Hora de continuar o ranking das atuações premiadas no Oscar em Melhor Ator e Ator Coadjuvante nos anos 2000.

Apesar de dois desempenhos monstruosos na categoria principal, a média dos ganhadores de papéis secundários foi acima da média. 

Conheça os meus favoritos em mais um novo vídeo do Cine Set. 

5. ROBERT DOWNEY JR E BRENDAN FRASER

Iniciando pelos piores, em coadjuvantes, tenho certeza de que irá gerar questionamentos, já em ator principal, me perdoem, mas não dá. 

O Robert Downey Jr. está ótimo como o empresário Lewis Strauss em “Oppenheimer”.

Remetendo a F. Murray Abraham de “Amadeus”, o astro oferece um trabalho que exala inveja e rancor contra o físico responsável pela criação da bomba atômica.

Mesmo com o excelente desempenho do Ryan Gosling em “Barbie”, foi uma vitória justíssima do Tony Stark. 

O Brendan Fraser pode ser muito querido e estar na memória afetiva por conta de “A Múmia”, mas, a Academia forçou demais a barra para a vitória dele em “A Baleia”.

Ok, ele torna o filme do Darren Aronofsky menos medíocre, mas, toda a abordagem grosseira e desrespeitosa ao personagem somada aos excessos típicos e batidos de transformação física me fazem ter uma aversão a este resultado.

Isso mesmo com o Fraser sendo o bom ator e bom moço que é. 

4. TROY KOTSUR E WILL SMITH

O quarto lugar dos coadjuvantes é do Troy Kotsur: para mim, ele é o ponto alto de todo o elenco de “Coda – No Ritmo do Coração” e carrega fácil os melhores momentos, tanto de drama quanto de humor, do filme.

Fora o fato de ser raro um intérprete surdo com todo o trabalho sendo feito na linguagem de sinais ir tão longe em eventos como o Oscar e arrebatar o público como ele faz.  

Já em Melhor Ator coloco o Will Smith, de “King Richard”.

Esse é outro caso que não me agrada nenhum pouco, especialmente, se lembrarmos da presença do Benedict Cumberbatch em “Ataque dos Cães”.

Só está acima do Brendan Fraser por conta do filme ser levemente superior. Pelo menos, tivemos um dos maiores momentos da história do Oscar – para o bem ou para o mal. 

3. KE HUY QUAN E CILLIAN MURPHY

O Ke Huy Quan fica com a medalha de bronze entre os coadjuvantes. No meio da loucura proposta pelos Daniels, cabe ao ator ser o elo emocional de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”.

A ponte que impede a família de cair totalmente nas dores e traumas.

Ele aproveita seu jeito rápido de falar e o certo exagero que carrega naturalmente de modo inteligente, sendo o alívio cômico na hora exata, mas, também mandando muito bem no drama e até na luta. 

Já o Cillian Murphy vai no oposto como o protagonista de “Oppenheimer”.

Trata-se de uma atuação calculada, milimétrica em que o irlandês trabalha sempre no limite da tensão de um sujeito dividido entre a vaidade e o avanço científico indiscutível do Projeto Manhattan com o dilema das consequências para a humanidade.

Fora que o astro carrega o filme de três horas praticamente por inteiro. Grande trabalho. 

2. DANIEL KALUUYA E ANTHONY HOPKINS

O Daniel Kaluuya, de “Judas e o Messias Negro”, é o meu segundo colocado.

A intensidade dos discursos e das ações políticas se equilibram com os momentos mais intimistas em que Fred Hampton deseja apenas ser um cara normal levando sua vida tranquilamente.

Foi uma estatueta merecida por um dos melhores atores recentes surgidos em Hollywood. 

Em uma temporada moldada para homenagear o saudoso Chadwick Boseman, o Anthony Hopkins se impôs ao vencer por “Meu Pai”.

E não foi para menos: o britânico traz uma atuação comovente ao desconstruir gradativamente toda a firmeza e segurança da parte inicial para se tornar uma pessoa totalmente frágil e desnorteada sobre tudo e todos.

Um desempenho à altura do Hannibal Lecter de “O Silêncio dos Inocentes“. 

1. BRAD PITT E JOAQUIN PHOENIX

Já o primeirão da lista de coadjuvantes é uma atuação que considera bastante injustiçada. 

Não é de hoje que vejo reclamações sobre a vitória do Brad Pitt no Oscar 2020.

Para mim, ele faz uma das grandes atuações da carreira ao ser a figura que representa a essência de “Era uma vez em Hollywood”: um sujeito sem eira nem beira dentro de um ambiente fascinante como era a Los Angeles do fim dos anos 1960, colocado em situações completamente insanas como conhecer a seita de Charles Manson ou lutar contra Bruce Lee.

Para tanto, Tarantino explora ao máximo o perfil galã de Pitt, lembrando o fascínio do cinema americano por ícones masculinos do tipo. 

A medalha de ouro, entretanto, é de Joaquin Phoenix em “Coringa”.

Demorou muito tempo para o astro ser reconhecido pela Academia, mas, quando ocorreu, veio em grande estilo.

O ator capta muito bem a espiral de loucura de Arthur Fleck, um sujeito humilhado que resolve se revoltar contra o status-quo de Gotham.

Phoenix constrói uma figura assustadora mesmo ao sorrir e, ao mesmo tempo, tão próxima de uma parte significativa do público pela fragilidade que sente sem qualquer expectativa de melhoras.