De Bradley Cooper a Billie Eilish, Caio Pimenta traz os principais tabus da temporada do Oscar 2024.

ATORES

O Bradley Cooper está jogando todas as fichas para vencer o primeiro Oscar com “Maestro”. O astro soma nove indicações, sendo quatro como ator, quatro como produtor e uma de roteirista. A cinebiografia do Leonard Bernstein deve render, pelo menos, mais duas para a coleção: as nomeações a Melhor Filme e Ator estão muito próximas. E nesta última reside a chance maior de vitória. Por outro lado, ele precisa tomar cuidado em ir com muita sede ao pote e acabar desgastando a imagem dele, tal qual a amiga dele Lady Gaga em “Casa Gucci”. 

O Paul Giamatti está longe do Oscar desde 2006 quando foi nomeado por “A Luta Pela Esperança”. Com “Os Rejeitados”, ele tenta voltar à festa, agora, em Melhor Ator na mais nova parceria com o Alexander Payne. Vale lembrar que dois dos três últimos os protagonistas dos filmes do diretor/roteirista foram nomeados: no caso, o George Clooney, de “Os Descendentes”, e o Bruce Dern, por “Nebraska”. 

Melhor Atriz traz dois casos bem interessantes. 

A Lily Gladstone, de “Assassinos da Lua das Flores”, pode ser a primeira intérprete de origem indígena a ser vencedora do Oscar de Melhor Atriz. Indicações já tivemos duas: a Keisha Castle-Hughes, de “Encantadora de Baleias”, e a Yalitzia Aparicio, de “Roma”. Ambas chegaram sem grandes chances para a cerimônia, situação bem diferente da estrela do longa de Martin Scorsese. 

Quatro vezes nomeada ao Oscar com três indicações a Melhor Atriz, a Annette Bening quer sair da lista de grandes nomes nunca vencedores da estatueta dourada. “Nyad” é aquele filme redondinho para conseguir o feito a partir de uma história de superação baseada em um caso real, porém, ao mesmo tempo, as principais candidatas da disputa estão em filmes mais fortes. Corre o risco dela ser esquecida novamente. 

Dois Roberts contam as histórias mais interessantes da corrida de Ator Coadjuvante. 

Dono de duas estatuetas obtidas há mais de 40 anos, o Robert De Niro em uma fase não muito boa com a Academia. A última nomeação ocorreu em 2013 por O Lado Bom da Vida e isso após um hiato de duas décadas. A oportunidade para o reencontro é com “Assassinos da Lua das Flores”. E como a recente esnobada de “O Irlandês” ainda machuca, não duvido nada o Oscar até querer premiá-lo para honrar este gigante de vez. 

Para tanto, ele terá que enfrentar o Robert Downey Jr. Indicado anteriormente por “Chaplin”, em 1993, e “Trovão Tropical”, em 2009, o ator viu a carreira ser transformada ao viver Tony Stork, o Homem de Ferro, na Marvel. De ator problemático e inconstante, ele se transformou no maior e mais querido astro de Hollywood da última década. E é esta nova persona do astro que vai buscar o Oscar com “Oppenheimer”, o mais desafiador trabalho desde justamente “Trovão Tropical”. Cá entre nós, para a Academia, premiá-lo seria perfeito em busca da sempre sonhada audiência do público jovem. Carinho e força na indústria, o Downey Jr tem de sobra, logo, é muito viável que ele chegue forte para o Oscar. 

Vinda também do mesmo “Oppenheimer” está a Emily Blunt. Estrela para toda obra, a britânica é um dos casos mais estranhos de nomes badalados da atualidade sem indicação ao Oscar. Para compensar, não duvido nada a Academia premiá-la mesmo que possa ser visto como um exagero. 

Também é bom lembrar da Jodie Foster: dominante em Melhor Atriz no fim dos anos 1980 e início dos 1990 a ponto de vencer duas vezes na categoria, ela sumiu da premiação desde 1995 quando foi nomeada por “Nell”. “Nyad” é a chance dela em retornar à festa após a esnobada recente de “O Mauritano”.

DIREÇÃO, ROTEIRO E CANÇÃO

Já em Melhor Direção, a Ava DuVernay pode quebrar o incômodo tabu de nunca uma mulher negra ter sido indicada ao Oscar da categoria. A diretora chega com “Origem”, drama muito bem recebido no Festival de Veneza. A possibilidade para ela é brigar pela quinta vaga, visto que dificilmente Yorgos Lanthimos, Martin Scorsese, Christopher Nolan e o Jonathan Glazer ficarão de fora.  

Vamos agora para Roteiro Original, onde pode acontecer algo bem interessante. 

Casais indicados ao Oscar no mesmo ano são casos comuns: Laurence Olivier e Vivien Leigh em 1940, Spencer Tracy e Katharine Hepburn em 1968 até Penélope Cruz e Javier Bardem em 2022. Agora, já pensou ser nomeado juntos na mesma categoria? Pode acontecer com o Noah Baumbach e Greta Gerwig por “Barbie”. A dupla chegou a disputar o prêmio em 2020: ela por “Adoráveis Mulheres” e ele com “Histórias de um Casamento”.  

Um casal concorrer junto já ocorreu 18 vezes, sendo apenas duas entre roteiristas: a primeira foi em 1948 com Muriel e Sydney Box por “O Sétimo Véu”, e depois, vieram o Earl e a Pamela Wallace ambos por “Testemunha”, nos anos 1980. 

Para fechar, uma estrela pop pode fazer história na Academia quebrando um tabu de quase 90 anos. 

O Oscar 2024 pode acabar com o reinado da Luise Rainer como a vencedora mais jovem de duas estatuetas da premiação. Na época da segunda conquista por “Terra dos Deuses”, ela tinha 28 anos. A responsável pela possível quebra do recorde responde por Billie Eilish: a cantora chega como favorita a Canção Original com “What Was I Made For?”, música de “Barbie”. A estrela pop venceu anteriormente a categoria com “No Time to Die”, em 2022. Na cerimônia prevista para 10 de março do ano que vem, a californiana estará com apenas 22 anos.