“Os Fabelmans”, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, “The Banshees of Inisherin”, “Top Gun: Maverick”, “Avatar: O Caminho da Água”, “Entre Mulheres” e “TÁR”. 

Estas sete produções estão garantidas no Oscar de Melhor Filme. Sobram três vagas.

Caio Pimenta apresenta as chances dos demais candidatos nesta disputa.

CANDIDATOS IMPROVÁVEIS

Para começar, vamos com a turma improvável demais de aparecer entre os indicados. 

Mesmo com a dupla querida da Academia, Olivia Colman e Sam Mendes, “Império da Luz” não empolgou desde as primeiras exibições justamente por ser uma produção excessivamente Oscar bait.

Sorte da Searchlight Pictures ter “The Banshees of Inisherin” para compensar. 

“Till” também é carta fora do baralho pelo investimento modesto da Orion/United Artists.

Neste momento, a maior preocupação do estúdio é evitar uma surpresa desagradável com a Danielle Deadwyler fora de Melhor Atriz.

Qualquer coisa além disso será bem-vinda. 

Nem mesmo a história conhecida por todos mundo afora e a presença de nomes consagrados de Hollywood como Ron Howard, Viggo Mortensen e Colin Farrell deve levar “13 Vidas” longe na corrida.

Já “Emancipation” tem o histórico problemático recente do Will Smith para atrapalhar qualquer campanha.

Pelo menos, serve para diminuir a rejeição ao astro desde o episódio do tapa na cara. 

CORRENDO POR FORA

Os próximos quatro filmes são prestigiados com prêmios e o carinho do público, porém, cada um a seu modo, parecem com poucas chances de aparecerem entre os indicados. 

Até os Ossos” saiu do Festival de Veneza com dois prêmios: Atuação Revelação com a Taylor Russell e Direção com Luca Guadagnino.

Seriam credenciais e tanto não fosse a estranheza do filme – ótimo, por sinal.

A viagem de dois canibais EUA adentro com sangue para todos os lados pode até atrair uma parte dos votantes da Academia, mas, com certeza repele em proporção maior.

Fica mais fácil para a MGM concentrar esforços em “Entre Mulheres” e “13 Vidas”, filmes mais palatáveis ao gosto médio da entidade. 

Apesar de ter caído no gosto do público sendo um dos mais vistos desde que estreou, “Pinóquio” não se consolidou como o candidato certo do streaming para Melhor Filme.

A indefinição da Netflix sobre quem será o carro-chefe dela na temporada atrapalha as pretensões da animação do Guillermo Del Toro, principal ativo do filme após a vitória com “A Forma da Água” e a indicação de “O Beco do Pesadelo”.  

“Aftersun” vislumbrou ameaçar o domínio de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” dentro da A24 ali no começo de dezembro.

Mas, não passou de uma chuva de verão.

Hoje, o estúdio independente olha para o drama da Charlotte Wells para Melhor Ator com o Paul Mescal e Roteiro Original.

Se conseguir Melhor Filme, será acertar aquilo que não mirou. 

Completa este time “Ela Disse”: o drama jornalístico sobre o #MeToo fracassou nas bilheterias e está sufocado dentro da Universal Pictures pela força de “Os Fabelmans”.

Lembrado no TOP 10 do American Film Institute, a maior chance do filme é se a ala feminina apoiar o longa para ganhar um sprint final até como um simbolismo sobre os abusos dentro de Hollywood.

Mas, acho difícil.

AS DECEPÇÕES

A turma das decepções fica com “Wakanda Forever”, blockbuster Marvel que se esperava demais dele por conta do primeiro filme, mas, teve um impacto cultural e entre os próprios cinéfilos menor do que se esperava.

“Triângulo da Tristeza”, ganhador da Palma de Ouro que, pelo estilo mais anárquico, é divisivo demais para ser abraçado por todos.

Ambos já tiveram chances maiores de figurarem em Melhor Filme, hoje, entretanto, estão mais distantes. 

FORTES NA BRIGA

Os próximos filmes são os verdadeiros candidatos com reais chances de ficarem com as três últimas vagas. O primeiro deles está um pouco mais atrás, porém, pode ser a surpresa. 

A predileção que o Oscar tem com os dramas britânicos torna “Living” um candidato a ser visto com atenção.

Tanto o Bill Nighy quanto o roteiro adaptado do clássico do Akira Kurosawa estão perto da nomeação em suas respectivas categorias, além de concentrar todos os esforços e investimentos da Sony Pictures Classics na temporada.

Ser um drama de pequeno porte em meio a concorrentes pesos-pesados, porém, pode atrapalhar pelo risco de sumir na disputa. 

“Babilônia” é uma destas grandes produções seja pela ambição do Damien Chazelle, cineasta mais novo a ganhar o Oscar de Melhor Direção, seja pelo elenco de estrelas liderado pela Margot Robbie e o Brad Pitt.

A crítica, entretanto, não foi tão generosa com a produção.

Para piorar, deve ficar eclipsado na batalha entre “Inisherin” e “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” no Globo de Ouro.  

Por fim, o longa foi surpreendido com o fenômeno “Top Gun: Maverick”, dividindo o holofote e o investimento de campanha da Paramount Pictures.

Em outros tempos, seria nome certo; hoje, corre sérios riscos. 

“Glass Onion” está fazendo bonito na temporada de premiações com presenças no Critics e no Globo de Ouro, além de elogios praticamente unânimes da crítica.

Deve crescer com o lançamento no fim do ano e pode solucionar o mistério de quem será o maior candidato da Netflix no Oscar deste ano. 

Se a temporada é das grandes produções como provam “Avatar” e “Top Gun”, “A Mulher-Rei” tem esperanças de figurar entre os 10 finalistas.

A narrativa de trazer mulheres negras na frente e atrás das câmeras e ser um longa liderado pela Viola Davis, estrela mais do que respeitada na indústria, são pontos fortes.  

As ausências no Globo de Ouro e Critics Choice devem ser compensadas nos sindicatos, onde deve conseguir aparecer, pelo menos, no SAG.  

“Elvis” é a cinebiografia da temporada sobre uma lenda da cultura norte-americana e com grandes chances de ser um dos líderes em indicações.

O Austin Butler forte em Melhor Ator, ter emplacado Critics, Globo de Ouro e American Film Institute, a própria grandeza do Rei do Rock e ser o principal filme da Warner Bros na temporada favorecem a produção.

Nem mesmo as resistências ao Baz Luhrmann parecem atrapalhar tanto assim. 

A turma internacional também chega forte: o alemão “Nada de Novo no Front” é um deles.

A produção com o apoio da Netflix surpreendeu na shortlist com aparição em cinco categorias das sete possíveis para longas-metragens empatado com “Wakanda Forever”.

Além disso, há a antiga predileção da Academia por dramas de guerra sempre que surgem no horizonte. Para completar as credenciais, é uma nova versão de um clássico ganhador do Oscar.

Tendência é só subir nesta reta final. 

Ainda tem “RRR”: a surpresa indiana ganhou Melhor Direção entre os críticos de Nova York e está nomeado a Melhor Filme no Critics.

Com a Academia cada vez mais globalizada, a tendência é que tenhamos sempre uma produção de língua não-inglesa entre os finalistas.

Na temporada em que o apoio popular pode ser fator primordial, vejo boas chances para o épico chegar entre os finalistas. 

O problema foi o desempenho abaixo na shortlist aparecendo apenas em canção original. Esperava-se presenças, pelo menos, em som e efeitos visuais.

Fica o mistério saber se a loucura de “RRR” será bancada ou não pela Academia.

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Batendo o martelo, acredito nas nomeações de “Nada de Novo no Front”, “Elvis” e “Babilônia”.