AVISO: texto contém SPOILERS
Popularmente conhecido como “Thor” desde 2011, Chris Hemsworth mostra uma iniciativa consistente em se desprender da imagem passada pelos filmes do Universo Marvel com seu desempenho em ‘Resgate’. Para começar, o mais novo longa protagonizado pelo ator não é uma total perda de tempo como o recente ‘M.I.B: Internacional’. Além disso, a atuação de Hemsworth consegue grande destaque em um filme que também é capaz de entreter seu público, isto, é claro, caso ele esteja desatento aos furos apresentados pela história.
Com roteiro de Joe Russo (“Vingadores: Ultimato”) e direção de Sam Hargrave (“Atômica”), o longa não apenas reúne antigos conhecidos da Marvel, como também evidencia a presença de cenas de ação, considerando que Hargrave possui um trabalho sólido como coordenador de dublês. Assim, a história acompanha o mercenário Tyler Rake (Chris Hemsworth) na missão de ir para a Índia e resgatar o jovem Ovi (Rudraksha Jaiswal), sequestrado por um criminoso inimigo de seu pai.
Como base do projeto, o roteiro adaptado dos quadrinhos Ande Parks, “Cuidad”, é o principal impeditivo para que o longa decole em diversos momentos. Para começar, o argumento cai no antigo clichê norte-americano do ex-soldado branco de olhos azuis como grande salvador da história. Isso mesmo com o esforço do design de produção para destacar a cultura indiana.
Mantendo um bom ritmo inicial, o grande impasse no roteiro logo surge quando Rake se dá conta que sua agência foi enganada e provavelmente nunca irá receber o dinheiro pelo resgate. Porém, o personagem se apega ao seu passado e a Ovi para cumprir a missão, algo totalmente contraditório para um mercenário, situação enfatizada pelo próprio roteiro com a fala de Gaspar (David Harbour).
Desta incoerência surgem diversos momentos indefensáveis como a união com Saju (Randeep Hooda) – o qual supostamente deveria pagar Rake – e o desfecho positivo para Ovi, que não era o esperado em nenhuma alternativa possível, mas acontece. Finalizando esse apanhado de equívocos, temos um vilão inexpressivo, com desenvolvimento mínimo o qual segue a mesma proposta de mestre e aprendiz já vista entre Ovi e Rake.
AÇÃO PARA COMPENSAR FUROS
Se o roteiro entrega o básico repleto de furos, a parte técnica de “Resgate” se destaca como pede um bom filme de ação. O design de produção cria uma ótima ambientação para as cenas grandiosas de luta, apesar do filtro mais quente, normalmente utilizado para retratar locais subdesenvolvidos, quase estragar a experiência.
A direção de fotografia também tem seus bons momentos e busca um grande aproveitamento de cenas previsíveis como a comum perseguição de carro. O momento é retratado com um longo plano-sequência muito interessante principalmente por se tratar do início do filme, conseguindo incentivar a trama a progredir. Porém, no final do plano, vemos diversas ações repetitivas como duas perseguições de carro e personagens sendo atingidos da mesma forma.
Após se mostrar eficaz com as cenas de ação, “Resgate” se prepara para os momentos finais com objetos cênicos mais pesados que, infelizmente, não surpreendem como deveriam. Aqui nem mesmo uma explosão de helicóptero consegue deixar a sequência de resgate mais interessante. Talvez essa esfriada também ocorra pela separação de Tyler e Ovi, afinal, é justamente com o reencontro de ambos que Hemsworth mostra maior carga dramática e o longa se encaminha para um desfecho satisfatório – isto se não fosse a insistência em agradar ao público a qualquer custo.
Dito isto, posso afirmar que ‘Resgate’ é um filme bacana de assistir até mesmo se você não gostar tanto do gênero de ação, pois existe uma história interessante em seu plano de fundo. Porém, não espere muito mais do que isso, principalmente se desejar uma trama coerente e nada covarde.