Resultado inesperado na categoria de Melhor Roteiro Adaptado: o favorito “Nomadland” não levou. O prêmio ficou com o Florian Zeller e o Christopher Hampton do excelente “Meu Pai”. A produção é baseada na peça dele mesmo, um grande sucesso no teatro francês.
Como é praxe da Academia, produções muito elogiadas e sem espaço nas categorias de Melhor Filme e Direção acabam sendo recompensadas entre os roteiros. “O Expresso da Meia-Noite”, “Los Angeles – Cidade Proibida”, “Brokeback Mountain”, “Infiltrado na Klan” são exemplos disso entre os adaptados e, agora, “Meu Pai” se junta a eles.
Chama a atenção na adaptação de “Meu Pai” como Hampton e Zeller estruturam o roteiro de forma a dar ao espectador a sensação de perda espacial e temporal, a partir de um protagonista não confiável do ponto de vista de não sabermos se aquilo que acontece é realidade ou não.
A trama vai e volta, repete-se por diversas vezes, mas, nunca de forma cansativa ou desnecessária. Gradualmente, a dupla fornece as peças de um quebra-cabeça que nunca fecha e não possui este objetivo. Um processo angustiante do início ao fim.
Analisando os últimos 10 anos dos vencedores da categoria, vejo o roteiro de “Meu Pai” brigando pela medalha de ouro ao lado de “Moonlight”, “Infiltrado na Klan” e “A Grande Aposta”.