Importante: as listas do Cine Set levam em consideração a data de lançamento do filme no Brasil seja no cinema, streaming, televisão.


Ari Aster

A cada ano, o terror norte-americano vem revelando bons nomes para o cinema. David Robert Mitchell (“Corrente do Mal“), Robert Eggers (“A Bruxa“) e Jordan Peele (“Corra!“) são os nomes mais célebres. Ari Aster se juntou ao trio, neste ano, com o excelente “Hereditário”. Longe dos sustos fáceis e com uma trama mais cadenciada, o diretor constrói a tensão gradativamente de um ambiente familiar tóxico cercado de traumas e com um grande mistério diabólico como pano de fundo.

A sequência inicial com a câmera entrando aos poucos em uma casa de bonecas, onde os personagens se locomovem dão a dimensão de um cineasta talentoso e com um futuro brilhante pela frente.

Próximo trabalho: “Midsommar” com Florence Pugh e Jack Raynor.


Gabriela Amaral Almeida

Considerar Gabriela Amaral Almeida uma das revelações de 2018 pode ser analisado como uma imprecisão visto a premiada carreira em curtas-metragens importantes como “A Mão que Afaga” e “Vaca Profana”, além de passagens por programas populares da televisão brasileira como “Sob Nova Direção”, “Malhação” e o novo “Zorra!”. Neste ano, porém, a diretora lançou o primeiro longa-metragem, “O Animal Cordial“. E que estreia!

O filme estrelado por Murilo Benício (no melhor trabalho da carreira) e Lucinha Paes (uma atriz que precisa de outros grandes papeis como esse) consegue aliar críticas incisivas sobre o atual momento brasileiro com a tensão de uma trama forte com bons personagens sem se perder ou cair em discursos panfletários. Sem dúvida, um dos grandes longas de terror exibido nas telas brasileiras em 2018.

Próximo trabalho: “A Sombra do Pai” com Nina Medeiros e Júlio Machado.


John David Washington

Ser filho de Denzel Washington tem seus privilégios, mas, pode ser um fardo. Afinal de contas, como se desvencilhar da sombra do pai e poder se firmar na mesma carreira? John David Washington fez isso com louvar ao ser o protagonista de “Infiltrado na Klan“. No furioso e sarcástico longa dirigido por Spike Lee, o ator esbanja estilo em uma atuação segura de si.

Em uma disputa ferrenha com Lucas Hedges, Ethan Hawke e Willem Dafoe, John David Washington está forte na corrida pela indicação ao Oscar de Melhor Ator. Com tudo isso, a sombra do pai está cada vez mais distante.

Próximo trabalho: “The Old Man & The Gun” com Robert Redford.

Lady Gaga

Tinha tudo para dar errado: constantes comparações com Barbra Streisand e Judy Garland, o canto ganhar maior destaque do que a atuação em si, uma história batida e contada tantas vezes não atrair ninguém nem convencer os críticos, um astro se metendo a dirigir o primeiro longa da carreira, implicâncias naturais contra quem é uma das principais estrelas pop de todos os tempos…

Lady Gaga, porém, superou tudo isso e entregou uma bela performance em “Nasce uma Estrela”. Longe das afetações da carreira musical, ela se despe do glamour, tira a maquiagem e enche de carisma a tela para encantar o público. Bradley Cooper ainda mostra generosidade suficiente para engrandecer a personagem em momentos chave como em “La Vie en Rose” e a sequência final em que há uma sintonia quase mágica entre a câmera e Gaga. A indicação do Oscar vem aí e sonhar com uma estatueta não é absurdo (só não fala nada para a Glenn Close).

Próximo trabalho nos cinemas: não definido.


Letitia Wright

“Pantera Negra” foi a grande surpresa de Hollywood em 2018. Afinal de contas, não se esperava que a Marvel fosse capaz de aliar as cenas de ação e efeitos visuais rotineiros com um roteiro tão denso em subtextos políticos e sociais. Ryan Coogler não apenas conseguiu como também abriu espaço para um destaque feminino raro dentro dos filmes do estúdio. Mesmo com o herói e vilão sendo os protagonistas, as personagens mulheres arrasam e ganham força ao longo da trama.

Junto com Danai Gurira, Letitia Wright é uma das principais revelações do elenco da superprodução. A atriz mostra versatilidade ao se sair bem tanto nas cenas dramáticas como também ao ser alívio cômico quando necessário. Conhecida pelo episódio “Black Museum” de “Black Mirror”, a jovem de 25 anos nascida na Guiana tem tudo para trilhar um caminho de sucesso a partir de agora nos cinemas.

Próximo trabalho: “Guava Island” com Donald Glover e Rihanna e “Vingadores: Ultimato”, de Joe e Anthony Russo.


Marjorie Estiano

Fazia um tempo que Marjorie Estiano ensaiava uma guinada completa na carreira. Após começar como vilã de “Malhação” e fazer uma das piores mocinhas da história das telenovelas brasileiras em “Duas Caras”, a curitibana evolui aos poucos com bons papéis em melhores folhetins como “Lado a Lado” e “Império”, além de ótimas séries como “Ligações Perigosas”, “Justiça” e, claro, “Sob Pressão”. Para o cinema, Marjorie Estiano guardou este plot twist para 2018.

Depois de já ter se saído bem no irregular “Entre Irmãs“, a atriz estrelou dois dos melhores filmes nacionais lançados no Brasil neste ano: “Paraíso Perdido” e “As Boas Maneiras“. Se ela rouba as poucas cenas no primeiro, no segundo, ela é força vital da parte inicial da trama, indo da comédia (a dança sertaneja é uma das melhores cenas do ano) ao terror em fração de segundos. Mesmo não sendo do naipe do dois longas citados, “Todo Clichê de Amor” traz em Marjorie o melhor da produção.

Que a versatilidade da atriz siga firme em 2019, 2020, 2021… O cinema brasileiro agradece.

Próximo trabalho: ainda não divulgado


Millicent Simmonds

Mulheres, negros, asiáticos, latinos. As minorias vêm buscando maior representatividade em Hollywood desde que o #OscarSoWhite e o #MeToo escancararam os preconceitos e as estruturas rígidas do cinema mundial ainda voltadas para privilegiar homens brancos. A chegada de Millicent Simmonds deu uma nova dimensão para uma parcela quase sempre renegada: os deficientes auditivos.

Surda desde bebê, a jovem atriz de 15 anos fez um grande trabalho em “Um Lugar Silencioso” fazendo frente a nomes como Emily Blunt e John Krasinski sem qualquer tipo de intimidação. No fraco “Sem Fôlego”, de Todd Haynes, Simmonds é um dos poucos destaques do projeto. A boa aceitação do público junto com o ótimo desempenho dela podem abrir portas para mais pessoas com algum tipo de deficiência ganharem mais espaço nas telas.

Próximo trabalho: série “Andi Mack”.


Tifanny Dopke

Ferrugem” foi um dos grandes filmes do cinema nacional em 2018. A produção de Aly Muritiba trata sobre problemas graves na sociedade, especialmente, na adolescência como a irresponsabilidade do comportamento das pessoas nas redes sociais e a ausência de diálogo entre pais e filhos com a superproteção tóxica.

Tiffany Dopke simboliza os efeitos deste problema com uma atuação excelente. Se no começo do filme assistimos uma garota feliz e com um futuro pela frente, em seguida, observamos a aflição, stress e depressão causado pela repercussão de um vídeo íntimo vazado na internet. A primeira metade de “Ferrugem”, sem dúvida, está no melhor do que nosso cinema produziu em 2018 e muito disso cabe ao excelente roteiro de Aly Muritiba e Jessica Candal, além da grande atuação da atriz.

Próximo trabalho: ainda não divulgado


Timothée Chalamet

As pequenas participações em “Interestelar” e “O Natal dos Coopers” ainda não tinham permitido a Timothée Chalamet demonstrar todo o potencial dele. Nada que 2018 não pudesse corrigir com três filmes lançados nos cinemas brasileiros: “Lady Bird“, “Hostis” e, claro, “Me Chame Pelo Seu Nome“.

Justamente no longa dirigido por Luca Guadagnino, o ator faz um trabalho sensível sem exageros ou pieguice. A cena final olhando direto para a câmera enquanto Elio digere uma triste notícia também funciona como um cartão de boas vindas de alguém que chegou para ficar por muito tempo no nosso radar.

Próximo trabalho: “Querido Menino” com Steve Carell e “A Rainy Day in New York”, de Woody Allen.


Yalitza Aparicio

Segurar o protagonismo do filme de retorno de Alfonso Cuáron no México não seria uma tarefa fácil nem para intérpretes mais experientes. Quem diria fazer isso logo no trabalho de estreia. Esta foi a missão bem-sucedida cumprida por Yalitza Aparicio no forte candidato ao Oscar 2019, “Roma”.

A naturalidade com que trabalha e a entrega no momento-chave da produção, o parto do bebê, são trunfos do longa da Netflix junto com a fotografia em preto e branco e a direção delicada de Cuáron. Seria bonito vê-la indicada ao prêmio da Academia de Hollywood como um contraponto necessário a todo o glamour de Hollywood.

Próximo trabalho: ainda não definido.