Caio Pimenta apresenta os melhores e piores momentos da festa do Oscar 2022 com a treta entre Will Smith e Chris Rock.

MELHORES MOMENTOS 

Já posso adiantar que esta parte será mais curta do que os momentos ruins, mas, sim, o Oscar 2022 teve trechos realmente memoráveis. Os discursos dos vencedores das categorias de coadjuvantes foram alguns deles.  

Logo de cara, a Ariana DeBose deu esperanças de que teríamos uma cerimônia memorável ao agradecer emocionada pelo Oscar ao interpretar Anita. O ponto alto foi ressaltar ser uma mulher negra, latina e lésbica, sendo uma inspiração a outras mulheres semelhantes a ela de que podem alcançar seus sonhos.  

Youn Yuh-jung, premiada ano passado por “Minari”, divertiu ao zoar com ela mesmo e o temor de pronunciar os nomes errados. Depois, teve presença de espírito com Troy Kotsur ao segurar a estatueta para fazer o discurso. E o ator demonstrou ser um sujeito tão legal como seu personagem em “Coda”.  

As presenças dos elencos de “Juno”, “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” e, especialmente, o trio de “Pulp Fiction”, John Travolta, Samuel L. Jackson e Uma Thurman, renderam momentos divertidos ainda que curtos. Também foi emocionante a dobradinha Lady Gaga e Liza Minelli no anúncio de Melhor Filme. Sei que teve gente triste pelo estado físico da estrela de “Cabaret”, porém, vejo uma passagem simbólica de bastão entre duas estrelas que souberam unir música pop e cinema como poucas.  

Por fim, destaco as apresentações musicais. Beyoncé abriu a festa com uma ótima performance de “Be Alive” em Compton, local onde as irmãs Venus e Serena Williams iniciaram a carreira no tênis. O Sebastián Yatra comoveu pelo nervosismo em “Dos Oruguitas”, dando alívio no público que ele acertou tudinho no fim. Já a Billie Eilish fez uma apresentação intimista e muito boa da premiada “No Time to Die”. E “Não Falamos do Bruno” respeitou o colorido excessivo de “Encanto” e rendeu um momento, pelo menos, para acordar o público do marasmo. 

PIORES MOMENTOS 

Para começar os piores momentos, por que não citar o terrível #OscarFanFavorite?  

Se a ideia já não era muito boa, a execução foi ainda pior. Se a cena mais marcante rendeu a conquista de “Liga da Justiça – Versão do Zack Snyder” para constranger geral, a vitória de “Army of the Dead” sumiu da transmissão da cerimônia e do Twitter da Academia. Vergonha define.  

Diferente de outras edições, o Oscar 2022 conseguiu trazer zero surpresas: todos os favoritos ganharam sem deixar margens para qualquer intruso. Nunca foi tão fácil vencer um bolão. Restava momentos especiais e aguardados pelos cinéfilos, anunciados pela Academia para fazer o público ficar acordado. 

Porém, a Academia tornou as homenagens a James Bond e “O Poderoso Chefão” em momentos tão rápidos que não tiveram impacto algum na cerimônia. Foi como se não tivessem existido.  

Mais triste ainda foi ver o In Memorian ser transformado em um show gospel com gente pulando e dançando para lá e para cá, perdendo a beleza e o impacto tradicional. Para piorar, sobrou para o cachorrinho se tremendo assustado no palco segurado por Jamie Lee Curtis.   

Tragédia anunciada, os anúncios dos vencedores antes do ao vivo não apenas foi desrespeitoso com os vencedores como também mal inseridos na transmissão, quebrando o ritmo do evento.    

Já o trio de apresentadoras, Amy Schumer, Wanda Sykes e Regina Hall até tiveram um início promissor, porém, o tom das piadas começou a destoar lá pela metade e passaram a soar ofensivas – dizer que “Ataque dos Cães” era um filme cansativo, que demorava a acabar desvaloriza o próprio evento, além, claro, do western de Jane Campion. No fim das contas, ficou um resultado negativo.  

E, claro, que não como falar do Oscar 2022 sem citar a treta Will Smith e Chris Rock.  

Após invasão de palco por um peladão, recusa do prêmio pelo próprio ganhador e troca de envelopes, o evento da Academia viu uma cena digna de novela mexicana com tapa na cara, gritaria e susto das pessoas ao redor com o escândalo. O momento ficou ainda mais constrangedor com o discurso de Will Smith chorando e pedindo desculpas da Academia, tentando fazer um paralelo malsucedido com o personagem dele em “King Richard”.  

Foi algo tão insólito e tristemente marcante que a vitória de “Coda”, Jane Campion, Jessica Chastain, Troy Kotsur, Ariana DeBose e do próprio Smith foi deixada de lado.

Um triste fim para um Oscar nada memorável.