De “Assassinos da Lua das Flores” a “Oppenheimer”, Caio Pimenta aponta quais os sete longas garantidos no Oscar 2024 de Melhor Filme.

OPPENHEIMER

Não há a menor possibilidade do Oscar de Melhor Filme ficar sem a presença de “Oppenheimer”. 

Apesar do início da temporada de premiações não ter sido dominante como esperado ao perder os prêmios da crítica de algumas das cidades mais importantes dos EUA – a única vitória mais relevante foi em Atlanta -, o longa do Christopher Nolan segue firme como favorito. A provável liderança nas indicações ao Oscar – há quem aposte chegar ao recorde de 14 nomeações – somado ao sucesso comercial quase bilionário para um drama político de três horas de duração jogam a favor.  

A expectativa é saber como será o desempenho de “Oppenheimer” quando os principais eventos da temporada, previstos para terem início a partir do Globo de Ouro, tiverem início. Há grandes possibilidades do filme ganhar os principais precursores, incluindo, o Sindicato dos Diretores, Produtores e Atores. Caso aconteça, todas as derrotas em dezembro serão esquecidas.  

ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES

Por outro lado, “Oppenheimer” corre o risco de ver algo que aconteceu nos prêmios da crítica: ganhar Direção com o Nolan, mas, perder Melhor Filme. O beneficiado é o épico da Universal Pictures.  

“Assassinos da Lua das Flores” se saiu muito bem neste mês de dezembro com vitórias no National Board of Review e junto aos críticos de Nova York e Chicago. São conquistas importantes para mostrar que “Oppenheimer” não terá vida tranquila rumo ao Oscar, porém, a última vez que o NBR coincidiu com Melhor Filme na Academia foi com “Green Book” e com os críticos da Big Apple foi em “O Artista”. 

Os prêmios de dezembro, entretanto, podem favorecer o crescimento de um cenário que agradaria aos dois favoritos: “Assassinos da Lua das Flores” vencendo Melhor Filme e Christopher Nolan levando Direção. Acredito que seja uma situação muito possível, pois, diferente de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” que nadou de braçadas neste ano, os dois filmes polarizam as atenções do público, crítica e da indústria. A chave para ver quem sairá na frente pode ser Roteiro Adaptado, mas, isso claro se a Academia não quiser prestigiar “A Zona de Interesse”  ou “American Fiction”, distribuindo prêmios para os mais diversos filmes. 

O grande ativo do drama do Martin Scorsese é a liderança forte da Lily Gladstone em Melhor Atriz, dando um ‘chega para lá’ na Emma Stone. Conseguir vencer em uma categoria tão forte como esta pode impulsionar “Assassinos da Lua das Flores” por dar força nas disputas principais. Além disso, não dá para esquecer o discurso da representatividade indígena ser um ponto forte a ser trabalhado nesta temporada. 

BARBIE

 “Barbie” surge como a terceira força de Melhor Filme: a liderança nas indicações ao Globo de Ouro e no Critics Choice puxada pelas três nomeações em Canção Original mostra como o hype do sucesso da Warner ainda não passou. Presente ainda nas listas do American Film Institute e do National Board of Review, a produção da Greta Gerwig demonstra como foi muito além do público, ganhando também a crítica.  

Em meio a produções de temáticas tão pesadas como “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”, o filme da boneca mais famosa do planeta traz mais leveza para a temporada em uma toada que remete a “Coda – No Ritmo do Coração” e “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. 

Isso, entretanto, não significa que “Barbie” seja visto como um filme bobinho sem nada a dizer. O discurso feminista e a sátira à mentalidade da sociedade patriarcal vão encontrar na Academia pontos de apoio e oposição, igual ocorreu junto ao público. Contar com uma equipe prestigiada na indústria como Greta, Noah Baumbach, Margot Robbie e Ryan Gosling servirá para quebrar resistência. De qualquer modo, pensar no maior sucesso do ano fora da categoria máxima é impossível. 

POBRES CRIATURAS

A vitória de Pobres Criaturas no Festival de Veneza deixava o filme em condições de duelar pela estatueta máxima com Martin Scorsese e Christopher Nolan. De lá para cá, entretanto, o projeto da Searchlight Pictures parece que perdeu a força. A indicação em Melhor Filme está garantida, mas, sonhar com o prêmio parece mais distante.  

Ainda que tenha aparecido no American Film Institute e do National Board of Review, a falta de vitórias junto aos críticos das principais cidades dos EUA deixou uma impressão preocupante. Para complicar, a força de “Barbie” no Globo de Ouro coloca ameaçada a possibilidade de uma conquista fácil em Comédia/Musical. 

“Pobres Criaturas” corre sérios riscos de ficar sem nada nas categorias principais do Oscar. Roteiro Adaptado, hoje, está concentrado no duelo entre “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”. Já o Mark Ruffalo vê muitos adversários fortes em Ator Coadjuvante, enquanto a Emma Stone observa a Lily Gladstone fazendo a festa em Melhor Atriz até agora. Querer ganhar Melhor Filme nestas condições é muito improvável. 

VIDAS PASSADAS

O temor de que “Vidas Passadas” fosse esquecido por ser um filme menor perto das superproduções do ano despertou uma operação de resgate em Hollywood. A vitória no Gotham Awards e a liderança no número de indicações no Spirit Awards somada a prêmios com os críticos de Nova York e Boston, além das presenças no TOP 10 do AFI Awards e NBR, deixam claro como o romance dirigido pela Celine Song está em viés de alta. 

Para se ter uma ideia, hoje, “Vidas Passadas” chega mais forte dentro da A24 do que “A Zona de Interesse”, o então candidato preferencial do estúdio. Neste cenário, Melhor Filme é garantido. Apesar da tendência ser uma nomeação solo em Roteiro Original, há possibilidades da Celine Song em Direção. Improvável, mas, não impossível é a Greta Lee em Atriz.  

OS REJEITADOS

“Os Rejeitados” faz um início de temporada de premiações muito bom: indicações ao Globo de Ouro e Critics Choice, Paul Giamatti premiado em Chicago e National Board of Review, onde o filme também ganhou Roteiro Original e ainda teve o TOP 10 de Melhores do Ano no American Film Institute e do próprio NBR. Mas, nada superou a Da´Vine Joy Randolph que levou Atriz Coadjuvante em Chicago, Washington, Los Angeles e Nova York. 

O Alexander Payne é um sujeito querido na Academia com três longas indicados a Melhor Filme – “Sideways”, “Os Descendentes” e “Nebraska”. Fosse em outras épocas, “Os Rejeitados” chegaria com possibilidades de vitória até pela chance de vencer o SAG, porém, em uma temporada com tamanho predomínio de “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”, como tende a ser, deve colocá-lo como coadjuvante na temporada. 

MAESTRO

Por fim, “Maestro” é o último candidato garantido ao Oscar de Melhor Filme. Aqui pesa mais a tradição e a força das estrelas do que o desempenho até agora na temporada, restrito a presenças no TOP 10 do AFI e NBR. Mas, não vejo a Academia renegando todo o esforço do Bradley Cooper, o talento da Carey Mulligan, o prestígio dos produtores Martin Scorsese e Steven Spielberg, o poderia financeiro da Netflix e a trajetória da lenda Leonard Bernstein. 

Mesmo com o Bradley Cooper desesperado além da conta em busca de uma estatueta, ele aparecer muito forte e com certo favoritismo em Ator Principal coloca “Maestro” muito bem encaminhado a Melhor Filme. Exceção feita pelo Brendan Fraser em “A Baleia”, todos os outros vencedores da categoria estiveram em produções indicadas ao prêmio máximo da Academia.