Pela primeira vez na história, a Coreia do Sul vence o Oscar de Melhor Internacional. O responsável pela façanha foi “Parasita”, produção que também rendeu ao país a primeira Palma de Ouro do Festival de Cannes. Antes de 2020, nenhum filme da Coreia tinha sido indicado ao Oscar.
Mas, “Parasita” não é uma exceção e sim o auge de um dos cinemas mais interessantes deste século. A Coreia do Sul trouxe filmes brilhantes como “Oldboy”, “Casa Vazia”, “O Caçador”, “A Criada”, “Mother”, “Invasão Zumbi”, e “Em Chamas”.
Mas, você sabia que deste momento extraordinário vivido pela Coreia do Sul começou como uma reação ao lançamento de “Jurassic Park”, em 1994?
O filme do Steven Spielberg ocupou durante quase três meses todas as salas de cinema do país. Isso despertou o governo sul-coreano a adotar uma política pública de maior incentivo à produção audiovisual no país com a criação de um fundo setorial e incentivos fiscais para o setor. Na ideia de rejuvenescer a economia da Coreia do Sul, gigantes das mais diversas áreas econômicas, como Samsung e Hyundai, foram incentivadas a investir em toda cadeia do audiovisual.
Com tudo isso, o setor do audiovisual ganhou uma importância econômica fundamental para a Coreia do Sul. Tanto que o presidente do país entre 98 e 2003, o Kim Dae-jung, ficou conhecido com o presidente da Cultura. O efeito desta política sul-coreana no audiovisual foi que a presença das produções do país no mercado local passou de insignificantes 2,3% para 57,6%.
E hoje “Parasita” está no mundo inteiro, ganhando Cannes e o Oscar, enquanto o Brasil tem um presidente que acha que artista tudo é vagabundo e procura a qualquer custo asfixiar a Agência Nacional de Cinema.