Grandes clássicos do cinema não deram sorte no Oscar seja por concorrer contra um mega favorito ou estar no meio de uma disputa entre dois candidatos fortes.

Neste vídeo, Caio Pimenta traz 10 filmes que passaram por essa situação.

A MULHER FAZ O HOMEM 

O Oscar de 1940 foi o auge da era de ouro de Hollywood com “E o Vento Levou” dominando a cerimônia ao levar 10 estatuetas. Se não fosse ele, outra obra-prima poderia ter sido consagrada. 

Dirigido por Frank Capra, “A Mulher Faz o Homem” traz uma atuação consagradora do James Stewart em uma história repleta de idealismo na democracia e nos valores dos EUA, pelo menos, aqueles que eles gostam de vender para o mundo inteiro. Impossível não torcer pelo Mr. Smith. 

Você pode se perguntar: ‘mas, Caio, “O Mágico de Oz não seria o segundo mais forte daquela disputa?’. Na minha visão, não até por conta de não ter o diretor indicado nem mesmo a Judy Garland em Melhor Atriz.  

Vale também lembrar que o Capra já tinha três Oscars e poderia chegar ao quarto tranquilamente se não fosse Scarlett O´Hara. 

CREPÚSCULO DOS DEUSES 

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Foi cruel demais o Oscar 1951, afinal, como é possível duas obras-primas intocáveis de Hollywood disputaram justamente no mesmo ano?  

Com o roteiro preciso do Mankiewicz e o duelo de atuações de Anne Baxter e Bette Davis, “A Malvada” ganhou seis estatuetas, incluindo, Filme, Direção, Ator Coadjuvante e Roteiro.

Azar do Billy Wilder com “Crepúsculo dos Deuses”: o noir com seu clínico e cínico olhar sobre Hollywood e o estrelato teve que se contentar com Melhor Roteiro e Argumento, Direção de Arte e Trilha Sonora. 

E pensar que teve tanto filme sem graça vencedor do Oscar nos anos 1950… 

ANATOMIA DE UM CRIME 

O Oscar de 1960 entrou para história com “Ben-Hur” se tornando o maior vencedor do Oscar de todos os tempos até então com 11 estatuetas. Esse sucesso encobriu outro clássico do cinema. 

Dirigido pelo Otto Preminger, “Anatomia de um Crime” trazia uma boa lufada de complexidade e personagens dúbios para uma Hollywood marcada por filmes mais preocupados com a escala de suas produções do que em histórias mais desenvolvidas.  

Talvez fosse ousado demais para vencer o Oscar, especialmente, em um período de vigência do Código Hays, mas, que merecia demais, merecia. 

O SOL É PARA TODOS 

O Oscar de 1963 poderia ter sido tranquilamente de “O Sol é Para Todos”. 

O drama adaptava um dos maiores best-sellers da época escrito pela Harper Lee, trazia o Gregory Peck perfeito como símbolo da justiça e do bom senso dos EUA, um pano de fundo racial em alta naquela época em um filme bem conduzido pelo Robert Mulligan. 

Porém, havia “Lawrence da Arábia” no meio do caminho: o épico do David Lean não deixou pedra sobre pedra naquela temporada e sobrou levando 7 Oscars, incluindo, Melhor Filme e Direção.

“O Sol é para Todos”, pelo menos, ganhou Melhor Ator. 

CHINATOWN 

Classic Movies: 40 anos de Chinatown, de Roman Polanski

Em 1973, “O Poderoso Chefão” suou para derrotar “Cabaret”. Vale lembrar, por exemplo, que o Bob Fosse levou o Oscar de Melhor Direção, superando o Francis Ford Coppola. 

Dois anos depois, a Academia resolveu ser mais generosa com a família Corleone e a segunda parte da saga passou por cima dos rivais ganhando seis Oscars, entre eles, Filme, Ator Coadjuvante com Robert De Niro e, finalmente, Direção. 

Azar de “Chinatown”: o extraordinário noir do Roman Polanski com um dos roteiros mais bem elaboradas da história de Hollywood só não saiu de mãos abanando por ter vencido justamente Melhor Roteiro Original. Ainda assim, muito pouco para uma obra-prima. 

E.T – O EXTRATERRESTRE

O Steven Spielberg podia ser amado pelo público, mas, a Academia resistia bastante ao nome dele nos anos 1970 e 1980. A esnobada em Melhor Direção por “Tubarão” foi um marco e, em 1983, esta história ganhou um novo capítulo. 

Campeão de bilheteria na época, “E.T – O Extraterrestre” até chegou a vencer quatro categorias – Melhor Som, Efeitos Visuais, Trilha Sonora e Efeitos Sonoros – porém, na hora mais importante, a superprodução não resistiu ao tradicional “Gandhi”, ganhador de Melhor Filme, Direção para o Richard Attenborough e Ator com Ben Kinglsey. 

JFK 

O Oliver Stone dominou o Oscar no fim dos anos 1980 e início dos 1990: ganhou Melhor Filme com “Platoon” e duas vezes direção com o drama de guerra e “Nascido em Quatro de Julho”. Porém, pelo melhor filme da carreira, ele saiu sem nada. 

Independente do quanto de verdade ou teoria da conspiração há ali, “JFK” é um espetacular exercício narrativo do Stone ao amarrar uma trama intrincada de forma tão fluida e com tensas sequências espetaculares. Como se não bastasse, lidera um elenco repleto de estrelas em que todos possuem momentos de destaque e relevância. Filmaço. 

 “JFK”, entretanto, teve a falta de sorte de concorrer com “O Silêncio dos Inocentes”, produção que fez a Academia abraçar o suspense e até o terror. A história de Hannibal Lecter e Clarice Sterling foi o último dos três filmes ao levar as categorias principais do Oscar em uma única edição: Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro Adaptado. 

LOS ANGELES – CIDADE PROIBIDA 

Los Angeles – Cidade Proibida” trouxe o noir de volta ao foco no fim dos anos 1998. Curtis Hanson insere os personagens dúbios dentro de Hollywood ampliando o escopo da amoralidade com o charme inebriante do mundo do cinema. A obra ainda traz um elenco de primeira em grandes personagens como são os casos de Kevin Spacey, Russell Crowe e da vencedora de Melhor Atriz Coadjuvante, Kim Basinger. 

Tudo lindo e maravilhoso, porém, havia um “Titanic” no meio do caminho. Em qualquer outro ano, “Los Angeles – Cidade Proibida” poderia chegar como favorito ao Oscar. 

ENCONTROS E DESENCONTROS 

Em 2004, outro trator passou por cima dos concorrentes no Oscar. 

O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” ganhou todos os prêmios que os dois filmes anteriores deixaram de vencer. O clássico do Peter Jackson se igualou com 11 estatuetas a “Ben-Hur” e “Titanic” como os maiores ganhadores de todos os tempos. 

Sobrou para a Sofia Coppola e o seu ótimo “Encontros e Desencontros”. O romance estrelado pelo Bill Murray e a então novata Scarlett Johansson conquistou fãs ao redor do planeta e venceu Roteiro Original, porém, passou bem longe em Melhor Filme e Direção. 

MEU PAI 

Por fim, vamos para edição deste ano. 

Florian Zeller realiza uma experiência imersiva na mente de uma pessoa com o mal de Alzheimer em “Meu Pai”. As pequenas mudanças na direção de arte, a montagem capaz de causar intencionalmente o mesmo grau de perturbação temporal e de lógica no público e a atuação soberba do Anthony Hopkins tornaram o drama uma verdadeira unanimidade da temporada. 

Nomadland”, entretanto, foi dominante como poucas vezes vimos nos últimos anos sobrando desde o Festival de Veneza passando por Toronto, os prêmios da crítica, Globo de Ouro, Critics Choice, DGA, PGA, Bafta e, finalmente, no Oscar. “Meu Pai” teve como consolação as estatuetas de Melhor Roteiro Adaptado e Ator com o Anthony Hopkins. 

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