De Greta Gerwig a Leonardo DiCaprio, Caio Pimenta apresenta 10 grandes atuações esnobadas de indicações no Oscar entre 2011 e 2021.

10. ROBERT DE NIRO, por “O IRLANDÊS” 

O Irlandês” foi perdendo força ao longo da temporada de premiações de 2020 e nenhum fato simbolizou mais essa queda do que a esnobada ao Robert De Niro. 

O astro duas vezes ganhador do Oscar faz uma atuação mais contida do que o costume no excelente drama mafioso de Martin Scorsese. O caráter reflexivo e o peso da violência de “O Irlandês” são demonstrados muito bem por Robert De Niro no melhor trabalho dele em anos. 

O atenuante da Academia é que a corrida em Melhor Ator do Oscar 2020 foi uma das melhores dos últimos anos com Joaquin Phoenix, Jonathan Pryce, Adam Driver e Antonio Banderas. Ainda sim dava para tirar o Leonardo DiCaprio e colocar o Robert De Niro. 

9. JENNIFER LOPEZ, por “As Golpistas” 

O Oscar 2020 também esnobou a grande chance de uma das maiores estrelas do pop na atualidade. 

Linda como sempre, a Jennifer Lopez domina a cena em “As Golpistas”. A força dela eleva o filme sempre que está em cena ao construir uma personagem carismática, líder por natureza, esbanjando sororidade ainda que falhe ao não saber a hora de parar nem ter o controle com os gastos. 

Já indicada por “História de um Casamento” em Melhor Atriz, a Scarlett Johansson bem que poderia ter cedido a vaga dela para a J.Lo. Seria incrível. 

8. JULIANNE MOORE, por “Mapas Para as Estrelas”

mapas para as estrelas julianne moore david cronenberg

Vez ou outra, a Academia consegue indicar e premiar um ator ou atriz pelo filme errado. 

Que o diga a Julianne Moore: em “Mapas Para as Estrelas”, ela foi premiada no Festival de Cannes e indicada ao Globo de Ouro. Porém, a Academia resolveu esnobá-la em 2014 de Melhor Atriz Coadjuvante. No filmaço do Cronenberg, a estrela atua no limite da sanidade, sempre a ponto de explodir. 

A Academia acabou ficando com Julia Roberts, por “Álbum de Família”, e a Sally Hawkins, de “Blue Jasmine”. No ano seguinte, o Oscar, finalmente, a reconheceu por “Para Sempre Alice”, uma atuação convencional do jeito que a premiação gosta. 

7. JAKE GYLLENHAAL, por “O Abutre”

O sétimo lugar também é de um personagem com um parafuso a menos. 

Pálido, emagrecido e com olheiras assustadoras, o Jake Gyllenhaal se transforma em “O Abutre”. A composição visual se alia a uma insanidade no olhar, na forma de andar e nos gestos para dar a dimensão de um sujeito que se perde diante da violência de Los Angeles, na ambição desmedida e um jornalismo sensacionalista disposto a tudo. 

Ok, 2015 também teve grandes indicados em Melhor Ator, porém, se eu tivesse que tirar alguém para colocar o Gyllenhaal, seria o Bradley Cooper, de “Sniper Americano”. 

6. AMY ADAMS, por “A CHEGADA” 

Certeza que, quando você viu o título deste vídeo, pensou na Amy Adams, por “A Chegada”. 

E não é à toa: a atriz comove o público com a história de uma linguista no meio de uma missão única enquanto lida com uma ausência devastadora. Tudo isso sem cair em maneirismos ou exageros sem isso afete nossa ligação com os delicados dramas da personagem. 

A Amy Adams também deu azar do Oscar 2017 de Melhor Atriz ter sido de alto nível, mas, deixaria de fora a Meryl Streep, por “Florence”. 

5. MICHAEL FASSBENDER, por “SHAME” 

Em “Shame”, o Michael Fassbender faz o desafiador papel de um homem viciado em sexo. A degradação moral e, especialmente, psicológica a qual o personagem se submete são angustiantes e o ator passa isso para o público muito bem sem pudores nem muito menos glamourização. 

Certamente, dentro da Academia, muita gente virou a cara para “Shame” por ser uma produção altamente desconfortável. Não à toa o filme foi esnobado completamente em todas as categorias do Oscar 2012.  

E pensar que o Demiàn Bichir, de “Uma Vida Melhor”, foi indicado a Melhor Ator e o Fassbender não… 

4. GRETA GERWIG, por “FRANCES HA” 

Crítica: Frances Ha, de Noah Baumbach

Raros são os personagens capazes de dizer que conseguem captar o espírito de seu tempo. “Frances Ha” está entre essa turma. 

Afinal, quantos jovens adultos não se reconhecem nos dramas de uma personagem indecisa, insegura, levando a vida com a leveza adolescente, mas precisando encarar as agruras de um adulto? A Greta Gerwig concilia tudo isso de forma cativante e a dança dela pelas ruas de Nova York ao som de ‘Modern Love’, de David Bowie, simboliza de forma catártica a atuação. 

Para não dizerem que eu estou implicando com a Meryl Streep, tiraria a Amy Adams, por “Trapaça”, da lista de Melhor Atriz do Oscar 2014 para colocar a Greta Gerwig. 

3. LEONARDO DICAPRIO, por “DJANGO LIVRE” 

O Leonardo DiCaprio não ficou apenas marcado por conta das derrotas no Oscar. Também teve aquelas esnobadas sem sentido. 

Junto com o Samuel L. Jackson, o Leonardo DiCaprio brilha em “Django Livre”. Toda a insanidade da escravidão está presente em Calvin Candie, o dono de um casarão no Mississipi inescrupuloso e desumano com os escravos. O personagem rouba a cena em todos os momentos que surge na tela e se torna um dos maiores vilões da filmografia do Quentin Tarantino. 

A ironia do destino é que o Christoph Waltz, companheiro do DiCaprio no filme, não apenas foi indicado como também venceu o Oscar de Ator Coadjuvante. Para mim, uma decisão equivocada, afinal, o Waltz, apesar de bem, na comparação com o primeiro prêmio dele por “Bastardos Inglórios”, claramente não está no mesmo nível nem do Hans Landa muito menos do DiCaprio. 

2. LUPITA NYONG´O, por “NÓS”

Das grandes atuações do ótimo momento do cinema de terror de Hollywood na última década esnobadas pelo Oscar nenhuma doeu mais do que a Lupita Nyong´o em 2020 por “Nós”. 

Neste filmaço do Jordan Peele, a Lupita se transforma diversas vezes ao longo das duas horas de duração. Da mãe feliz e tranquila passamos para outra tensa e desesperada. Há também a versão dupla com seu olhar impactante e voz que parece vinda do submundo da alma. Na reta final, tudo se mistura amplificando a complexidade da atuação e do próprio filme como um todo. 

Jamais que a Lupita poderia ficar de fora até para representar as grandes atuações femininas vistas nos filmes de terror ao longa da década. Minha escolhida para sair da lista de nomeadas seria, com pesar no coração, a Charlize Theron, por “O Escândalo”. 

1. TILDA SWINTON, por “Precisamos Falar Sobre Kevin”

A maior esnobada do Oscar nas atuações nos últimos 10 anos é até criminosa. 

Como pode a Academia não ter indicado a Tilda Swinton, por “Precisamos Falar Sobre Kevin” em 2012? A atriz coloca em xeque o mito do amor materno incondicional e da felicidade familiar através de uma personagem cansada e frustrada por não conseguir atingir este pseudo papel social que cabe a ela. Das dezenas de grandes atuações, esta é a melhor da carreira da Tilda. 

Igual ao que ocorreu com “Shame”, o desconforto provocado por “Precisamos Falar Sobre Kevin” afastou muito dos conservadores votantes da Academia. Sem dúvida, uma atuação que, se fosse indicada, colocaria uma sombra enorme sobre as favoritas Meryl Streep, de “A Dama de Ferro”, e Viola Davis, por “Histórias Cruzadas”.