De Heath Ledger a “Cidade de Deus”, Caio Pimenta apresenta uma lista com os 10 momentos mais marcantes do Oscar na década de 2000.

10. JORGE DREXLER 

Para começar a lista, vamos no Oscar de Canção Original em 2005. 

Música de “Diários de Motocicleta”, “Al Otro Lado Del Rio”, de Jorge Drexler, foi indicada, porém, o compositor uruguaio era um completo desconhecido para o mercado dos EUA.

A Academia teve, então, a péssima ideia de tirar Drexler de apresentar a canção, colocando Antonio Banderas para interpretá-la e o mestre da guitarra Santana para tocá-la.

Apesar de todo o esforço, a dupla destruiu “Al Otro Lado Del Rio”. 

Ao receber o Oscar, Drexler se vingou e, em vez de agradecimento protocolar, cantou por breves instantes trechos da música. Elegância em resposta a uma falta de sensibilidade absurda. 

9. HOMENAGEM A ENNIO MORRICONE 

Ennio Morricone e Clint Eastwood fizeram uma dobradinha inesquecível nos clássicos westerns spaguetti de Sergio Leone. Nada mais do que justo do que um Oscar honorário ao mestre das trilhas sonoras na edição de 2007. 

Com sua tradicional elegância, Clint chamou Morricone ao palco. O compositor italiano foi ovacionado por um minuto.

No discurso, ele agradece a esposa e afirma que o Oscar era apenas um ponto de partida e não de chegada para continuar se aprimorando no cinema mais e mais, 

Morricone somente foi vencer um Oscar concorrendo em 2016 pela trilha de “Os Oito Odiados”. 

8. INDICAÇÕES DE “CIDADE DE DEUS”

Em 2003, “Cidade de Deus” tinha tudo para trazer o Oscar de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa para o Brasil. Porém, a violência afastou muitos votantes; houve até quem se recusasse a ver o filme ou saísse no meio da sessão.

Com isso, foi esnobado ficando de fora da lista final, a qual premiou o apagado “Uma Lugar na África”, da Alemanha. 

Naquele mesmo ano, meses depois, Harvey Weinstein, o midas do Oscar, percebeu o tamanho da burrada que a Academia tinha feito e resolveu adquirir “Cidade de Deus” para a Miramax e investir pesado para conquistar indicações nas categorias destinadas, quase sempre, para Hollywood. 

O resultado foram as nomeações em Melhor Direção de Fotografia, Montagem, Roteiro Adaptado e Direção para Fernando Meirelles. Para azar da produção, “Cidade de Deus” concorreu no mesmo ano da avalanche de “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” e ficou sem prêmio algum. 

Se “Cidade de Deus” poderia ter alcançado Melhor Filme do Oscar 2004: nada me tira da cabeça que ele ficou em sexto lugar na lista, um pouquinho atrás de “Seabiscuit”.

E hoje em dia com 10 indicados, ele estaria tranquilamente entre os finalistas. 

7. VITÓRIA DE “CRASH”

O final do Oscar 2006 foi traumático para uma geração de cinéfilos.  

Brokeback Mountain” vinha dominando a cerimônia com vitórias em Roteiro Adaptado e Direção para o Ang Lee. Somado desempenho durante a temporada de premiações com conquistas no Globo de Ouro, WGA, DGA, Bafta e PGA, tudo indicava uma conquista em Melhor Filme do Oscar.

Porém, havia “Crash” no meio do caminho. O espanto é visível na reação incrédula dos produtores e elenco do filme, além da reação nada feliz do Jake Gyllenhaal e do Heath Ledger. 

Entrou para a história, sem dúvida, como uma das maiores injustiças da Academia. 

6. OSCAR PÓSTUMO DE HEATH LEDGER 

O desempenho absurdo de Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas” como o Coringa arrancou elogios do mundo inteiro entre críticos e público.

Comovida pela morte precoce do astro, a Academia não apenas o indicou como o premiou em Ator Coadjuvante no Oscar.

Na bela cerimônia de 2009, a família de Ledger recebeu a estatueta de cinco outros ganhadores da categoria em um dos momentos mais emocionantes da história do evento. 

5. HOMENAGEM A OLIVIA DE HAVILLAND E GANHADORES DE ATUAÇÃO

A última aparição pública da duas vezes ganhadora do Oscar, Olivia de Havilland, foi inesquecível e aconteceu na edição de 2003. 

De pé, todos os convidados do lotado Dolby Theather ovacionaram a estrela de “E o Vento Levou” por mais de um minuto.

Em seguida, ela anunciou raro encontro de 59 outros atores e atrizes ganhadores do Oscar.

Lendas como Julie Andrews, Jack Nicholson, Dustin Hoffman se juntaram a estrelas da época como Denzel Washington, Tom Hanks e Julia Roberts.

Os hoje saudosos Sean Connery, Kirk Douglas, George Kennedy, Cloris Leachman, Cliff Robertson.

No final, chegam os ganhadores daquela edição, o Chris Cooper, Catherine Zeta-Jones, Nicole Kidman e Adrien Brody, além do Peter O´Toole com o seu Oscar honorário. 

4. DISCURSO DE MICHAEL MOORE 

Michael Moore já havia feito história no Festival de Cannes em 2002 ao levar a Palma de Ouro por “Tiros em Columbine“. Porém, ele reservou o melhor para o Oscar. 

Ao vencer o prêmio de Melhor Documentário em 2003, o Michael Moore subiu ao palco e realizou um dos maiores atos políticos já vistos no Oscar.

Ao vivo e para o mundo inteiro, o diretor diz ver em tempos de ficção com um presidente eleito em uma eleição de resultado fictício e levando os EUA para uma guerra a partir de motivos também fictícios. 

Se naquela época a reação foi bastante dividida com aplausos e muitas vaias, o tempo tratou de dar razão às críticas do Michael Moore, vide que Hollywood realizou e continua realizando filmes muito críticos à guerra ao terrorismo travada pelo Bush. 

3. VITÓRIA DE KATHRYN BIGELOW 

Antes do Oscar 2010, apenas três mulheres foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção: Lina Wertmüller, Jane Campion e Sofia Coppola. Nenhuma delas venceu; todas as conquistas foram para homens brancos. 

Somente no dia 7 de março de 2010 que essa história teve uma final diferente. 

Alvo do sexismo reinante na Academia em décadas anteriores, a Barbra Streisand subiu ao palco do Kodak Theather para anunciar Melhor Direção. Ao abrir o envelope, ela diz: ‘o tempo chegou’ e revela que Kathryn Bigelow, de “Guerra ao Terror”, era a primeira mulher vencedora do Oscar da categoria. No discurso, ela afirma que aquele era o momento de uma vida. 

Depois da Bigelow, a gente viu outras três mulheres serem indicadas, incluindo, a vencedora deste ano, a Chloé Zhao, de “Nomadland. O número ainda é muito baixo de mulheres nomeadas no Oscar em Direção: se a gente for somar, daria apenas para preencher um ano e mais duas vagas da edição seguinte.  

Isso é baixo demais e não é apenas uma questão de meritocracia, ou seja, os homens são mais competentes que as mulheres.

Há uma questão clara de machismo dentro da indústria, onde os grandes executivos dos estúdios não aceitam ou não querem ter mulheres no comando, por exemplo, de blockbusters por acharem que elas não darão conta do recado.

É uma situação que vem mudando, mas, ainda levará tempo demais até termos um equilíbrio realmente justo. 

2. A PRIMEIRA VITÓRIA DE MARTIN SCORSESE 

O Martin Scorsese sofreu no Oscar: foi esnobado por “Taxi Driver”, perdeu com clássicos como “Touro Indomável” e “Os Bons Companheiros”, chegou próximo de vencer com “O Aviador”, mas, viu o Clint Eastwood virar o jogo com “Menina de Ouro”.

Parecia que havia um bloqueio entre a Academia e o diretor. 

A situação, porém, se tornou insustentável em 2007: em um Oscar dos menos empolgantes dos últimos anos, o Scorsese quebrou o tabu com “Os Infiltrados” e foi em grande estilo. 

Quando George Lucas, Francis Ford Coppola e Steven Spielberg subiram no palco, o resultado já era pedra cantada ainda que ele não disfarçasse o nervosismo.

Mas, no final, deu tudo certo com direito a uma das comemorações mais efusivas da história do Oscar por parte da plateia. 

1. CONQUISTA DE HALLE BERRY

O maior momento na década 2000 vem da cerimônia de 2002 onde a Academia registrou o fim de tabu incômodo. 

Hattie McDaniel foi a primeira mulher negra a receber um Oscar de Atriz Coadjuvante no clássico “E o Vento Levou” na cerimônia de 1940.

Sidney Poitier foi o pioneiro em Melhor Ator ao ganhar em 1964 por “Uma Voz nas Sombras”, enquanto Louis Garrett Jr, de “A Força do Destino”, foi o pioneiro em Ator Coadjuvante em 1983.

Coube a Halle Berry romper a última fronteira ao levar Melhor Atriz por “A Última Ceia”.

Extremamente emocionada, Halle parecia não acreditar que havia entrado para a história e, em meio a lágrimas, aproveitou o discurso de agradecimento a outras grandes atrizes negras da história do cinema americano que abriram os caminhos para aquele momento. 

A cerimônia ainda teve a vitória do Denzel Washington, por “Um Dia de Treinamento”, em Melhor Ator e o prêmio pelo conjunto da obra para o Sidney Poitier.

Foi uma noite simbólica, mas, que poderia ter virado referência para a Academia, porém, não foi bem isso que aconteceu.  

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