De “Perdidos na Noite” a “O Franco-Atirador”, Caio Pimenta lista as vitórias incontestáveis no Oscar nos anos 1970.

OSCAR 1970

O Oscar 1970 trouxe uma boa mescla da indefinição que pairava em Hollywood: se “Alô, Dolly” e “Ana dos Mil Dias” representavam mais cinema clássico, “Perdidos na Noite” era a transgressão, enquanto “Butch Cassidy” fazia a ponte entre os dois estilos.

Ainda havia espaço para “Z”, uma rara concessão a produções de língua não-inglesa na categoria máxima da festa.  

Sorte a nossa que o Oscar fez uma das suas escolhas mais certas e ousadas. 

“Perdidos na Noite” venceu merecidamente três estatuetas valiosas – Filme, Direção com o John Schlesinger e Roteiro Adaptado.

Já o Costa-Gravas obteve o Oscar de Filme em Língua Não- Inglesa com “Z”, enquanto “Butch Cassidy” não teve concorrentes com “Raindrops Keep Fallin’ on My Head” em Canção Original. 

OSCAR 1971

A temporada seguinte, se não foi das mais inspiradas, trouxe dois grandes sucessos da época: “Aeroporto” e “Love Story”, cada um deles marcantes para seus respectivos gêneros.

Porém, não houve como superar “Patton” que passou o trator ao ganhar 7 das 10 categorias em que concorreu.  

Para mim, entretanto, somente considero o desempenho brilhante do George C. Scott, ganhador de Melhor Ator, como uma vitória realmente incontestável.

Sem maiores concorrentes, “M.A.S.H” venceu fácil em Roteiro Adaptado.

E simplesmente era impossível não premiar “Let it Be” em Trilha Sonora Original – Canção Original. Beatles é vida! 

OSCAR 1972

Quantos anos da história do Oscar veremos uma lista de Melhor Filme com “Laranja Mecânica”, “A Última Sessão de Cinema” e o ganhador “Operação França”?

Tanto filme bom impede que haja uma quantidade maior de vitoriosos incontestáveis.  

Das conquistas do clássico policial do agora saudoso William Friedkin, aponto a extraordinária Montagem, responsável pela maior perseguição de carros da história do cinema, e o Gene Hackman marcante em Melhor Ator.

Já a Cloris Leachman com uma comovente atuação por “A Última Sessão de Cinema” fez valer o Oscar de Atriz Coadjuvante.

Por fim, a canção-tema de “Shaft” trouxe a rebeldia e o frescor da blaxploitation.  

OSCAR 1973

Marlon Brando em O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola

O Oscar 1973 trouxe um duelo de dois clássicos: de um lado, “O Poderoso Chefão”, fenômeno cultural que consolidou de uma vez por todas as Nova Hollywood, e do outro “Cabaret”, modernizando o musical com muita sátira trágica. 

Se teve a derrota traumática em Direção, o épico mafioso contou com as grandiosas vitórias de Filme, Ator com Marlon Brando e Roteiro Adaptado.

Já “Cabaret” teve conquistas inquestionáveis em Atriz com a Liza Minelli no auge, Fotografia, Direção de Arte e Trilha Sonora Adaptada.

E ainda teve tempo para a estatueta em Filme de Língua Não-Inglesa de “O Discreto Charme da Burguesia”, obra-prima do Luis Buñuel. 

OSCAR 1974

Para quem reclama do Oscar nos dias atuais de escolhas conservadores, a edição de 1974 antecipou esta tendência em algumas décadas.

Afinal, a Academia optou pelo simpático “Golpe de Mestre” em vez do clássico “O Exorcista” e de um Bergman brilhante em “Gritos e Sussurros”. 

Desta forma, apenas as conquistas de “O Exorcista” em Roteiro Adaptado e Som, além da vitória de “A Noite Americana”, do François Truffaut, em Filme de Língua Não-Inglesa fizeram a edição 46 da festa valer a pena. 

OSCAR 1975

O auge de Francis Ford Coppola no Oscar veio em 1975. O homem concorreu com dois candidatos em Melhor Filme – “O Poderoso Chefão 2” e “A Conversação”.

De brinde, a temporada ainda reservava “Chinatown”, um dos maiores suspenses policiais da história do cinema. 

Ainda assim, a Academia fez mais do que em consagrar a segunda parte da saga dos Corleone em Direção, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora de Drama, além, claro, de Ator Coadjuvante com o Robert De Niro no impressionante e bem-sucedido desafio de reviver o personagem imortalizado por Marlon Brando.

Teve também os Oscars de “Chinatown” em Roteiro Original e “Amarcord” em Filme de Língua Não-Inglesa. 

OSCAR 1976

Jamais haverá uma temporada igual 1976. Naquele ano, o Oscar reuniu cinco obras-primas de cinco gênios: “Tubarão”, do Steven Spielberg, “Um Dia de Cão”, do Sidney Lumet, “Nashville”, do Robert Altman, “Barry Lyndon”, do Stanley Kubrick, e o ganhador “Um Estranho no Ninho”, do Milos Forman 

Em um cenário tão genial como este, qualquer um que vencesse em Melhor Filme, Direção e atuações estaria de ótimo tamanho. 

Sendo assim, sobrou incontestáveis em Roteiro Original com “Um Dia de Cão” – ainda, é verdade, que tivesse a companhia de “Amarcord”, as estatuetas de “Barry Lyndon” em Fotografia, Figurino e Direção de Arte, os Oscars de “Tubarão” em Montagem, Som e Trilha Sonora e, por fim, do japonês “Dersu Uzala”, do mestre Akira Kurosawa. 

OSCAR 1977

Sylvester Stallone em cena de Rocky, um Lutador

Não contente com o Oscar 1976, a Academia dobrou a aposta na edição seguinte ao reunir de uma só vez “Rocky – O Lutador”, “Taxi Driver”, “Todos os Homens do Presidente” e “Rede de Intrigas”. 

Os vitoriosos indiscutíveis daquela temporada aconteceram, principalmente, em roteiros – original com “Rede de Intrigas” e adaptado com “Todos os Homens do Presidente”. Ainda teve a conquista de “Rocky” em Montagem.   

OSCAR 1978

O Oscar de 1978 foi mais humilde em uma seleção menos genial, porém, premiou um filme bem fora do comum do radar tradicional da premiação. 

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” dominou ao ganhar merecidamente seus quatro Oscars – Filme, Direção para o Woody Allen, Atriz com a Diane Keaton e Roteiro Original.

O fenômeno “Star Wars” reinou como esperado em Montagem, Efeitos Visuais, Figurino, Direção de Arte, Som e Trilha Sonora.

O time da quinquagésima edição fica completo com as vitórias de Vanessa Redgrave, por “Julia”, em Atriz Coadjuvante, e Fotografia com “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. 

OSCAR 1979

Para fechar, outro ano de domínio absoluto, encerrando um período em que a Academia não teve medo de premiar filmes de temas ousados e de abordagens fora do comum. 

“O Franco-Atirador” teve uma vitória tranquila no Oscar 1979 em Filme e Direção com o Michael Cimino.

Já o Oliver Stone fez por merecer a estatueta de Roteiro Adaptado com “O Expresso da Meia-Noite”. Ainda tivemos a estatueta de “Cinzas do Paraíso” em Direção de Fotografia e Efeitos Visuais para “Superman”.