De “Triangle of Sadness” até “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, Caio Pimenta fala dos destaques do primeiro semestre de 2022 mirando o Oscar 2023.

DEFINIÇÕES PARA A CORRIDA

As datas do Oscar 2023 já foram confirmadas:   

  • a shortlist será divulgada no dia 21 de dezembro;
  • a elegibilidade dos filmes termina no último dia do ano;
  • entre os dias 12 e 15 de janeiro, os votantes da Academia poderão escolher os indicados;
  • o anúncio dos concorrentes sai no dia 24 de janeiro;
  • o almoço dos indicados ocorre em 13 de fevereiro;
  • a votação para os ganhadores acontece de 2 a 7 de março;
  • a cerimônia do Oscar 2023 está marcada para o dia 12 de março. 

A antecipação em duas semanas da festa em relação a este ano é bem melhor, evitando um alongamento desnecessário de uma corrida cansativa para todo mundo. Quanto às novas regras, foi reestabelecida a determinação dos filmes serem exibidos nos cinemas.  

Quanto ao Governors Awards, a Academia já definiu os homenageados da cerimônia marcada para o dia 19 de novembro. 

Com 13 derrotas em 13 indicações, a Diane Warren, pelo menos, irá ganhar o Oscar honorário.

Ao lado dela estarão os diretores Peter Weir, de filmes como “Sociedade dos Poetas Mortos” e “O Show de Truman”, e Euzhan Palcy, a primeira cineasta negra a ganhar uma estatueta dourada.

Já o prêmio humanitário fica com o Michael J. Fox pelo trabalho junto a pesquisas sobre o Mal de Parkinson. 

DE SUNDANCE A CANNES

Agora, vamos aos filmes.

O Festival de Sundance está prestigiado por conta de “Coda” ter saído de lá em 2021.

Este ano, porém, não parece promissor para o Oscar. 

Se dá para cravar algo vindo do festival de Utah é “Fire of Love”: o documentário da National Geographic foi exaltado pela crítica e público e deve estar no Oscar da categoria.

“Boa Sorte, Leo Grande” também se saiu bem e pode levar a Emma Thompson de volta ao Oscar após 27 anos. 

 Já “Cha Cha Real Smooth” quer surfar na onda de “Coda” para ser o feel good movie do ano, sendo a aposta da Apple para a temporada ao ser adquirida por US$ 15 milhões.

Porém, o filme saiu com menor entusiasmo de Sundance se comparado ao ganhador do Oscar deste ano.

Em Filme Internacional, o boliviano “Utama”, ganhador entre os filmes internacionais, é uma produção para ficar de olho. 

Vencedor do prêmio principal, “Nanny” merece ser visto com atenção tanto pelo histórico recente da categoria no Oscar como também por ser um filme sobre diferenças de classes sociais dentro de uma história de suspense sobrenatural.

O filme foi adquirido pela Amazon e a Blumhouse, mirando um repeteco do que ocorreu com “Corra”, em 2018. 

Já o Festival de Cannes rendeu menos do que o esperado, pelo menos, para as categorias principais. 

O vencedor da Palma de Ouro, “Triangle of Sadness”, é o candidato mais forte que saiu da Riviera Francesa.

Falado em inglês, o filme pode chegar na categoria máxima do Oscar com facilidade ainda que o humor ácido do Ruben Ostuland possa afastar certos setores da Academia.  

A Coreia do Sul se credenciou forte para Filme Internacional com “Broker”, novo longa do Hirokazu Koreeda.

Também não duvide do Song Kang-Ho cotado em Melhor Ator após ser premiado na França.

Falando na categoria, atenção ao Austin Butler, muito elogiado pelo desempenho como Elvis Presley. 

Exibido fora de competição, a produção recebeu 12 minutos de aplausos, uma das maiores ovações da edição.  

Já os novos filmes do David Cronenberg e do George Miller dividiram opiniões: houve quem os apoiasse totalmente, enquanto outros criticaram fortemente.

“Three Thousand Years of Longing” ainda vejo chance, já “Crimes of the Future” acho bem difícil.  

Destaco ainda a Michelle Williams bastante elogiada por “Showing Up”, nova parceria com a Kelly Reichart, e “Armageddon Time”, do James Gray, que foi bem, porém, saiu de mãos vazias do festival. 

CIRCUITO COMERCIAL

E chegamos aos lançamentos neste primeiro semestre. Diga-se de passagem, pouca coisa animadora mirando o Oscar.  

“Batman” foi um dos grandes filmes do ano com uma das maiores bilheterias de 2022 e bastante elogiado pela crítica.

A grande questão é saber se terá fôlego para chegar ao Oscar.

O apelo do público e o fantasma de “O Cavaleiro das Trevas” pode ajudar a Warner na campanha, porém, dependerá da safra a chegar no segundo semestre.  

Vejo chances de indicações para além das categorias técnicas a Melhor Filme e Roteiro Adaptado e possibilidades em Direção e Ator Coadjuvante com o Paul Dano.  

Outro blockbuster surpreendeu tanto que pode crescer no Oscar.  

“Top Gun: Maverick” caiu nas graças do público e crítica graças às ousadas cenas de ação feitas pelo próprio Tom Cruise, novamente em grande fase.

Para quem imaginava nomeação somente em som e canção original com Lady Gaga, agora, não me surpreenderei caso consiga chegar, por exemplo, a Melhor Montagem, onde o filme original foi nomeado em 1987. 

Em Melhor Animação, temos alguns candidatos já lançados como “Red”, “Os Caras Malvados”, “Tico e Teco” e “Lightyear”.

Até agora, nenhum deles se consolidou na dianteira, logo, a corrida está completamente aberta.  

“Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” mostrou como se explora um multiverso de verdade e foi a sensação deste primeiro semestre.

Aposto minhas fichas em uma indicação a Roteiro Original, pelo menos.

A Michelle Yeoh pode ser uma possibilidade em Melhor Atriz, caso a Academia não esquece o filme até janeiro de 2023.