Das estatuetas de Meryl Streep a “Amadeus”, Caio Pimenta lista as vitórias incontestáveis no Oscar nos anos 1980.

OSCAR 1980

O Oscar 1980 teve um embate pesado: de um lado, o drama familiar “Kramer Vs Kramer”, e do outro “Apocalypse Now”. O longa do Robert Benton se deu melhor tanto pela dupla de atores brilhantes de protagonista como também pelo tema das mudanças familiares em voga na época, enquanto o longa do Francis Ford Coppola ficou em segundo plano pela vitória no ano anterior de “O Franco-Atirador”, também sobre a Guerra do Vietnã. 

Diante disso, “Apocalypse Now” traz como incontestáveis as vitórias em Som e Fotografia. Já “Kramer Vs Kramer” conta apenas com a primeira estatueta da Meryl Streep, aqui em Atriz Coadjuvante. O Dustin Hoffman somente não aparece pela forte concorrência que incluía Peter Sellers, Al Pacino e Roy Scheider. Ainda tivemos o grande desempenho da Sally Field, por “Norma Rae”, em Melhor Atriz, e as estatuetas de “All That Jazz” em Figurino e Trilha Sonora 

OSCAR 1981

No ano seguinte, tenho graves discordâncias com o resultado de Melhor Filme, afinal, premiar o correto “Gente como a Gente” em vez do brilhante “Touro Indomável” não faz sentido. O clássico do Martin Scorsese, aliás, rendeu as poucas vitórias indiscutíveis daquela temporada. 

Foram com o Robert De Niro em Melhor Ator e em Melhor Montagem. “Tess” ganhador de Figurino, “O Império Contra-Ataca” em Melhor Som e o hit “Fame”, interpretada muito bem pela Irene Cara, em Canção Original, são outros resultados inquestionáveis. 

OSCAR 1982

Burocrático. Assim dá para definir o Oscar 1982 que consagrou o correto “Carruagens de Fogo” quando tinha à disposição “Os Caçadores da Arca Perdida”, exemplar ideal do cinema de aventura. 

O filme do Steven Spielberg, aliás, teve os resultados mais inquestionáveis daquela noite ao conquistar Montagem, Efeitos Visuais, Direção de Arte e Som. Já Maquiagem foi para o marcante trabalho de “Um Lobisomem Americano em Londres”. Por fim, a vitória do Henry Fonda, por “Um Lago Dourado”, entra na lista tanto pela fraca concorrência como pelo marco de ser a primeira e única estatueta da lenda que viria a morrer tempos depois. 

Vale uma observação para Melhor Trilha Sonora no Oscar 1982: claro que o Vangelis por “Carruagens de Fogo” poderia entrar tranquilamente aqui, mas, naquela mesma temporada, ele disputou com o John Williams, de “Caçadores da Arca Perdida”. Na boa, quem vencesse dos dois, estava de bom tamanho. 

OSCAR 1983

A temporada de 1983 tinha tantas opções – o drama político “Desaparecido”, a fantasia “E.T – O Extraterrestre” e até comédia com “Tootsie” -, mas, o Oscar foi premiar quem?

A sonolenta cinebiografia “Gandhi”. Por isso, talvez, seja a temporada com menos ganhadores indiscutíveis. 

Somente o John Williams com a emocionante trilha de “E.T” e o assombroso desempenho de Meryl Streep em “A Escolha de Sofia” ficaram para a história entre os ganhadores. 

OSCAR 1984

O horror, porém, foi o Oscar 1984. Com a pior lista de indicados a Melhor Filme da história, aquela temporada tinha tão poucas boas opções que renderam muitos vitoriosos inquestionáveis. 

O simpático “Laços de Ternura” estava bem acima dos demais candidatos na categoria máxima e também em Roteiro Adaptado. Se a Shirley MacLaine tinha a narrativa de já merecer o Oscar há muito tempo, as fracas adversárias em Melhor Atriz ajudaram a completar o cenário perfeito. O Jack Nicholson e a Linda Hunt, de “O Ano em que Vivemos em Perigo”, também sobraram.  

O Ingmar Bergman aproveitou a chance e passou o trator com “Fanny & Alexander”, conquistando merecidamente Fotografia, Figurino e Filme em Língua Não-Inglesa. O correto “Os Eleitos” ganhou os prêmios de som, onde era esperado. Por fim, tivemos o hit “Flashdance…What a Feeling” em Canção Original. 

OSCAR 1985

Depois de uma temporada nada animadora, uma excelente. Foi assim em 1985. 

Dos oito Oscars de “Amadeus”, sete foram mais do que merecidos: direção de arte, maquiagem, figurino, roteiro adaptado, ator com o F. Murray Abraham, Milos Forman em Direção e Filme. Também dá para colocar no mesmo patamar a vitória do Haing S. Nigor, de “Gritos do Silêncio”, em ator coadjuvante. 

OSCAR 1986

1986 também foi uma temporada boa para os padrões da década no Oscar. Ainda que “Entre Dois Amores” passe bem longe do empolgante, Melhor Filme trouxe os ótimos “O Beijo da Mulher-Aranha”, “A Testemunha” e “A Cor Púrpura” 

Por outro lado, foram poucas vitórias inquestionáveis, entre elas, o William Hurt em Melhor Ator, Montagem para “A Testemunha” e os incríveis figurinos de “Ran”, do mestre Akira Kurosawa”. 

OSCAR 1987

O ano em que nasci, 1987, teve, veja só, a temporada mais inspirada da década de 80. Não à toa foram grandes vencedores. 

Teve o jazz de “Por Volta da Meia-Noite” em Trilha Sonora, a direção de arte de “Uma Janela Para o Amor”, a maquiagem do assustador “A Mosca”, os efeitos visuais do segundo “Aliens: O Resgate”, o hit “Take My Breath Away”, de “Top Gun”, em Canção Original.

Nas categorias principais, o Woody Allen venceu Roteiro Original com “Hannah e Suas Irmãs”.  

A produção ainda deu o justo Oscar da Dianne Wiest em Atriz Coadjuvante. A primeira estatueta do Paul Newman, por “A Cor do Dinheiro”, veio em Melhor Ator em que o veterano sobrou na corrida. Por fim, “Platoon”, apesar da grande concorrência, levou Melhor Filme. 

OSCAR 1988

Chegamos a 1988, temporada em que um filme foi soberano. E isso mesmo sem ser brilhante, ainda que grandioso. 

A grandiosidade de “O Último Imperador” foi perfeita para sair com nove estatuetas. Delas, destaco Filme, Direção para o Bernardo Bertolucci, Fotografia, Figurino e Direção de Arte.

“Robocop” em Efeitos Sonoros e a maravilhosa “(I’ve Had) The Time of My Life”, de “Dirty Dancing”, em Canção Original, conseguiram beliscar o que sobrou no Oscar. 

OSCAR 1989

Para fechar, “Rain Man” se sagrou o vencedor de Melhor Filme no Oscar 1989 em uma disputa que ainda trazia “Ligações Perigosas” e “Mississipi em Chamas”. Todas boas produções, algumas ótimas, nada espetaculares. 

Foram nas categorias técnicas que esta edição teve seus ganhadores incontestáveis. “Beetlejuice” em Maquiagem, “Ligações Perigosas” em Figurino e Direção de Arte e as três estatuetas de “Roger Rabbit” em Efeitos Visuais e Sonoros, além de Montagem.

Nas principais, aponto apenas Dustin Hoffman em Melhor Ator com “Rain Man”.