Às vezes, pode ser sutil a linha entre fazer o bem a alguém e fazer mal para você mesmo. É o que Kim parece começar a perceber neste quinto episódio da temporada de Better Call Saul, intitulado “Dedicado a Max”. Ela é a força-motora deste episódio, que demonstra de novo a versatilidade da série. O que acontece com ela é, no fim das contas, sombrio. Mas este é também o episódio mais divertido da temporada, até o momento.
Kim embarca numa guerra não declarada e passiva com o pessoal da Mesa Verde para ajudar o velhinho que ia perder seu lar, e recruta Jimmy como seu soldado. E desde a sua primeira aparição no episódio, Jimmy só faz o espectador dar risada: No canteiro onde a obra vai começar, a câmera filma os operários num contra-plongée, de baixo para cima, e a cabeça de Bob Odenkirk aparece no enquadramento. Novamente, a direção da série usa um ângulo de câmera estranho para contar a história e fazer brotar o humor.
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E Jimmy arrasa neste episódio, lançando mão de todo tipo de truque no seu arsenal de advogado chicaneiro para interromper a construção no terreno do senhor. Vale a pena o espectador descobrir suas artimanhas por si mesmo e rir bastante com elas – algumas são bem estranhas. E é tudo em nome da Kim, que no início parece estar lutando por uma causa justa, mas quanto mais as artimanhas progridem, mas ela parece estar lutando… Apenas para dar a proverbial banana para os seus chefes.
Odenkirk está excelente de novo, mas Rhea Seehorn é a dona do episódio, chegando até a mostrar dotes para comédia que ela nem sempre consegue exercitar na série – Uma das melhores cenas do episódio é a que ela imita seu chefe. Porém, por mais que o episódio nos divirta, o final dele nos relembra de que ela terá de pagar um preço se continuar nesse caminho, com o diabinho do Jimmy, como seu facilitador, no seu ombro.
GUS E MIKE: SINTONIAS DIFERENTES
Já no outro lado da fronteira, Mike se recupera dos seus ferimentos numa vila pertencente a Gus. No centro da vila temos uma fonte e uma placa dedicatória escrita “dedicada ao Max”, e aí percebemos o cuidado da produção com os detalhes do universo estabelecido em Breaking Bad – o Max do título era sócio e, aparentemente, amante de Gus, e foi assassinado por Hector Salamanca. Jimmy também usa, numa das cenas, uma camiseta da universidade da Samoa americana, onde se formou lá atrás…
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Bem, Mike e Gus ainda não estão na mesma sintonia, mas o final do episódio promete uma reaproximação. No meio tempo, o processo de recuperação do Mike é retratado de modo visual: É incrível como a cara de granito de Jonathan Banks amolece só um pouco ao vermos a velhinha lhe trazendo comida, ou quando ele resolve consertar uma prateleira de madeira para ela. A caracterização do personagem é perfeita, e o fato de percebermos tudo isso de maneira visual só demonstra o quanto Better Call Saul é uma das séries mais bem dirigidas do momento. Nela, os personagens são definidos pelas suas ações e a comédia anda de mãos dadas com a tragédia. Afinal, neste episódio demos boas risadas; no próximo poderemos não rir.