Caio Pimenta apresenta uma lista de filmes para ficar de olho no Festival de Veneza 2022 mirando o Oscar 2023.

O HISTÓRICO DE VENEZA COM O OSCAR

O Festival de Veneza mudou o foco na última década: de um espaço para grandes autores do cinema europeu e alguns nomes importantes dos EUA, o evento passou a se concentrar nas estrelas de Hollywood e nas obras dos estúdios norte-americanos que miravam a temporada de premiações.  

Ser realizado em setembro, período em que os grandes festivais do segundo semestre acontecem, ajuda demais nas estratégias dos estúdios. Veneza também aproveita o match com a Netflix e serviços do gênero, diferente do que ocorre com Cannes, onde o streaming tem uma relação turbulenta. 

Fica visível a mudança de importância de Veneza para o Oscar quando a gente compara as seleções do evento italiano ao longo do tempo. 

Cisne Negro” foi o único da seleção de 2010 que vingou no Oscar do ano seguinte, enquanto 2011 não rendeu ninguém.“O Mestre” até rendeu o prêmio de Direção para o Paul Thomas Anderson na Itália, mas, ficou fora dos finalistas da Academia, enquanto, em 2013, “Philomena” fez a dobradinha Veneza-Los Angeles.  

Pode-se perceber a virada do olhar de Hollywood em 2014 com “Birdman”: a produção da Fox Searchlight Pictures foi lançada no festival com a presença do Alejandro Gonzalez-Iñarritu e do superelenco.  

A consolidação da nova visão sobre Veneza chega com a estreia fora da competição de “Spotlight” no ano seguinte. Para quem não lembra, as duas produções com o Michael Keaton venceram o Oscar. Em 2015, ainda vimos no festival os indicados “A Garota Dinamarquesa” e “Anomalisa”, além da então grande aposta da Netflix, “Beasts of No Nation”  

Dali em diante, Veneza viu em massa o lançamento de grandes candidatos ao Oscar: em 2016, tivemos “A Chegada”, “Jackie”, “La La Land”, “Animais Noturnos” e “Até o Último Homem”.

No ano seguinte, “A Forma da Água” levou o Leão de Ouro, êxito alcançado por “Roma” em 2018, “Coringa” em 2019 e “Nomadland” em 2020. Ano passado “Ataque dos Cães” rendeu à Jane Campion Melhor Direção tanto em Veneza quanto na Academia. 

MELHOR ATRIZ E MELHOR ATOR

A edição do Festival de Veneza 2022, entretanto, promete superar todas as demais em relação ao Oscar. Temos candidatos por todos os lados, vindos dos mais diversos cantos do planeta. 

Em Melhor Atriz, por exemplo, dois nomes devem chamar a atenção. 

A Netflix, finalmente, irá lançar o aguardado “Blonde”, novo e polêmico filme do Andrew Dominik.

As atenções estarão voltadas para Ana de Armas interpretando Marylin Monroe e sua tentativa de chegar ao Oscar pela primeira vez.

Cate Blanchett busca a terceira estatueta com “Tár”, projeto da Focus Features dirigido pelo Todd Field. 

E ainda tem a Tilda Swinton com “The Eternal Daughter”, novo longa da Joanna Hogg, conhecida por “The Souvenir”, e a Patricia Clarkson, a protagonista de “Monica”, do diretor italiano Andrea Pallaoro.  

Parece muito, né? Mas, isso é porque vocês não viram as possibilidades para Melhor Ator. 

O Hugh Jackman é a estrela de “The Son”, drama de Florian Zeller, diretor do excelente “Meu Pai”.

A produção faz parte da trilogia do francês e traz ainda no elenco Anthony Hopkins, Laura Dern e Vanessa Kirby.

“Bones & All” reúne o Timothée Chalamet com o Luca Guadagnino novamente após o sucesso de “Me Chame Pelo Seu Nome”. Vale ficar atento também para a Taylor Russell. 

Falando em reencontros, tem o Colin Farrell e o Martin McDonaugh em “The Banshees of Inisherin”.

Juntos, eles fizeram “Na Mira do Chefe” e “Sete Psicopatas e um Shih Tzu”.

O diretor está em alto por conta do sucesso de “Três Anúncios para um Crime”.

E, claro, não pode faltar o Brendan Fraser com sua transformação física impressionante em “The Whale”. 

Se eu quiser exagerar, ainda tem o Ricardo Darín com “Argentina, 1985”.

Aliás, os hermanos podem chegar de novo no Oscar de Filme Internacional. A conferir. 

MELHOR DIREÇÃO

Pensa que acabou?

Nada disso: dois queridos da Academia, o bicampeão Alejandro González Iñarritu e o Noam Baumbach lançarão os novos longas em Veneza. 

O mexicano chega com “Bardo” e seguirá os rumos do conterrâneo Alfonso Cuáron ao voltar para o país natal a partir de uma história pessoal.

Já o Baumbach adapta “Ruído Branco”, clássico da literatura dos EUA escrito pelo Don DeLillo.

Adam Driver, Greta Gerwig e Jodie Turner-Smith estão no elenco e bom ficar de olho para cada um deles nas categorias de atuações. 

E, por fim, tem “Não Se Preocupe, Querida”, suspense que deve fazer a temperatura subir em Veneza.

A Olivia Wilde já foi bastante elogiada com “Fora de Série” e, agora, parte para uma obra mais ousada ao lado do Harry Styles e Florence Pugh. 

E ainda tem os documentários do Frederick Wiseman e da Laura Poitras, gigantes do setor nos EUA.

É, Veneza será o grande esquenta para o Oscar 2023.