Caio Pimenta analisa quais serão os ganhadores do SAG 2024, prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA, nas categorias de cinema e televisão.

SÉRIES

O SAG 2024 nas categorias de televisão e streaming deve repetir tudo o que vimos no Globo de Ouro, Critics Choice e, claro, no Emmy. 

Entre as minisséries, o predomínio é certo de “Treta”: o sucesso disponível na Netflix deve ganhar Melhor Ator com Steven Yeun e Atriz com a Ali Wong.

A única possibilidade de surpresa seria entre os homens por conta do prestígio do Tony Shalhoub e o sucesso de “Monk”, mas, parece uma aposta improvável. 

Já nas comédias, “O Urso” tem tudo para predominar: apesar da força da Quinta Brunson, de “Abbott Elementary”, e Rachel Brosnahan na última temporada de “A Maravilhosa Sra. Maisel”, a Ayo Edebiri deve sair vencedora.

Já em Melhor Ator, as despedidas do Jason Sudeikis de “Ted Lasso” e do Bill Hader por “Barry” não farão cócegas ao favoritismo do Jeffrey Allen Wright. Quem pode, no máximo, atrapalhar é o parceiro dele em cena, o Ebon Moss-Bachrach. 

Com isso, é mais do que natural a conquista de “O Urso” em Melhor Elenco de Comédia.

Nos Dramas, a lavada será da última temporada da maravilhosa “Succession”. 

Mesmo com a caracterização perfeita e a força da Princesa Diana no imaginário popular, a Elizabeth Debicki não deve ser páreo para a Sarah Snook e sua maravilhosa Shiv Roy.

Entre os homens, o Kieran Culkin tem vantagem, mas, vale observar o Matthew Macfadyen, afinal, ele rouba a cena em muitos momentos nos episódios finais, fora o simbolismo do final de “Succession”. Não duvido se Tom der uma nova rasteira na família toda poderosa. 

Melhor Elenco também irá para “Succession”. 

CINEMA

Nas categorias de cinema, a previsibilidade também será a tônica. 

O prêmio de Melhor Equipe de Dublês será de “John Wick 4: Baba Yaga”. A provável vitória fará jus a um filme que merecia maior reconhecimento pelas incríveis sequências de ação. Corre por fora o time de “Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte I”. 

Robert Downey Jr, por “Oppenheimer”, e a Da´Vine Joy Randolph, de “Os Rejeitados” caminham para serem premiados entre os coadjuvantes. De um lado, uma conquista pela história e reconstrução de uma carreira que poderia ter acabado décadas atrás, enquanto do outro temos uma atriz em ascensão na indústria em um grande papel, receita adorada por Hollywood. 

Quem vencer em coadjuvante dá um passo enorme para o Oscar. A última vez que a Academia não bateu com o ganhador do SAG entre os homens foi com o Idris Elba em 2016; já com as mulheres foi na inusitada conquista da Emily Blunt em 2019 por “Um Lugar Silencioso”. A britânica, aliás, é quem mais ameaça da Da´Vine, enquanto o risco do Homem de Ferro está no Ryan Gosling, o Ken da Barbie. 

Nas categorias principais, os duelos mais interessantes do SAG: Cillian Murphy chega fortalecido pela vitória no Bafta, mas, o Paul Giamatti é bastante querido pelo sindicato.

O protagonista de “Os Rejeitados” já saiu premiado três vezes, incluindo, Melhor Elenco por “Sideways”, comédia do Alexander Payne pela qual foi esnobado no Oscar.  

Apesar da avalanche que “Oppenheimer” vem sendo até aqui na temporada, acredito no Paul Giamatti ganhando o prêmio. 

Em Melhor Atriz, a Emma Stone está passando por cima das rivais: levou o Globo de Ouro, Critics e o Bafta.

O protagonismo de “Pobres Criaturas”, a ousadia de estrelar sequências que muitas estrelas da sua idade não fariam e a grande fase da carreira a credenciam demais para a conquista.

Vale, entretanto, abrir o olho para a Lily Gladstone e a representatividade dos povos originários trazida em “Assassinos da Lua das Flores”.  

É uma narrativa que, sem dúvida, o SAG pode querer abraçar, mas, o tempo reduzido de tela da Lily em comparação com a Emma deve pesar. Acho que “Pobres Criaturas” leva o prêmio. 

Será muito difícil tirar de “Oppenheimer” o prêmio de Melhor Elenco. A reunião de estrelas das mais diversas do cinema americano e britânico consolidando os talentos de Emily Blunt e Robert Downey Jr, além de dar um papel à altura do talento de Cillian Murphy é sedutor demais para o SAG deixar escapar. Apesar de “Assassinos da Lua das Flores” e “Barbie” aparecerem como rivais mais fortes, acredito em “Ficção Americana” como o maior risco do longa do Christopher Nolan ser surpreendido. 

Por fim, gostaria de fazer uma pequena comparação entre as premiações de TV e cinema nesta temporada. Ambas trazem produções que passaram por cima da concorrência com relativa facilidade. Nas séries, acho que isso se justifica por não haver comparação entre “O Urso” com “Ted Lasso” ou “Abbott Elementary” e “Succession” com “The Last of Us” e “The Crown”.  

Nos cinemas, entretanto, acho um absurdo “Oppenheimer” ser tão dominante visto que há outras grandes produções de, pelo menos, mesmo nível. Seria muito legal ver “Os Rejeitados”, “Anatomia de uma Queda”, “Barbie” e, claro, “Assassinos da Lua das Flores” sendo mais reconhecidos.