De “Napoleão” a “Barbie”, confira a segunda parte dos candidatos ao Oscar 2024 de Melhor Filme.

CHANCES MÉDIAS

Um pelotão grande de competidores surge neste momento com chances médias de ficarem entre os indicados. Para começar, um queridinho da cinefilia atual pode aparecer em dose dupla. 

Indicado neste ano por “Aftersun”, o Paul Mescal está nos elencos de “Foe” e “All of Us Strangers”.

Com previsão de estreia nos EUA para outubro após passar pelo Festival de Nova York, “Foe” é uma ficção científica do diretor Garth Davis, conhecido por “Lion”.

O ator está ao lado da Saoirse Ronan, nome sempre reconhecido pela Academia, vivendo um casal sobrevivendo em um futuro pós-apocalíptico.

Os nomes fortes envolvidos no filme o colocam inevitavelmente no radar do Oscar. 

“All of Us Strangers” saiu do Festival de Telluride cercado de elogios com grandes atuações do Paul Mescal e Andrew Scott.

Ambos interpretam um casal e o relacionamento delas faz o personagem do ator de “Fleabag” voltar às origens de onde cresceu em Londres. 

Também vindo da Searchlight Pictures temos “Next Goal Wins”. Finalmente, o Taika Waititi lançou a aguardada comédia sobre futebol em Toronto.

Apesar do prestígio do ganhador do Oscar de Roteiro Adaptado por “Jojo Rabbit”, o longa dividiu opiniões, principalmente, pela semelhança, pelo menos, temática com “Ted Lasso”.

Chega com menos força do que o longa estrelado pela Scarlett Johansson há quatro anos, mas, pode surpreender. 

O grande problema tanto para “All of Us Strangers” quanto para “Next Goal Wins” é a concorrência dentro da Searchlight Pictures, a qual já possui um dos maiores favoritos ao Oscar 2024.

“Origin” fez mais barulho no Festival de Veneza antes da exibição por ser a primeira vez que uma mulher negra concorria ao prêmio máximo do que em relação ao filme em si.

A crítica especializada aponta que a Ava DuVernay não consegue transpor de forma satisfatória o tremendo desafio de adaptar um ensaio de não ficção, gerando um filme abaixo do potencial.  

Para piorar, a Neon ainda conta com outros dois candidatos mais fortes: “Ferrari” e “Anatomy of a Fall”.

A superprodução com o Adam Driver também não brilhou em Veneza como esperado, porém, faz mais o perfil da Academia e pode abocanhar um número grande de indicações nas categorias técnicas, o que já o colocaria forte no jogo de Melhor Filme.

Por outro lado, Michael Mann é um diretor nem sempre prestigiado pela Academia, vide “Fogo Contra Fogo”, “Miami Vice” e “Inimigos Públicos”.  

Já “Anatomy of a Fall” quer manter o bom retrospecto recente de vencedores da Palma de Ouro indicados ao Oscar de Melhor Filme após “Parasita” e “O Triângulo da Tristeza”.

A força do longa pode ser ainda alavancada com a indicação quase certa da Sandra Huller em Melhor Atriz e com as boas chances da Justine Triet em direção.

Tem ótimas chances de ser o candidato de língua não-inglesa na categoria máxima da festa. 

A Netflix tem muitos candidatos ao segundo posto na preferência nesta corrida rumo ao Oscar 2024. 

“The Killer” é um deles. Saiu de Veneza bem-recebido, mas, longe de ser ovacionado.

Curiosamente, o David Fincher sempre se deu bem no Oscar longe dos thrillers – “Benjamin Button” e “A Rede Social” tiveram muito mais êxito em indicações do que “Seven”, “Zodíaco” e “Garota Exemplar”.

Muito provável que a sina se mantenha no ano que vem. 

“May December” surpreendeu ao não ter vencido nada no Festival de Cannes.

Considero improvável que a Academia não deixe passar batido Natalie Portman e Julianne Moore – pelo menos, uma delas será nomeada.

O risco, porém, é se repetir o que houve com “Carol”, também do Todd Haynes esnobado em Melhor Filme na edição de 2016. 

O streaming ainda pode apostar em “Rustin”.

Desde que foi anunciado, há uma expectativa enorme pelo Colman Domingo ser premiado em Melhor Ator interpretando o ativista dos direitos civis.

O filme cheira a Oscar com um grande elenco, uma história engajada de uma pauta importante em um ano fundamental para os EUA e com produção do casal Obama. 

Isso que pesa tão a favor, porém, também pode jogar contra, pois, filmes tão moldados para o Oscar caíram nos últimos anos – “Apresentando os Ricardos”, “Império da Luz” e “A Voz Suprema do Blues” são os casos mais recentes disso.  

Em Toronto, “Dumb Money” surpreendeu muita gente.

O novo longa do Craig Gillespie chamou a atenção pela forma inteligente e engraçada que retrata o sistema financeiro norte-americano a partir do caso da GameStop.

Hoje, o maior problema dele será se desvencilhar da comparação, quase que inevitável, de ser um novo “A Grande Aposta” e caminhar com pernas próprias. 

Exibido em Telluride, “Saltburn” empolgou menos do que prometia. Se o elenco e o visual do filme foram arrebatadores, o roteiro já não convenceu tanto assim.

A Emerald Fennell pode até ter força na Academia como ficou claro com “Bela Vingança”, mas, será preciso remar bastante. 

Agora, dois candidatos que são opostos: se um joga as fichas na grandiosidade, o outro apela para o intimismo. 

“Past Lives” foi um dos mais elogiados filmes do sofrível primeiro semestre.

Ganhou o carinho da crítica e da cinefilia com sua história romântica e melancólica ao mesmo tempo.

Se a Celine Song e a Greta Lee, respectivamente, em Direção e Atriz terão concorrência pesada para serem indicadas, vejo a nomeação a Roteiro Original quase garantida.

E talvez seja justamente ela a garantidora da vaga na categoria máxima. 

Já “Napoleão” é uma verdadeira incógnita: o épico pulou os festivais deste segundo semestre e será lançado direto nos cinemas.

Se fosse um Steven Spielberg ou Martin Scorsese que, quase sempre, fazem um grande filme atrás do outro, ok, mas, o Ridley Scott não inspira a mesma confiança.

Os últimos épicos do diretor – “Cruzada”, “Robin Hood”, “Êxodo” e “O Último Duelo” – passaram longe do radar do Oscar.

A esperança aqui reside mesmo em Joaquin Phoenix. 

GRANDES CHANCES DE INDICAÇÃO

Chegamos então à turma que vejo com grandes chances de estarem entre os indicados ao Oscar 2024 de Melhor Filme.  

“The Holdovers” tenta retomar as pazes do Alexander Payne com a Academia após o fiasco de “Pequena Grande Vida”.

E pela repercussão em Telluride, tudo indica que o match deve acontecer.

A retomada da parceria com o Paul Giamatti foi bastante elogiada com o ator já sendo colocado na mira da categoria máxima masculina. Da’Vine Joy Randolph também se saiu muito bem junto à crítica.

A tendência é que seja aquele candidato com muitas nomeações nas categorias principais e alguma chance em Roteiro Original, compensando a ausência nas áreas técnicas. 

“A Cor Púrpura” chega para vingar o clássico romance da Alice Walker após a adaptação do Steven Spielberg sair zerada do Oscar em 1986.

Se o Blitz Bazawule trouxer o arrojo visto em “Black is King”, álbum visual da Beyoncé, e o elenco estiver na melhor forma, o musical tem tudo para emplacar no Oscar.

Porém, vale ficar atento às dificuldades recentes do gênero na festa: desde de “La La Land”, somente “Amor, Sublime Amor” emplacou entre os finalistas. 

“The Zone of Interest” é badalado há muito tempo: foi disputado a tapa pelos festivais de Cannes e Veneza e, quando foi exibido, arrancou elogios no evento francês.

Venceu o Grande Prêmio do Júri. Agora, passou por Telluride e novamente aclamado.

Hoje, acredito que somente uma tragédia o tira de Melhor Filme e Roteiro Adaptado, o qual, aliás, briga forte pela estatueta. 

“Maestro”, hoje, é quem está mais ameaçado destes grandes candidatos.

Não que o filme tenha ido mal em Veneza, mas, sair sem prêmios deixou uma sensação amarga ao longa do Bradley Cooper, um risco previsível da estratégia da Netflix de colocá-lo na disputa do Leão de Ouro.

Ainda assim, foi bem acolhido pela crítica e a tendência é que seja candidato forte até por conta das diversas categorias que tende a ser nomeado – das categorias passando por roteiro original e atuações. 

A vitória para “Maestro”, entretanto, não acho que será possível. Para fechar este vídeo, vamos a outro candidato que chega com fortes chances de ser indicado a Melhor Filme. 

Maior do que qualquer resistência seja lá de que natureza, dificilmente, a Academia deixará passar “Barbie”, o maior fenômeno pop dos cinemas nos últimos anos.

O sucesso da Warner Bros tende a repetir o feito de hits que conseguiram superar as expectativas e chegarem ao Oscar de Melhor Filme, casos de “Pantera Negra” e “Top Gun: Maverick”.

Igual a estes, porém, as possibilidades de vitória devem ser nulas, o que não apaga em nada o feito de aparecer na categoria máxima da festa.