Após episódios monótonos, “Boto” deu uma leve avançada nos capítulos 6 e 7, em exibição na TV Ufam (Canal 8 na Net Digital) até a próxima quinta-feira (11). Grande parte disso se deve ao foco prioritário nos relacionamentos entre os cinco protagonistas, aprofundando seus conflitos, diferenças e as angústias.
Intitulado “Biquíni”, o sexto episódio inicia com Betina (Dinne Queiroz) vagando pelo Centro de Manaus após fugir do hospital. Preocupados, os quatro amigos resolvem sair à procura dela, indo muito além da capital amazonense. Dentro do expediente adotado por “Boto” até aqui, não é preciso ser um ás do roteiro para saber que teremos aquele tour por Manaus: Museu da Cidade, os grafittes dos viadutos da Constantino Nery, Praça do Congresso e da Polícia, Avenida Getúlio Vargas estão no roteiro da vez. Mesmo que não tenha tanta utilidade assim para a narrativa, não nego que seja charmoso ver a cidade representada tão bem em todas suas potências e incongruências.
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A grande força do episódio se apresenta quando o grupo chega nas cachoeiras de Presidente Figueiredo. As tensões decorrentes do namoro de Betina com Valdomiro (Lucas Wickhaus), devido aos questionamentos em relação à própria identidade de gênero dele, crescem a um ponto de explodirem em tela, o que acaba por ter reflexo em Alex (Renan Tenca) e Giordano (Ítalo Almeida). “Biquíni” deixa claro o quanto “Boto” funciona mais ao focar em seu quinteto de protagonistas e em suas relações como um grupo e não apenas em seus pequenos núcleos. Não é por acaso o capítulo trazer a cena mais singela da série até aqui ao mostrá-los brincando nas cachoeiras.
LINDA, LINDA, MAS…
Já o sétimo episódio, “Neve em Manaus” mantém o foco nos conflitos em alta entre Betina e Valdomiro ao mesmo tempo em que amplifica o drama do rapaz ao mostrar o rompimento do contrato com o Maracutaia´s Bar após a ausência dele em um show de Val dos Prazeres – aliás, destaco aqui a divertida aparição de Thaís Vasconcelos como Antônia em sua mistura de português com inglês embromation e também de Eric Lima como Jonas, sempre elétrico no palco.
Chama atenção também como, mesmo diante de um discurso progressista de liberdade sexual e relacionamentos abertos, o sentimento de posse e a idealização do amor ainda persistem naqueles jovens e as quebras destas confianças os machucam de forma como não imaginavam ser capazes, algo elaborado de forma sutil pelo roteiro da série.
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Por outro lado, de todos os protagonistas, Lara é quase uma nulidade. Tira fotos, passeia, vai para lá e vai para cá, plana por Manaus, como diz Alex em um poema no meio do episódio. Ela envolve-se sem se envolver, não se irrita nem apresenta nenhum tipo de dilema existencial. Talvez possa ser o ‘Boto’, mas, para tanto, precisaria de um certo encanto. Ah, mas, ela é bela. Sim, de fato, é linda, mas, poderia ir além disso para entregar o mínimo de personalidade. A idealização de Lara elevada ao ápice em “Neve em Manaus” apenas deixa claro como Daniela Blois pouco pode fazer com o que tem em mãos.
Quem sabe isso não muda nos episódios 8 e 9 de “Boto”? As exibições iniciam na próxima sexta-feira (12), a partir das 23h, dentro do programa Cine Narciso Lobo.