Caio Pimenta analisa os resultados do PGA e WGA, respectivamente, os prêmios dos sindicatos dos Produtores e Roteiristas para o Oscar 2021.
SINDICATO DOS PRODUTORES
O PGA Awards, prêmio do Sindicato dos Produtores dos EUA, é um evento fundamental na temporada de premiações. Afinal de contas, o histórico dele bate muito com o do Oscar.
Criado em 1990, o PGA Awards viu o vencedor de Melhor Filme repetir o feito no Oscar em 21 vezes. Isso inclui desde os primeiros ganhadores como “Conduzindo Miss Daisy”, “Dança com Lobos” e “O Silêncio dos Inocentes” passando pelos oito anos em que os resultados coincidiram de “Onde os Fracos não têm vez” a “Birdman” até os recém-premiados “A Forma da Água” e “Green Book”. No ano passado, porém, o PGA foi de “1917”, enquanto a Academia ficou com “Parasita”.
Em 2021, o PGA escolheu “Nomadland” como Melhor Filme do ano em cerimônia realizada no último dia de 24 de março. Essa conquista apenas reforça o quanto a produção da Chloé Zhao é o candidato a ser batido nesta temporada de premiações. Aqui, no Cine Set, eu já citei os motivos que levam o longa a ser o favorito para o Oscar 2021 e essa vitória sacramenta essa força.
Apesar de não sido elegível no WGA Awards e estar fora de Melhor Elenco no SAG, “Nomadland” é a produção que não apenas tem um grande carinho de parte da indústria como também não desperta maiores antipatias. Isso é algo decisivo para corridas de sistemas de listas preferenciais como o Oscar e o próprio PGA. O projeto da Searchlight Pictures deve figurar quase sempre nas primeiras posições.
Levando em consideração que Chloé Zhao também deve vencer o DGA, o prêmio do Sindicato dos Diretores, “Nomadland” pode chegar ao Oscar repetindo uma dobradinha vista pela última vez com “Birdman”, em 2015.
SINDICATO DOS ROTEIRISTAS
O prêmio do Sindicato dos Roteiristas aconteceu no último dia 21 de março e teve resultados surpreendentes.
Emerald Fennell, de “Bela Vingança”, passou na frente do Aaron Sorkin, de “Os Sete de Chicago”, e venceu Melhor Roteiro Original. Já “Borat 2” ganhou dos favoritos “A Voz Suprema do Blues” e “Uma Noite em Miami” em Melhor Roteiro Adaptado.
Aqui, o impacto para o Oscar é mais difuso do que do Sindicato dos Produtores. O WGA, por exemplo, exige que os roteiristas sejam membros da entidade para concorrerem ao prêmio.
Desta forma, muitos candidatos em potencial acabam ficando de fora por não terem esta filiação, como ocorreu com o Tarantino em anos anteriores. Em 2021, as ausências maiores foram de “Nomadland” em Roteiro Adaptado e “Minari” entre os originais.
Quanto aos resultados, em Roteiro Adaptado, a vitória de “Borat 2” demonstra como o filme da Chloé Zhao deve reinar como favorito no Oscar. Acho improvável demais que a comédia com o Sacha Baron Cohen repita o feito na Academia. Talvez quem mais ameace “Nomadland” seja “Meu Pai”, adaptação da peça do diretor Florian Zeller e que também não esteve indicado no WGA.
Já em Roteiro Original, ali temos um fato mais relevante.
A vitória de “Bela Vingança” mostra como a produção cresceu na disputa. Afinal, “Os Sete de Chicago” com a força de Aaron Sorkin surgia como favorito desde o início da temporada de premiações em Roteiro Original. O contexto feminista do filme de Emerald Fennell casa com um Oscar em que esta temática ganha protagonismo pesado.
A indicação da Fennell em Direção no Oscar no lugar do Sorkin e a vitória no WGA mostram como “Bela Vingança” não apenas passou “Os Sete de Chicago” como se coloca hoje, junto com “Minari”, como os rivais para impedir o impossível: a vitória de “Nomadland” em Melhor Filme.