Caio Pimenta analisa os pontos fortes e fracos de “Belfast”, “Ataque dos Cães” e “Amor, Sublime Amor”, favoritos ao Oscar 2022 de Melhor Filme.
BELFAST
PONTOS FORTES
O longa do Kenneth Branagh tem bons motivos para acreditar que pode levar Oscar.
“Belfast” começou a temporada muito bem ao levar o prêmio do público do Festival de Toronto também vencido pelos ganhadores do Oscar “Nomadland”, “Green Book”, “12 Anos de Escravidão”, “O Discurso do Rei”, “Quem Quer Ser um Milionário?” e “Beleza Americana”.
Esta conquista demonstra uma das qualidades do longa: capacidade de agradar os mais diversos públicos seja ele dos críticos ou do consumidor médio de cinema.
E a produção da Focus Features, diferente dos seus principais rivais, foi a única a conseguir nomeação em Melhor Elenco no SAG 2022.
PONTOS FRACOS
Por outro lado, com um alvo nas costas, “Belfast” encarou a lupa maior das redes sociais, passando a ser questionado diariamente das razões do favoritismo. Caía assim a imagem de filme perfeito igual ocorrera com “La La Land” em 2017.
O Globo de Ouro, ainda que sem prestígio, ligou sinais de alerta para a produção do Kenneth Branagh.
“Belfast” se deu mal no primeiro encontro com “Ataque dos Cães” e perdeu Melhor Filme de Drama e Direção para a Jane Campion.
A vitória em Roteiro poderia ser uma boa notícia, porém, a presença de Paul Thomas Anderson entre os adaptados com “Licorice Pizza” e a sensação crescente de que chegou a hora de premiá-lo não é nada boa para as pretensões de Branagh.
O SAG aumentou o sinal de alerta ao deixar claro que o filme não ganha nada nas atuações: Caitriona Balfe sem chances em atriz coadjuvante e Ciáran Hinds e Jamie Dornan, esnobados no sindicato, terão que se contentar em serem nomeados.
Sabe qual a última vez que uma produção levou Melhor Filme sem ter ganhado Direção nem Atuações ou Roteiro? Foi em 1942 com “Rebecca”, clássico do Alfred Hitchcock.
Resumo da ópera: ou “Belfast” leva Roteiro Adaptado e o Branagh vira para cima da Campion ou sem chances de vitória.
AMOR SUBLIME AMOR
PONTOS FORTES
A 20th Century Studios briga pelo Oscar com “Amor, Sublime Amor” e apostas nestes fatores para acreditar na vitória.
O primeiro deles reside em Steven Spielberg: o diretor chega ao Oscar com as maiores chances desde “Lincoln” para faturar a terceira estatueta de Melhor Filme da carreira. Diferente do insosso drama sobre o ex-presidente dos EUA, aqui, ele consegue o feito de modernizar um clássico de Hollywood a ponto de ser comparado ao original.
“Amor Sublime Amor” representa o musical, gênero amado pela indústria e com candidatos de sobra nesta temporada como provam “Tick Tick Boom”, “Cyrano” e “Encanto”.
A produção ainda tem chances de liderar as indicações e traz a representatividade latina para a frente das telas.
A vitória fácil no Globo de Ouro entre as comédias e musicais ajudou um pouco o filme.
PONTOS FRACOS
Porém, nem tudo é céu de brigadeiro para “Amor Sublime Amor”.
No SAG, a ausência em Melhor Elenco foi um golpe esperado, mas, não menos dolorido.
Se Ariana DeBose arranca para ganhar atriz coadjuvante, nas demais categorias principais, o musical dificilmente consegue alguma estatueta.
Para piorar, “Amor Sublime Amor” foi um fracasso de bilheteria com apenas US$ 58 milhões arrecados no mundo inteiro, resultado pífio para a carreira de Steven Spielberg.
E, claro, a sombra do ganhador do Oscar de 1962 está ali. Será que a ala mais velha da Academia não criará resistências ao musical?
A conferir.
ATAQUE DOS CÃES
PONTOS FORTES
Será que chegou a hora da Netflix finalmente ganhar o Oscar?
“Ataque dos Cães” é a bola da vez para isso acontecer.
Dos três, o western é aquele com mais chances reais de vitórias em categorias principais: Direção com Jane Campion, Kodi Smit-McPhee em Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado.
Em caso de zebra, pode até levar Ator com o Benedict Cumberbatch e Atriz Coadjuvante com a Kirsten Dunst.
Superou “Belfast” no primeiro duelo direto no Globo de Ouro, além de somar mais de 20 prêmios da crítica ao longo da temporada.
E, hoje, ser o candidato principal do streaming não é um problema como era alguns anos atrás, afinal, a pandemia mudou a configuração na relação com os cinemas, servindo como um caminho vital para a indústria.
PONTOS FRACOS
A situação está tão boa para “Ataque dos Cães” que os pontos fracos têm suas coisas boas.
Estar fora do SAG de Melhor Elenco enquanto “Belfast” foi indicado é um problema, claro, porém, atenuado pelas três nomeações dos protagonistas individualmente.
A complicação pode ficar por conta de “Ataque dos Cães” ser o menos comercial entre os três, capaz de gerar menos paixões instantâneas do que filmes como “Belfast” e “Amor Sublime Amor”.
Hoje, coloco “Ataque dos Cães” como favorito seguido, na ordem, por “Belfast” e “Amor Sublime Amor”.
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