De “Dinheiro Fácil” a “Saltburn”, Caio Pimenta analisa quais foram os maiores flops da atual temporada rumo ao Oscar 2024.

DINHEIRO FÁCIL

O primeiro fracasso da temporada de premiações deste ano tentou emular um sucesso do Oscar 2016.

“A Grande Aposta” traduziu a crise financeira norte-americana dos subprimes com ironia, inteligência e grande elenco. Não à toa obteve cinco indicações, vencendo Melhor Roteiro Adaptado.

“Dinheiro Fácil” tentou ir por uma linha semelhante ao apostar no inusitado caso da Gamestop.

Diretor de “Eu, Tonya” e “Cruella”, o Craig Gillespie apostou em Paul Dano como protagonista e outros conhecidos atores, mas, a abordagem indecisa entre a sátira e a denúncia fora a sensação de já ter visto isso antes – e melhor – atrapalharam da Sony Pictures. 

QUEM FIZER GANHA

Ganhador do Oscar de Roteiro Adaptado em 2020 por “Jojo Rabbit”, o Taika Waititi retornou à Oceania para contar a história da seleção de Samoa Americana, a pior do mundo.

Se vender o futebol, o soccer para os americanos, já é difícil, a situação piora em um filme como “Quem Fizer Ganha”, comédia que fica com medo de abraçar o velho chavão do ‘homem branco salvador’, mas, que acaba sendo sobre isso.

Resta o elenco coadjuvante estereotipado, mas, que arranca uma ou outra graça.   

INTRUSO

Disponível no Prime Video, “Intruso” era a esperança da ficção científica após a saída de “Duna 2” do páreo.

Afinal, era a reunião do diretor Garth Davis, de “Lion”, com dois atores queridos da indústria, Saoirse Ronan e Paul Mescal.

A produção, entretanto, não sobreviveu às primeiras exibições em Toronto, sendo alvo de críticas negativas ou, pior, da completa indiferença. Sumiu sem ser notado. 

WISH

“Wish” tinha a missão de celebrar os 100 anos da Disney remetendo aos grandes clássicos do estúdio em uma história simples, mas, dialogando com os tempos atuais ao trazer uma princesa negra que não precisa ficar correndo atrás do príncipe encantado.

Tudo lindo, tudo certo, mas, o filme, infelizmente, não empolga, pois, as referências deixam na memória que já vimos tudo aquilo muito melhor. No final, você só deseja mesmo que chegue ao fim.

Sorte que “Elementos” salvou a dignidade do estúdio do Mickey e evitou uma esnobada completa que não acontece há mais de uma década. 

FERRARI

“Ferrari” é a prova definitiva de que o Michael Mann e o Oscar não nasceram um para o outro.

Nem mesmo a força da dupla Adam Driver e Penélope Cruz, toda qualidade técnica de som, montagem, fotografia e direção de arte convenceram a Academia.

Foi ignorado completamente. 

SALTBURN

Situação semelhante à “Saltburn”: a Amazon MGM apostaram às fichas no drama da Emerald Fennell, prestigiada pelo Oscar de Roteiro Original por “Bela Vingança”.

O elenco liderado por Barry Keoghan e Rosamund Pike mais as presenças de Carey Mulligan, Richard E. Grant e Jacob Elordi, uma das revelações do ano, somada à exuberância dos itens técnicos eram garantias de muitas indicações.

A produção, entretanto, se mostrou extremamente divisiva com muitas amores e ódios. Em uma lista de sistema preferencial, isso é uma sentença de morte. 

LEE

Quando se mirava Oscar 2024 lá no meio do ano passado, a Kate Winslet era uma das pautas: será que ela consegue a segunda estatueta da carreira por “Lee”?

Afinal, a história da modelo que se tornou repórter fotográfica durante a Segunda Guerra Mundial era o típico papel ideal para ganhar prêmios. A passagem por Toronto deixava muito claro que o filme era ela e somente ela.  

A greve dos atores e roteiristas, porém, estagnou totalmente as negociações para a distribuição de “Lee” nos EUA. Existe a possibilidade de retornar para o Oscar 2025, mas, será muito difícil conseguir nova inserção nos fundamentais festivais de segundo semestre. 

AIR, GARRA DE FERRO, A COR PÚRPURA

Air – A História por Trás do Logo”, “Garra de Ferro” e “A Cor Púrpura” dividem situações parecidas. Produções repletas de estrelas, repercussão aceitável, mas, nada fantástica perante a crítica, e a aposta no tradicionalismo da Academia para chegar ao Oscar.  

Se o longa do Ben Affleck foi lançado muito cedo e já havia “Barbie” como o filme sobre uma marca valiosa na temporada, “Garra de Ferro” traz o estigma de um tema nem sempre visto com muita atenção pela Academia – “O Lutador” que o diga – e ainda um foco da A24 concentrado em “Zona de Interesse” e “Vidas Passadas”. Se tivesse em um outro estúdio, talvez, teria mais chances. 

Já “A Cor Púrpura” até conseguiu a vaga de Atriz Coadjuvante para a Danielle Brooks, mas, é muito pouco para um filme que tinha potencial para ir além. Sem dúvida, pesou a concorrência interna com “Barbie” dentro da Warner, a greve dos atores e roteiristas que atrapalhou a campanha do longa e a falta de lançamento em um grande festival no fim do ano. Também deixa claro a difícil situação dos musicais no Oscar e como ter pesos-pesados como produtores – Oprah Winfrey, Quincy Jones e Steven Spielberg – não é garantia de indicação.