De “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” a “Lee”, conheça a primeira parte das previsões iniciais para o Oscar 2024 de Melhor Filme.

AZARÃO

Para começar, vamos falar daquela turma que surge como azarão, aqueles com pouquíssimas chances de surgir na briga de Melhor Filme. O primeiro deles é “The Boys in the Boat”, novo longa dirigido pelo George Clooney.  

Em outros tempos, um drama histórico sobre o grupo de remadores norte-americanos que enfrentaram todas as dificuldades para ganhar o ouro olímpico em 1936 em plena Alemanha nazista seria um Oscar bait fácil.  

Porém, o George Clooney anda em uma fase tão medíocre desde 2014 com uma série de filmes que prometem, mas, não entregam nada que fica acreditar que ele dará a volta por cima desta vez.

Para piorar, a MGM traz concorrentes mais cotados do que ele, logo, acho que “The Boys in the Boat”, com o perdão do trocadilho, vai afundar. 

“Cassandro” é um filme da safra de Sundance que tentará chance no Oscar, mas, vejo apenas possibilidades de ser um meio para o Gael García Bernal ser nomeado a Melhor Ator.

Dificilmente, deve conseguir feitos maiores.

Apesar do Timothée Chalamet ser prestigiado na indústria e o Paul Feig ter feito o adorável “Paddington”, “Wonka” precisa ser um fenômeno muito grande no Natal para se credenciar à festa da Academia.

Hoje, vejo apenas como uma produção forte para as categorias técnicas. 

“El Conde” foi surpreendido ao não ser o escolhido para representar o Chile em Filme Internacional.

O sucesso de críticas em Veneza somado à curiosa história de trazer Pinochet como um vampiro de 250 anos pode fazer com a Netflix resgate à produção nos moldes do que fez Harvey Weinstein com “Cidade de Deus”.

Ainda assim, começa a temporada bem por baixo.  

Fechando o time dos azarões, “Asteroid City” saiu de Cannes sem prêmio algum, mas, está sendo gradativamente lembrado nas discussões sobre o Oscar.

O Wes Anderson, entretanto, parece já não encantar mais tanto a Academia como antigamente – vide a esnobada total em relação à “A Crônica Francesa”.  

CORRENDO POR FORA

De todos colocados como azarões, “Asteroid City” é o único que vejo com uma mísera possibilidade graças ao elenco de peso para o próximo nível da disputa: a turma que corre por fora. 

É aqui que estão as animações, não indicadas a Melhor Filme desde “Toy Story 3” em 2011.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” foi um dos raros blockbusters unânimes junto ao público e crítica, sendo, inclusive, considerado superior ao original, ganhador de Melhor Animação em 2019.

Com chances de surpreender em categorias técnicas como montagem, o filme, porém, pode enfrentar resistências pelo ritmo acelerado demais para certas alas da Academia e o final que não se fecha da melhor maneira, podendo gerar a sensação de que é melhor esperar o terceiro longa para, finalmente, indicá-lo. 

A alternativa pode ser “The Boy and the Heron”. A animação do Studio Ghibli faz uma carreira bem-sucedida nos cinemas japoneses e está sendo considerado como o mais novo clássico do Hayao Miyazaki.

Prestígio na Academia, o mestre oriental tem de sobra, afinal, “A Viagem de Chihiro” ganhou o Oscar em 2003 superando as principais animações americanas daquela temporada.

Ainda pesa a favor a possibilidade de ser a última chance do Oscar poder nomeá-lo, visto que ele estava aposentando antes de “The Boy and the Heron”.  

O Miyazaki precisará de uma campanha pesada em Hollywood para conseguir esta nomeação.

Agora, indo para os dramas históricos, “Freud´s Last Session” com o Anthony Hopkins, e “Lee” com a Kate Winslet, são produções dependentes justamente das suas estrelas.

Caso estejam muito bem e com chances de nomeação, os astros poderão impulsionar a veia tradicionalista da Academia e indicá-los.  

“Leave the World Behind” não pode ser nunca descartado totalmente, afinal, o elenco conta com Julia Roberts, Denzel Washington, Ethan Hawke e Mahershala Ali.

E a produção é do casal Barack e Michelle Obama. Porém, a concorrência pesada dentro da Netflix pode atrapalhar as pretensões do longa.

A estreia no American Film Institute, em outubro, deve nortear melhor o que esperar do drama. 

“A Thousand and One” traz como principal ativo ser o vencedor do Festival de Sundance deste ano. A estratégia de lançar o filme ainda em março deste ano, porém, não foi das melhores. A produção vai ter que remar para não terminar esquecido. 

“Priscilla” saiu de Veneza com grandes elogios por parte da crítica, sendo considerado um dos melhores trabalhos recentes da Sofia Coppola.

Por outro lado, a Academia pode estar saturado do tema Elvis Presley após a cinebiografia do Baz Luhrmann, fora que a diretora não emplaca no Oscar desde “Maria Antonieta”, isso mesmo com obras prestigiadas como “Um Lugar Qualquer”, “Bling Ring” e “O Estranho que Nós Amamos”. 

“Nyad” está mais para ser um meio da excelente Annette Bening finalmente vencer o Oscar do que buscar maiores pretensões em Melhor Filme.

E “The Book of Clarence”, neste momento, corre por fora, mas, pode subir caso seja aquele candidato de última hora.

Afinal, a comédia com Lakeith Stanfield ambientada em Jerusalém durante a ascensão de Jesus Cristo tem uma história capaz de ou gerar um grande filme ou ser uma bomba completa. 

CANDIDATOS A SURPRESA

Para fechar, hora de conhecer quem pode surpreender e aparecer em Melhor Filme. 

“Bob Marley: One Love” está sendo pouco falado neste momento, mas, uma cinebiografia de um dos maiores nomes da história da música dirigida pelo cara que rendeu o primeiro Oscar ao Will Smith não dá para ser deixada de lado.

Claro que a saturação do gênero por conta das recentes nomeações de “Bohemian Rhapsody” e “Elvis” pode pesar, mas, justamente este histórico permite à Paramount Pictures apostar pesado. 

“One Life” traz o Anthony Hopkins interpretando Nicholas Winton, um sujeito que, pelas ações humanitárias, passou a ser chamado de “o Oskar Schindler britânico”. O elenco traz ainda Helena Bonham Carter e Jonathan Pryce. 

Tem muita cara de Oscar de antigamente, agora, se vai conseguir convencer os atuais votantes é o mistério.

“The Bikeriders” saiu de Telluride recebendo elogios ainda que não entusiasmados.

O drama tenta tirar o Jeff Nichols do hall dos diretores subestimados e, para isso, ele conta no elenco com o Austin Butler e Jodie Comer, astros em ascensão em Hollywood.

Ser a principal aposta da 20th Century Studios na temporada pode ajudar a produção. 

“Evil Does Not Exist” conta com a força do Ryusuke Hamaguchi, o qual surpreendeu muita gente ao emplacar “Drive my Car” em Melhor Filme na edição 2022.

Dependendo de como for recebido em Veneza, pode repetir o feito de novo. 

Por fim, “Air – A História por Trás do Logo” quer beliscar alguma das últimas vagas de Melhor Filme. Lançado no primeiro semestre do ano, a produção ficou longe de ser um sucesso de bilheteria e não teve grande impacto também junto à crítica.

Por outro lado, estamos falando de um filme que exalta um dos maiores astros esportivos dos EUA e a capacidade empresarial do país.

Tudo isso embalado com nostalgia, um elenco peso-pesado e a força da Amazon MGM Studios. 

Se uma produção tão média como “Air” está sendo falada na indústria até este momento prova como o filme não é fogo de palha nesta temporada.

Pode surpreender e bastante.