

CATEGORIAS TÉCNICAS

Nas categorias técnicas, sobraram grandes vencedores em Efeitos Visuais. 

Em 2000, “Matrix” revolucionou todo o setor graças ao bullet time. Pode-se dizer tranquilamente que a produção das irmãs Wachowski colocou o cinema no século XXI. A ficção científica ainda merecidamente Melhor Som. Dois anos depois, “O Tigre e o Dragão” foi ganhador indiscutível de Fotografia. 

As duas categorias foram vencidas por “A Sociedade do Anel” no Oscar 2003, construindo aquele universo mágico e até então intransponível criado pelo J.R.R Tolkien. Já em Figurino, a extravagância de “Moulin Rouge” foi reconhecida com a estatueta para a Catherine Martin. 

Somente não coloco o musical do Baz Luhrmann aqui também por Design de Produção porque ele concorria naquele ano com “A Sociedade do Anel”, o primeiro “Harry Potter”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e “Gosford Park”. Na boa, quem vencesse seria merecedor. 

Maior astro da música norte-americano naquele período, o Eminem pode até ter dado o perdido na Academia, mas, fez por merecer o Oscar de Canção Original com “Lose Yourself”, de “8 Mile”. O rapper somente foi se apresentar com a música na cerimônia de 2020.

Das 11 estatuetas de “O Retorno do Rei”, as vitórias em Efeitos Visuais, Direção de Arte, Som e Trilha Sonora foram precisas. A edição de 2005 rendeu à segunda das três estatuetas da Sandy Powell, aqui, por “O Aviador” em Melhor Figurino, setor que traz todo glamour, elegância e detalhismo da era de ouro de Hollywood. 

A delicada e bucólica trilha do argentino Gustavo Santaolalla para “O Segredo de Brokeback Mountain” dimensiona, ao mesmo tempo, o amor e a tristeza que permeia toda a história. Uma das melhores vencedoras dos últimos anos. Já “King Kong” teve as estatuetas de Som e Efeitos Visuais pela impressionante captura de movimentos do Andy Serkis como incontestáveis. 

Adiciono na lista todas as três vitórias de “O Labirinto do Fauno”Melhor Fotografia, Maquiagem e Direção de Arte assim como de “Piratas do Caribe” no Oscar 2007.  No ano seguinte, teve as vitórias de “Ultimato Bourne” em Som e Montagem, “Sangue Negro” em Fotografia com o Robert Elswit e, claro, a linda “Falling Slowly”, de “Apenas uma Vez”, em Canção Original. 

Fechando as categorias técnicas, tivemos 2009 em que “Quem quer ser um Milionário?” mereceu os Oscars de Montagem, Trilha Sonora e Canção Original com “Jai Ho”. 

ROTEIRO E ATUAÇÕES

Indo agora para as categorias de roteiros, a turma dos adaptados traz como vitórias incontestáveis “Traffic”, uma intricada e muito bem-construída teia sobre o impacto das drogas nos EUA, “O Segredo de Brokeback Mountain”, uma das maiores histórias de amor do cinema americano, e “Onde os Fracos Não Têm Vez”, baseado no excelente livro do Cormac McCarthy.  

Já nos originais, tivemos o Oscar para o Pedro Almodóvar pelo maravilhoso “Fale com Ela”, a estatueta da Sofia Coppola por “Encontros e Desencontros” e o criativo “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. 


Abrindo as atuações, somente dois vencedores incontestáveis entre os coadjuvantes: Javier Bardem, por “Onde os Fracos Não têm Vez”, e o saudoso Heath Ledger, de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”.

No time feminino, os dois Oscars da Hilary Swank, por “Meninos Não Choram” e “Menina de Ouro”, foram para lá de justos assim como as queridas atuações da Charlize Theron, de “Monster”, e da Marion Cotillard, por “Piaf”.

E, claro, não pode faltar o desempenho impressionante da Helen Mirren em “A Rainha”. 

Na categoria principal masculina, o Kevin Spacey teve uma das melhores atuações da carreira ao abusar do sarcasmo em “Beleza Americana”.

Já o Adrien Brody encontrou o papel da vida em “O Pianista”, enquanto o Jamie Foxx e o Forest Whitaker tiveram trabalhos históricos, respectivamente, em “Ray” e “O Último Rei da Escócia”.

Acima de tudo, ninguém supera em unanimidade o Daniel Day-Lewis em “Sangue Negro”, uma das maiores vitórias da categoria na história. 

DIREÇÃO E FILME

o senhor dos anéis o retorno do rei

Apesar de grandes concorrentes, as dobradinhas em Melhor Filme e Direção de “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” e “Menina de Ouro” são inquestionáveis.

Pena o Ang Lee não ter feito o mesmo pela derrota de “O Segredo de Brokeback Mountain” para “Crash”.

Verdade que o Martin Scorsese pode não ter em “Os Infiltrados” seu melhor filme – passa longe, aliás -, mas, não havia mais como adiar a primeira estatueta do mestre. Um momento para sempre lembrado.