Caio Pimenta completa as previsões finais para as indicações ao Oscar 2024.

MELHOR FILME 

  1. Oppenheimer
  2. Pobres Criaturas
  3. Assassinos da Lua das Flores
  4. Barbie
  5.  Os Rejeitados
  6. Anatomia de uma Queda
  7. Vidas Passadas
  8. American Fiction 
  9. Maestro
  10. Zona de Interesse

Possível: Saltburn, A Cor Púrpura, Segredos de um Escândalo 
Corre por Fora: Todos Nós Desconhecidos, Origem, Homem-Aranha Através do Aranhaverso, Air – A História por Trás do Logo

A categoria mais importante do Oscar deve repetir um dos seus precursores, o PGA Awards. 

Não há dúvidas que “Oppenheimer”, “Pobres Criaturas”, “Assassinos da Lua das Flores”, “Barbie”, “Os Rejeitados”, “American Fiction” e “Vidas Passadas” sejam indicados. Mesmo com toda a fase ruim perante a crítica e o público, “Maestro” será o candidato da Netflix. A presença na lista do sindicato dos produtores de “Anatomia de uma Queda” e “Zona de Interesse”, algo até então inédito, mostra como a possível resistência a duas produções de língua não-inglesa em Melhor Filme não existe mais. 

Se “Segredos de um Escândalo” parece ter subido no telhado com os prêmios dos sindicatos, “A Cor Púrpura” se agarra na esperança da aparição inesperada no SAG de Melhor Elenco. Para os dois, a indicação soa improvável. Também de longe aparecem “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”, “Todos Nós Desconhecidos” e “Origem” – vale destacar, porém, que a Ava DuVernay chegou com “Selma” nomeado apenas em Melhor Filme e Canção Original. 

Considero “Saltburn” como o distante 11o colocado desta corrida quase decidida. Aqui, pesaria uma possível indicação a Roteiro Original e o apoio dos britânicos para emplacar dois filmes na categoria. A questão é aparecer bem-posicionado em uma lista de sistema preferencial sendo tão divisivo. Improvável… 

MELHOR DIREÇÃO

  1. Christopher Nolan, por “Oppenheimer”
  2. Martin Scorsese, por “Assassinos da Lua das Flores”
  3. Yorgos Lanthimos, por “Pobres Criaturas”
  4. Greta Gerwig, por “Barbie”
  5. Justine Triet, por “Anatomia de uma Queda”

Possível: Alexander Payne, Jonathan Glazer 
Corre por Fora: Cord Jefferson, Celine Song 

A trinca Christopher Nolan, Martin Scorsese e Yorgos Lanthimos está mais do que certa em Melhor Direção. Greta Gerwig é outro nome garantido na categoria. A disputa fica, novamente, pela quinta vaga entre Justine Triet, Alexander Payne e Jonathan Glazer.  

O Alexander Payne é velho conhecido da categoria com três indicações – todas em anos que, veja só, o Scorsese concorria – e faz uma direção de clara homenagem ao cinema setentista, algo sempre valorizado pela indústria de reconhecer quem veio anteriormente. Já o Jonathan Glazer apresenta um comando fora do tradicional, utilizando muito bem da linguagem cinematográfica para criar a atmosfera de normalidade perante o horror. Por fim, a Triet faz do drama de tribunal um grande palco para uma abordagem política e social contundente sem esquecer do mistério de longas do gênero.  

Acredito que a Academia ficará com a Triet igualando, desta forma, o recorde mulheres na categoria ocorrido em 2021. 

MELHOR ATOR 

  1. Paul Giamatti, por “Os Rejeitados” 
  2. Cillian Murphy, por “Oppenheimer”
  3. Jeffrey Wright, por “American Fiction” 
  4. Bradley Cooper, por “Maestro” 
  5. Colman Domingo, por “Rustin”

Possível:Leonardo DiCaprio 
Corre por Fora: Andrew Scott, Barry Keoghan 

Um dos mistérios da manhã de indicações do Oscar 2024 será saber quem fica com a última vaga de Melhor Ator.  

O Colman Domingo foi a novidade da lista do SAG superando o Leonardo DiCaprio. O ator interpreta Bayard Rustin, grande parceiro de Martin Luther King e um dos responsáveis pela histórica marcha de 1963 em Washington. É um personagem muito mais palatável para os votantes do que Ernest Burkhart, o desprezível protagonista de “Assassinos da Lua das Flores”. Por outro lado, o longa do Martin Scorsese certamente será muito mais visto do que “Rustin”, pesando a favor do vencedor do Oscar.  

OFF: Os britânicos, entretanto, podem puxar o Barry Keoghan caso “Saltburn” avance mais do que o esperado. Trata-se de um ator cada vez mais querido na indústria e em alta na Academia desde o ano passado por “Os Banshees de Inisherin”. Corre por fora o Andrew Scott, de “Todos Nós Desconhecidos”.  

Difícil demais apontar com toda a certeza do mundo, mas, jogarei minhas fichas no Colman Domingo até pela votação para as indicações ter acabado justo na semana do feriado de Martin Luther King. Seria um sinal.  

Paul Giamatti, Cillian Murphy, Jeffrey Wright e o Bradley Cooper estão garantidos. 

MELHOR ATRIZ 

  1. Emma Stone, por “Pobres Criaturas”
  2. Lily Gladstone, por “Assassinos da Lua das Flores”
  3. Carey Mulligan, por “Maestro” 
  4. Margot Robbie, por “Barbie” 
  5. Sandra Huller, por “Anatomia de uma Queda” 

Possível: Annette Bening, Greta Lee 
Corre por Fora: Cailee Spaeny, Fantasia Barrino 
Azarã: Aunjanue Ellis-Taylor 

Emma Stone e Lily Gladstone são as favoritas para o prêmio. A Carey Mulling irá se sustentar mesmo com “Maestro” cambaleando. Margot Robbie está no hit do ano e conta com muita força em Hollywood para ser deixada de lado – a única hipótese de isso acontecer é uma possível rejeição forte a “Barbie”. A única diferença para a lista do SAG será a saída da Annette Bening pela Sandra Huller, de “Anatomia de uma Queda”.  

Em menor escala, a Annette Bening sofre do que ocorreu com a Glenn Close em 2019, ou seja, um filme fraco disputando contra os principais candidatos. Todas as candidatas estão em produções que serão indicadas na categoria máxima, enquanto “Nyad” joga tudo nas costas dela e da Jodie Foster. Em uma corrida tão equilibrada, é um fator decisivo.  

A Greta Lee corre por fora assim como a Cailee Spaeny e a Fantasia Barrino. Já a Aunjanue Ellis chega para ser a Andrea Riseborough deste ano com uma campanha de última hora puxada por outras atrizes. Desta vez, porém, não acho que o raio caia duas vezes no mesmo lugar. 

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL 

  1. Os Rejeitados 
  2. Anatomia de uma Queda 
  3. Vidas Passadas 
  4. Segredos de um Escândalo 
  5. Saltburn 

Possível: Maestro, Air
Corre por Fora: Asteroid City, Rustin

“Os Rejeitados” e “Anatomia de uma Queda” não apenas estão garantidos como disputam quem chega como favorito ao Oscar de Roteiro Original. “Vidas Passadas” vem logo atrás. 

Daí, o negócio fica embolado. Apesar dos tombos recentes, acredito na quarta vaga para “Segredos de um Escândalo”. Pode ser a única categoria principal do longa da Netflix. Por fim, vejo a Emerald Fennell ficando com a última indicação tanto pelo prestígio de já ter vencido o Oscar como pela força dos britânicos e a fraqueza dos concorrentes. 

Quando falo de fraqueza me refiro, claro, a “Maestro”: mesmo com boas chances em diversas categorias técnicas, a cinebiografia do Leonard Bernstein virou uma espécie de patinho feio da temporada sendo alvo de diversas críticas por todos os lados. Nas disputas principais, direção já era e o roteiro vai pelo mesmo caminho. Para mim, aparece no sexto lugar nesta corrida. 

“Air”, “Asteroid City” e “Rustin” estão mais atrás, mas, em uma categoria com tantos candidatos que não se firmam, seriam aquelas surpresas que não causariam tanto choque assim.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO 

  1. Oppenheimer 
  2. Assassinos da Lua das Flores 
  3. Pobres Criaturas 
  4. Barbie 
  5. American Fiction 

Possível: Zona de Interesse, Todos Nós Desconhecidos 
Corre por Fora: Crescendo Juntas, Origem 

Roteiro Adaptado é a categoria em que os principais rivais de “Oppenheimer” sonham com uma vitória de consolação. O mistério é saber se o Christopher Nolan irá deixar. 

“Oppenheimer”, com certeza, estará na disputa assim como “Assassinos da Lua das Flores”. O épico poderia render uma inédita estatueta para o Martin Scorsese, amenizando possíveis críticas à Academia por conta das prováveis derrotas em Filme e Direção. O Tony McNamara é outro nome certo por “Pobres Criaturas”, enquanto o Cord Jefferson também deve ficar com a vaga por “American Fiction”. 

Deslocado para os adaptados após tentar a vaga entre os originais, “Barbie” traz como principal ativo o casal Greta Gerwig e Noah Baumbach. Ambos possuem duas indicações de roteiristas cada e escapam da cilada de fazer uma história apenas de promoção da boneca para expandir ao satirizar o machismo e exaltar o feminino. 

A questão será saber como “Barbie” irá se encaixar de volta aos adaptados em uma corrida que estava bem definida até algumas semanas atrás e, principalmente, como será encarado em meio a uma série de filmes considerados “mais sérios”.  

As indicações ao USC Scripter Awards levantaram este alerta com Noah e Greta preteridos no lugar de “Origem”, de Ava DuVernay. Desde Veneza, há uma grande admiração por este trabalho pelo fato de ser drama adaptado de uma obra de não-ficção escrita por Isabel Wilkerson carregando ainda nas questões raciais norte-americanas em um período que, infelizmente, o assunto volta à tona com o favoritismo de Donald Trump nas eleições norte-americanas. A Variety aponta que há uma grande possibilidade de “Origem” ser uma das surpresas das indicações e, na minha visão, caso aconteça, vejo reais chances de acontecer aqui. 

Claro que “Zona de Interesse” pode ser uma alternativa muito interessante: antes de “Barbie” mudar para os adaptados, o Jonathan Glazer estava consolidado na quinta vaga. Se um dos favoritos bobear, o britânico é o candidato natural. “Todos Nós Desconhecidos” e “Crescendo Juntas” correm bem por fora. 

MELHOR FILME INTERNACIONAL 

  1. Zona de Interesse 
  2. A Sociedade da Neve
  3. Folhas de Outono
  4. O Sabor da Vida
  5. 20 Days in Mariupol

Possível: Perfect Days, Totém, The Teacher´s Lounge 
Corre por Fora: Io Capitano 

Em 2023, a Academia priorizou as produções europeias com quatro indicados do Velho Continente em Filme Internacional. Infelizmente, este ano, tudo indica que a novela se repetirá. 

Presente no PGA, o britânico “Zona de Interesse” aparece como favorito principal para ganhar a categoria. O drama do Jonathan Glazer, entretanto, precisa abrir o olho por conta de “A Sociedade da Neve”: o filme espanhol chega com o aporte financeiro da Netflix e traz a grandiosidade que remete ao cinema americano. A presença em outras categorias pode fortalecer o longa do J.A Bayona. 

Após uma boa participação no Globo de Ouro, “Folhas de Outono” tem tudo para dar a primeira indicação da história da Finlândia. Mesmo com a sombra da escolha que deveria ser de “Anatomia de uma Queda”, “O Sabor da Vida” deve levar a França mais uma vez ao Oscar.  

Por fim, sobram candidatos à última vaga com o ucraniano “20 Days in Mariupol”, o mexicano “Totém”, o alemão “The Teacher´s Lounge”, o italiano “Io Capitano” e o japonês “Perfect Days”. Acredito que será “Mariupol” a ficar com a última vaga, repetindo o que houve no Bafta em houve dobradinha na categoria e documentário. 

De qualquer modo, cenário bem imprevisível. 

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA 

  1. Oppenheimer 
  2. Pobres Criaturas 
  3. Assassinos da Lua das Flores 
  4. Zona de Interesse 
  5. O Conde 

Possível: Saltburn, Maestro, Ferrari 
Corre por Fora: Barbie, Napoleão 
Azarão: A Sociedade da Neve 

Direção de fotografia é mais uma categoria em que “Oppenheimer” está tranquilo. Tudo aponta para uma vitória sossegada do Hoyte Van Hoytema. O mexicano Rodrigo Prieto deve chegar à quarta indicação e quarta derrota com “Assassinos da Lua das Flores”. Com “Pobres Criaturas”, o Robbie Ryan retornará ao Oscar após a indicação por “A Favorita”, outra parceria com Yorgos Lanthimos. O Edward Lachman chega com o chileno “O Conde”. A única diferença em relação ao ASC, prêmio do sindicato, será a saída de “Maestro” para a entrada de “Zona de Interesse”. 

Claro que “Maestro” pode surgir entre os finalistas assim como “Saltburn” e “Ferrari”. Correm por fora “Napoleão” e “Barbie”, também executado pelo Rodrigo Prieto. O azarão é o Pedro Luque, de “A Sociedade da Neve”. 

MONTAGEM

  1. Oppenheimer 
  2. Assassinos da Lua das Flores 
  3. Anatomia de uma Queda 
  4. Barbie 
  5. Os Rejeitados 

Possível: Pobres Criaturas, Saltburn 
Corre por Fora:  Maestro, Ferrari 

A Montagem é uma das bases do cinema desde que ele existe. Por isso, estar presente na categoria é fundamental para quem briga por Melhor Filme. De 1981 a 2013, por exemplo, todo ganhador da categoria máxima foi indicado em Montagem. A tendência é que isso ocorra para este ano. 

“Oppenheimer” chega como franco favorito graças à Jennifer Lame, habitual parceira de trabalho do Christopher Nolan. A Thelma Schoonmaker também deverá estar na lista com “Assassinos da Lua das Flores”. “Anatomia de uma Queda”, “Barbie” e “Os Rejeitados” devem completar os indicados. 

Como Montagem sempre traz os principais filmes da temporada, não dá para desconsiderar “Pobres Criaturas”. “Maestro” e “Ferrari” correm bem por fora. 

CANÇÃO ORIGINAL 

  1. What Was I Made For?, de “Barbie” 
  2. I´m Just Ken, de “Barbie” 
  3. Road to Freedom, de “Rustin” 
  4. Flamin’ Hot, de “The Fire Inside” 
  5. It Never Went Away, de “American Symphony 

Possível: “Dance the Night”, “High Life”, “Wahzhazhe (A Song for My People)” 
Corre por Fora: “Am I Dreaming?”, “Quiet Eyes” 

O prêmio de Melhor Canção Original pode render um momento histórico para o Oscar. 

Se vencer com “What Was I Made For?”, a Billie Eilish se torna a artista mais jovem da história a ganhar duas estatuetas da Academia. Antes, ela terá que combinar com “I´m Just Ken”, rival vindo também de “Barbie”. Nesta temporada, cada uma venceu um prêmio.  

O Lenny Kravitz pretende ser a zebra com “Road to Freedom”, canção-tema de “Rustin”.  Ano passado, o roqueiro se apresentou na festa com o hit “Calling All Angels” no In Memoriam.  

Dianne Warren luta para chegar à décima-quinta indicação com “Flamin´ HOT”, de “The Fire Inside”. Seria mais uma nomeação por um filme aleatório, repetindo o que ocorreu com “Elas por Elas”, “Quatro Dias com Ela” e “Superação – O Milagre da Fé” para ficar nos casos mais recentes. Aposto no Jon Batiste com “It Never Went Away”, de “American Symphony”, para ficar com a última vaga. 

Uma dúvida que fica é sobre a Dua Lipa: pelas regras do Oscar, somente duas músicas do mesmo filme podem concorrer e as candidatas de “Barbie” parecem muito cristalizadas. Mas, como dispensar uma das maiores estrelas pops do momento, lançando novo disco, com um hit bombando e que está indo a todas as premiações até aqui? Não duvido nada que a Academia a coloque para abrir a noite com “Dance the Night” mesmo que não venha a ser indicada. 

“High Life”, de “Flora e Filho”, e “Wahzhazhe (A Song for My People)”, de “Assassinos da Lua das Flores”, também tem chances de aparecer. “Am I Dreaming”, de “Homem-Aranha Através do Aranhaverso”, e “Quiet Eyes”, de “Vidas Passadas”, correm por fora.