De “Quero ser John Malkovich” a “Apresentando os Ricardos”, Caio Pimenta traz as obras que bateram na trave para serem indicadas a Melhor Filme no Oscar.

2000 a 2009

Com apoio de Harvey Weinstein, “Regras da Vida” surpreendeu em meio a uma lista com filmes elogiados e de maior repercussão, superando o sensacional “Quero Ser John Malkovich”, nomeado em categorias importantes como Melhor Direção e Roteiro Original. “O Talentoso Ripley” também era outra possibilidade com cinco indicações, maior número entre os que ficaram de fora de Melhor Filme.   

Já em 2001, Harvey Weinstein atacou novamente com “Chocolate” em Melhor Filme, tirando a vaga de “Billy Elliot”, nomeado em Direção e Roteiro Original. Falando nesta categoria, tinha também a possibilidade do vencedor dela, “Quase Famosos”.  

Em 2002, a indicação de David Lynch a Melhor Direção pode até induzir a citar “Cidade dos Sonhos”, mas, vejo “Iris” com suas nomeações para o trio de protagonistas como o filme que ficou na linha de corte. “Amélie Poulin”, indicado em cinco categorias, também era outra possibilidade forte.  

fale com ela pedro almodovar

“Fale com Ela” foi a maior chance da carreira do Pedro Almódovar em figurar na lista de Melhor Filme, afinal, o mestre foi premiado em Roteiro Original e indicado a Direção. Porém, competir com a saga “O Senhor dos Anéis” era uma missão árdua e acabou ficando de fora.  

Se tem um filme que odeio nesta vida é “Seabiscuit”: o maldito cavalinho tirou “Cidade de Deus”, indicado em Melhor Direção, Fotografia, Roteiro Adaptado e Montagem, de fora do Oscar de Melhor Filme.

Já em 2005, seria incrível ver “Brilho Eterno”, mas, acho que “O Segredo de Vera Drake” e seu estilo britânico tradicional ficou mais perto, enquanto “Johnny & June” somente ficou de fora porque a lista de 2006 era irretocável.  

 
2007 fica uma grande dúvida: “Dreamgirls” seria a escolha óbvia por ser o musical do momento com Eddie Murphy, Beyoncé e Jennifer Hudson, além de ter o maior número de indicações do ano. Porém, “Voo 93” obteve nomeações em Direção com o Paul Greengrass e Montagem. Acho que o longa sobre o 11 de setembro acabou sendo o filme da linha de corte.  

Na edição seguinte, “O Escafandro e a Borboleta” cresceu na reta final e poderia ter emplacado em Melhor Filme fosse a Academia mais ousada.

Já em 2009, impossível não citar “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, superprodução da Warner esnobada que provocou a mudança para permitir até 10 indicados. 

 2010 a 2022

Crítica: Millenium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de David Fincher

Esta alteração nos dois primeiros anos não apenas incharam a categoria como deixou sem grandes opções de esnobados. Em 2010, dá para citar “Invictus”, do Clint Eastwood, já no ano seguinte, dá para forçar “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I”.

Quando a Academia flexibilizou para até 10 nomeados, aí sim tivemos produções de maior peso fora da disputa.  

“Millenium” bateu na trave, mas, a história pesada pode ter feito o suspense do David Fincher não alcançar a votação necessária.

Em 2013, “Operação Skyfall” poderia ter o primeiro James na categoria máxima do Oscar ainda que “O Mestre”, do Paul Thomas Anderson, estivesse correndo bem próximo.

No ano da Copa no Brasil, “Blue Jasmine” ficou fora em uma das melhores temporadas dos últimos anos.  

A esnobada a “Foxcatcher” foi completamente inexplicável visto que a produção estava em Direção, Ator, Ator Coadjuvante e Roteiro Original em 2015. Se tivesse esperado um ano, “Carol” certamente estaria em Melhor Filme ao aproveitar o embalo do #MeToo. Em 2017, a opção mais viável que ficou de fora foi “Jackie”, um drama do Pablo Larraín, que não empolgou tanto assim. 

“Eu, Tonya” e “Mudbound” ficaram na linha de corte em 2018, mas, acho que o longa estrelado pela Margot Robbie tinha mais hype. “O Primeiro Homem” foi o filme do ano seguinte com “Guerra Fria” ali na cola.

Em 2020, “Dois Papas” poderia ter formado uma trinca da Netflix em Melhor Filme e, talvez, justamente isso tenha impedido o grande longa do Fernando Meirelles de chegar lá.   

No Oscar da pandemia, “A Voz Suprema do Blues” foi mais um trabalho da Netflix pelo caminho. Naquela mesmo temporada, “Druk” e “Uma Noite em Miami” tiveram grandes chances.

Por fim, neste ano, “Apresentando os Ricardos” perdeu a vaga final para o sensacional “Drive My Car”.