De “Um Grito de Liberdade” a “Roman J. Israel Esq”, Caio Pimenta analisa da pior a melhor indicação de Denzel Washington ao Oscar. 

8. ROMAN J ISRAEL ESQ 

Das oito indicações do Denzel ao Oscar, o pior trabalho ficou justamente pela mais recente nomeação. 

Interpretando o advogado idealista caindo em tentação que dá nome ao filme, o astro luta contra um personagem excessivamente utópico e que está sempre entre os extremos. O roteiro do Dan Gilroy em “Roman J. Israel Esq” até o ajuda na primeira parte, porém, a metade final nem mesmo um grande ator com o Denzel salva. 

A bem da verdade, é que se não fosse as burradas do James Franco, candidatíssimo ao Oscar 2018 por “O Artista do Desastre”, o Denzel nem seria indicado. No fim das contas, ele perdeu para o Gary Oldman, de “O Destino de uma Nação”.  

7. O VOO 

Cinco anos antes, o Denzel foi indicado a Melhor Ator por “O Voo”. 

O astro é o grande destaque do apenas correto drama dirigido pelo Robert Zemeckis. A forma como constrói um piloto de avião questionado por seu alcoolismo mesmo após salvar a vida de centenas de passageiros traz a complexidade que o roteiro quase nunca alcança. Impressiona como, em instante, vai da segurança total à fragilidade. 

Este grande desempenho, entretanto, não conseguiu fazer frente ao Daniel Day-Lewis brilhante como sempre em “Lincoln”. 

6. TEMPO DE GLÓRIA 

A primeira vitória do Denzel no Oscar aparece aqui na sexta posição. 

Em “Tempo de Glória”, o astro cumpre com excelência a missão de um grande coadjuvante: roubar a cena sempre que aparecer, elevando todo o contexto da história.

Em nenhum momento se intimida ao lado de um elenco de peso formado por nomes como Morgan Freeman e o astro do momento, Matthew Broderick, como aponta a grandeza de um ator fora da curva na inesquecível cena das chicotadas. 

Em Ator Coadjuvante, ele superou apenas Marlon Brando, de “Assasinato sob Custódia” e o Martin Landau, de “Crimes e Pecados”. 

5. UM LIMITE ENTRE NÓS 

O Denzel Washington bateu na trave para conquistar o Oscar pela terceira vez em 2017. 

Por “Um Limite Entre Nós”, ele ganhou o prêmio de Melhor Ator no SAG e contava com a rejeição ao nome do Casey Affleck por conta de denúncias de abuso e comportamento inadequado nos sets de filmagens. Entretanto, o protagonista de “Manchester à Beira-Mar” contou com o apoio dos amigos para sustentar o favoritismo e levar o Oscar, deixando o Denzel visivelmente irritado na cerimônia. 

E é um grande trabalho do Denzel. Ainda que a veia teatral seja excessiva em muitos momentos, a atuação dele como um pai de família alcoólatra, ressentido e em uma parceria extraordinária com a Viola Davis. Pessoalmente, preferia a atuação do Casey Affleck, porém, se tivesse sido o Denzel vencedor, estava de ótimo tamanho também. 

4. HURRICANE

“Hurricane – O Furacão” é o primeiro dos grandes nomes da cultura negra dos EUA a aparecer nesta lista. 

Se fosse apenas pela entrega física para viver o lendário boxeador condenado por um crime que não cometeu, já seria um trabalho digno de aplausos. O Denzel, porém, transmite com grandiosidade a luta mental de um homem contra um sistema estatal racista focado em encarcerar negros a qualquer custo. Toda a cena na solitária é, talvez, a melhor da carreira do ator. 

Mais uma derrota do Denzel para outro ator problemático do cinema norte-americano; no caso, o Kevin Spacey, ganhador de Melhor Ator por “Beleza Americana” na edição de 2000. 

3. UM GRITO DE LIBERDADE 

O pódio se abre com a primeira indicação do Denzel ao Oscar. 

Em 1988, ele foi nomeado por “Um Grito de Liberdade” ao viver o ativista sul-africano Steve Biko. Marca registrada do ator, a elegância como desenvolve personagens ativistas repletos de carisma e inteligência estão presentes em tela, sendo o público magnetizado de forma instantânea a cada aparição.  

É um domínio tão bonito que, quando o personagem sai de cena, “Um Grito de Liberdade” perde a força completamente. No Oscar, o Denzel acabou derrotado pelo Sean Connery, de “Os Intocáveis”. Esse é outro caso impossível de dizer que foi um resultado injusto. 

2. DIA DE TREINAMENTO 

Raros são os atores capazes de transformar um filme medíocre em algo digno de nota. Mas, foi justamente isso que o Denzel alcançou em “Dia de Treinamento”. 

 Afinal, o policial corrupto vivido pelo astro conquista o espectador no melhor estilo anti-herói de Tony Soprano e Walter White. Acompanhar a forma como o personagem domina aquele território e envolve o Ethan Hawke é a atração deste filme genérico do Antoine Fuqua. 

Nesta época, o Denzel já havia começado a pegar gosto pelos filmes policiais com “Possuídos” e “O Colecionador de Ossos”, mas, foi a partir de “Dia de Treinamento” que ele se consolidou no gênero e passou a fazer um filme atrás do outro. 

1. MALCOLM X 

A maior atuação da carreira do Denzel Washington aparece aqui, claro, na primeira posição. 

No épico do Spike Lee, o astro incorpora a grandeza de um dos maiores ativistas da história de modo bastante particular. Denzel pontua toda a transformação de Malcolm X de um jovem inconsequente que só queria se divertir a um líder popular carismático e de falas potentes contra o racismo. Atuação imensa que o consolidou como um dos maiores de sua geração. 

Em circunstâncias normais, o Denzel deveria ter vencido o Oscar, porém, em 1993, não havia mais como a Academia adiar a vitória do Al Pacino. E ela veio por “Perfume de Mulher”. 

A MAIOR ESNOBADA – O GÂNGSTER

Em uma carreira grandiosa destas, claro, que poderia teve aquela esnobada da Academia. E aconteceu em 2008. 

O Denzel Washington está brilhante como Frank Lucas, dono do jogo ilegal em Nova York nos anos 1970 em “O Gângster”.

O ator entrega obstinação e ambição ao personagem paralelo a um carisma e liderança capazes de conquistar todos ao seu redor, mas, sem esquecer a crueldade que explode em momentos cruciais. Personagem complexo e muito bem executado. 

Tiraria tranquilamente o Tommy Lee Jones, de “No Vale das Sombras”, para colocar o Denzel. 

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