Caio Pimenta fala sobre o que esperar do futuro do cinema amazonense e os desafios impostos ao audiovisual local.
O FUTURO PÓS-ALDIR BLANC
A curto prazo, o cinema do Amazonas deve ter um bom 2021 e, talvez, 2022. Falo isso focado no lançamento e circulação de novos curtas-metragens e webséries, muitos deles provenientes dos recursos da lei Aldir Blanc a partir de editais e prêmios dos governos estaduais e municipais. Diretores como Lucas Martins, Diego Bauer, a turma do coletivo Planos em Sequência vão realizar novos projetos a serem entregues nos próximos meses.
Também há expectativa sobre a chegada dos longas-metragens já rodados dirigidos pela Cristiane Garcia e o Anderson Mendes. Aliás, o filme da Cristiane, “Enquanto o Céu não me Espera”, conta com o excelente Irandhir Santos, de “Tropa de Elite 2” e “Tatuagem”, como protagonista.
A grande questão é saber como será o destino do audiovisual amazonense após a Lei Aldir Blanc e a entrega dos projetos selecionados em editais federais passados. Em tempos de crise, a cultura, muitas vezes, acaba sendo o primeiro alvo de cortes de investimentos e, com isso, o dinheiro para financiamento de filmes e festivais diminui consideravelmente. Quando temos a crise provocada pela maior pandemia global em 100 anos junto com uma retração econômica, a situação se agrava ainda mais somado à falta de visão da cultura como geradora de receitas e empregos.
O TRAUMA DA PANDEMIA
O campo da formação seguirá como um desafio permanente para o audiovisual. Até o momento, se antes não havia perspectivas para a retomada de um curso na área, agora, muito menos. Já os festivais e eventos da área como Olhar do Norte e Matapi devem continuar existindo, porém, cada vez mais servindo como resistência em meio a dificuldades de financiamento. Pelo menos, as edições online, como realizadas neste ano, podem abrir novas portas e possibilidades.
E, claro, como a pandemia da COVID-19, tão devastadora em Manaus e no Amazonas, será refletida nos filmes locais de agora em diante? Vale lembrar que grandes movimentos do cinema mundial surgiram nos momentos de maior de desesperança e ebulição social. O Expressionismo Alemão e o Neo-Realismo Italiano surgiram no pós-guerra, o Cinema Novo viveu seu apogeu na Ditadura Militar e a Nova Hollywood simbolizou muito bem as mudanças sociais e culturais dos EUA.
Só o tempo vai dizer o quanto os nossos artistas serão impactados pela tragédia da COVID, porém, sem dúvida, novos caminhos devem despontar para o cinema amazonense.
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Projeto contemplado no Prêmio Feliciano Lana, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa com recursos da Lei Aldir Blanc.