De Charles Melton a “Vidas Passadas”, Caio Pimenta apresenta quais candidatos subiram e desceram rumo ao Oscar 2024.

NA MESMA

Para começar, muita gente não saiu do lugar em dezembro. Para dois deles, isso significa permanecer na posição de favoritismo. 

“Oppenheimer” permanece como o principal favorito da temporada. Já soma 91 prêmios, disparado o maior ganhador até o momento. No Globo de Ouro, conseguiu oito indicações, a maior entre os filmes de drama. No Critics Choice, aparece em 13 categorias. O Christopher Nolan ainda passou o trator por cima dos rivais em Melhor Direção ao ser premiado junto aos críticos de Nova York e Washington. 

“Assassinos da Lua das Flores” não ficou para trás e continua sendo o principal perseguidor de “Oppenheimer”. Também mandou bem no Globo de Ouro com sete indicações e 12 no Critics Choice. O longa do Martin Scorsese ainda conquistou Melhor Filme no National Board of Review e com os críticos de Nova York. 

Abaixo dos favoritos, mas, permanecendo firme no bloco dos 10 indicados, “Os Rejeitados” também ficou no mesmo patamar. A maior vitória foi ganhar Melhor Filme entre os críticos de Boston. Também dá para destacar o Paul Giamatti, vencedor de Melhor Ator no National Board of Review. 

Nada muito diferente de “American Fiction”: a produção do Cord Jefferson conquistou Melhor Filme com os críticos de Washington e mais 13 prêmios menores. Considero que o longa continua muito próximo da vaga de Melhor Filme ainda que não dê totalmente para cravá-lo entre os finalistas. 

A briga segue acirrada em Melhor Animação sem um favorito definitivo para a temporada.  “Homem-Aranha Através do Aranhaverso” ganhou 14 prêmios de Melhor Animação com os críticos norte-americanos, porém, “O Menino e a Garça” venceu em Nova York e Los Angeles, as duas cidades mais tradicionais do cinema do país. O Hayao Miyazaki ainda viu o filme liderar na semana de lançamento, um feito realmente histórico. 

Acredito que a definição de Melhor Animação será feita mesmo lá no Oscar. A tendência é que os dois filmes sigam dividindo preferências ao longo da temporada. 

EM BAIXA

Passando para o time que deseja esquecer o mês de dezembro, vimos a lista de favoritos do Oscar 2024 diminuir de três para duas por conta do desempenho desta produção. 

Sem contar o Leão de Ouro em Veneza, Pobres Criaturas obteve 26 prêmios até agora na temporada. Melhor Filme somente junto aos críticos de Indiana e Filadélfia, ou seja, nada expressivo. Para piorar, a Emma Stone viu a Lily Gladstone virar o jogo com facilidade em Melhor Atriz, categoria que a Searchlight Pictures vislumbrava para ser o carro-chefe da campanha do Yorgos Lanthimos. O maior prêmio da ganhadora do Oscar até aqui foi empatar com a Sandra Huller, de “Anatomia de uma Queda”, entre os críticos de Los Angeles. 

“Pobres Criaturas”, pelo menos, mandou bem no Globo de Ouro com sete indicações empatado com “Assassinos da Lua das Flores” e no Critics Choice com 13 nomeações ao lado de “Oppenheimer”. Ainda assim, vejo a Searchlight precisando remar muito para recuperar o espaço contra os maiores rivais, mas, a tendência cada vez maior é ficar em segundo plano. 

Se “Garra de Ferro” e “Origem” ficaram mais como uma forçada de barra da Variety e de uma parte da imprensa norte-americana, “Ferrari” confirma como o Michael Mann e o Oscar não se bicam. “Napoleão” também não brilhou com o desempenho fraco nas bilheterias selando qualquer possibilidade nas categorias principais: a maior chance tende a ser mesmo em efeitos visuais. 

“A Cor Púrpura” mostra que a estratégia de pular os grandes festivais foi um grande equívoco. O musical ter sido ignorado quase de forma unânime pelos críticos dos EUA realçou mais esnobada no Globo de Ouro mesmo com seis indicados a Melhor Filme Comédia/Musical do que a inclusão na lista de finalistas do Critics Choice.  

Dezembro também não foi generoso com “A Zona de Interesse”: apesar de aparecer em Melhor Filme de Drama no Globo de Ouro e ser eleito o melhor do ano pelos críticos de Los Angeles, as sucessivas derrotas para “Anatomia de uma Queda” em Filme Internacional deixou uma pulga atrás da orelha de quem já via o drama do Jonathan Glazer próximo da categoria máxima do Oscar. 

Se a Academia quiser manter a média de um filme de língua não-inglesa por ano em Melhor Filme, hoje, “A Zona de Interesse” é quem corre mais risco de ficar fora. 

EM ALTA

Por outro lado, dezembro fez muitos candidatos crescerem no Oscar 2024. Foram os casos de três atores. 

Colocado inicialmente como azarão, o Charles Melton se impôs na temporada com conquistas relevantes. A primeira veio com o Gotham Awards seguida pelos prêmios da crítica em Nova York, Washington e Chicago. Se a concorrência pesada impede de colocá-lo como favorito na categoria, pelo menos, o destaque de “Segredos de um Escândalo” está no páreo de forma sólida para ser o vencedor. 

Quem esperava Emily Blunt se deparou com Da´Vine Joy Randolph dominando em Atriz Coadjuvante. A estrela de “Os Rejeitados” conquistou 20 prêmios junto aos críticos dos EUA, Canadá, Irlanda e Inglaterra nas últimas semanas. Tamanha lavada na categoria deve se repetir quando os principais eventos pré-Oscar começarem. 

E, claro, tem a Lily Gladstone: como já dito, a protagonista de “Assassinos da Lua das Flores” ignorou a Emma Stone e se tornou o nome da temporada até aqui. Ganhou Melhor Atriz no National Board of Review e nos críticos de Nova York. No Gotham, saiu premiada por “The Unknown Country”, demonstrando como há um clamor em torno dela.  

Mesmo em um ano fabuloso para a categoria principal feminina de atuação, fica cada vez mais impossível tirar o prêmio da Lily Gladstone. O último mês do ano também teve saldo positivo para três filmes. 

“Anatomia de uma Queda” caiu nas graças da indústria e da crítica dos EUA. Começou com a vitória no Gotham em Roteiro e Filme Internacional, mostrando o erro cometido pelo comitê francês ao optar por “O Sabor da Vida”. Esta segunda categoria ainda foi conquistada junto à crítica de Los Angeles e Nova York. No Globo de Ouro, brilhou ao aparecer em Roteiro, Filme Internacional, Atriz com a Sandra Huller e Melhor Filme de Drama. Para completar, dominou totalmente o European Film Awards com cinco vitórias em cinco indicações. 

De candidato que se temia não aparecer por ser muito singelo, pequeno diante de grandes produções, “Vidas Passadas” se consolidou definitivamente rumo ao Oscar 2024. Hoje, pensar nele fora de Melhor Filme e não o encarar como um dos favoritos a Roteiro Original é loucura. Isso se deu graças à vitória no Gotham Awards, a liderança de indicações no Spirit Awards ao lado de “Segredos de um Escândalo” e “American Fiction”, e às presenças em Melhor Roteiro e Direção no Globo de Ouro. Nem mesmo as modestas três nomeações no Critics diminuíram a força do longa da A24. Hoje, a luta é conseguir dois feitos: aparecer em Melhor Direção com Celine Song e com a Greta Lee em Atriz Principal. 

Mas, quem mais subiu mesmo em dezembro foi “Barbie”: a superprodução conseguiu marcas impressionantes. No Globo de Ouro, liderou com nove indicações, a terceira maior da história, atrás apenas de “Cabaret” e “Nashville”. Já no Critics, o recorde foi absoluto: 18 nomeações.  

Com a queda de “A Cor Púrpura”, tudo indica que a Warner investirá tudo para levar a produção o mais longe possível. Hoje, “Barbie” não apenas se consolidou entre os 10 indicados a Melhor Filme como aparece duelando com “Pobres Criaturas” para ser o candidato na caça aos favoritos “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”. O tamanho da força será medido caso emplaque em Direção e Atriz, onde tanto a Greta Gerwig quanto a Margot Robbie correm risco de ficar de fora.