Caio Pimenta apresenta e analisa as definições das candidaturas para o Globo de Ouro 2021, previsto para ocorrer no dia 3 de fevereiro.
COMO FUNCIONA
Antes de começar, vamos entender como funciona a definição para as indicações ao Globo de Ouro. Os estúdios indicam para quais categorias desejam que seus candidatos disputem, ou seja, o ator A vai concorrer como principal, enquanto o B vai para coadjuvante, o filme será nomeado em comédia/musical e não drama, etc.
Em seguida, a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood forma uma comissão para analisar essas candidaturas e 2/3 dos membros deste grupo precisam ratificá-las ou não, definindo em qual categoria. Em caso de negativa, eles escolhem em qual disputa o filme ou intérprete estarão.
Isso, muitas vezes, rende indicações para lá de questionáveis como, por exemplo, “Perdido em Marte” em Melhor Filme Comédia/Musical. Eu já fiz um vídeo aqui no canal falando sobre algumas bizarrices do Globo de Ouro (clique aqui).
Vamos, então, falar da edição 2021.
MELHOR FILME
A primeira confusão aconteceu com “Minari”: apesar de ser financiado e ambientado nos EUA, o longa do Lee Isaac Chung foi deslocado para Melhor Filme Internacional por ter mais de 50% dos diálogos falados em coreano.
A decisão causou grande polêmica em Hollywood, mas, até agora, o Globo de Ouro manteve a escolha. Outra alteração foi com “Promising Young Woman” que saiu da disputa de comédia para ir ao drama.
A situação complica a vida do longa, afinal, se estivesse em Melhor Comédia/Musical, a vitória seria quase garantida. Agora, vai enfrentar a concorrência de pesos-pesados como “Nomadland”. O mesmo dá para dizer em relação a Carey Mulligan que era favoritíssima em Melhor Atriz em Comédia e vai ter que duelar contra Frances McDormand, Viola Davis e Vanessa Kirby.
Ainda que improvável, “A Voz Suprema do Blues” pode ser deslocado para Comédia/Musical, porém, seria uma forçada de barra terrível, se isso acontecer. Imagina o Chadwick Boseman vencendo em Melhor Ator concorrendo contra o Sacha Baron Cohen de “Borat 2”. Nada a ver.
Para completar, “Hamilton”, maior sucesso da Broadway nos últimos anos, pode disputar nas categorias de comédia/musical tanto o filme quanto o elenco.
Sei que os puritanos do cinema vão reclamar, mas, em uma temporada de premiações tão anormal e com a fundamental importância do streaming para a indústria momento oferecendo novos caminhos, eu não me oponho a uma possível indicação de “Hamilton”. Muito pelo contrário.
CATEGORIAS DE ATUAÇÕES
Vamos nas categorias principais de atuação. A Julianne Moore e a Alicia Vikander, de “The Glorias”, vão disputar em Melhor Atriz de Drama, mas, as duas quase não tem chances. Já a Maria Bakalova, de “Borat 2”, ascendeu e saída da categoria de coadjuvante para disputar Melhor Atriz Comédia/Musical.
No Oscar, porém, a estratégia da Amazon será manter a Bakalova em coadjuvante. Essa dissonância entre Globo de Ouro e o prêmio da Academia já aconteceu com Catherine Zeta-Jones, de “Chicago”, e também a Abigail Breslain, em “Pequena Miss Sunshine”. Na minha visão, a Bakalova, ainda que roube a cena, é coadjuvante e acho que se ficar nesta categoria no Oscar, tem boas chances de vencer.
O Globo de Ouro também mudou o posicionamento do Stanley Tucci: ele saiu da briga de coadjuvante e foi para Melhor Ator em Drama junto com o Colin Firth, ambos por “Supernova”. Isso dificulta demais as chances dele, pois, divide votos e se um dos dois for indicado será o Firth.
Já os elencos de “One Night in Miami” e “Os Sete de Chicago” vão todos disputar ator coadjuvante, o que acho que se torna uma decisão acertada, pelo menos, para o filme do Aaron Sorkin. ali, todo mundo tem sua importância em determinado momento do longa, sendo impossível definir um protagonista.
Para fechar, a Helena Zengel, de “Relatos do Mundo”, ficou para atriz coadjuvante, enquanto o Trevante Rhodes, por “The United States Vs Bille Holliday”, estará em ator coadjuvante.