De “O Silêncio dos Inocentes” a Steven Spielberg, por “O Resgate do Soldado Ryan”, Caio Pimenta analisa quais os vencedores indiscutíveis do Oscar nos anos 1990.

INTERNACIONAL E CATEGORIAS TÉCNICAS

Os anos 1990 não foram muito felizes para as produções de língua não-inglesa no Oscar. Apenas uma vitória foi arrebatadora: o italiano “Cinema Paradiso” em 1990. Agora, claro, que a história poderia ser diferente se “Central do Brasil” fosse o vencedor em 1999 superando “A Vida é Bela”. Infelizmente, não aconteceu. 

Nas categorias técnicas, o início da década trouxe resultados inesquecíveis para quem curte os clássicos da Disney. 

Em 1990, 92 e 93, as categorias de Canção Original e Trilha Sonora prestigiaram, respectivamente, “A Pequena Sereia”, “A Bela e a Fera” e “Aladdin”. Estatuetas todas vencidas pela lenda Alan Menken no auge da forma. O mundo gótico de “Batman” encantou as plateias e a Academia que concedeu o prêmio de Direção de Arte.  

Já em 1991, “Dança com Lobos” ganhou mais estatuetas do que merecia, mas, Direção de Fotografia certamente está na categoria das vitórias justas. Na mesma cerimônia, “A Caçada ao Outubro Vermelho” venceu pela excelência dos efeitos sonoros.  

Na praticamente perfeita edição de número 64, “O Exterminador do Futuro 2” ganhou com sobras Efeitos Visuais e Sonoros, Maquiagem e Som. Fosse a Academia mais ousada ainda teria aparecido em Melhor Filme e Direção com o James Cameron. E ainda tem “JFK” faturando Montagem em cima de “O Silêncio dos Inocentes”. Já em 1993, teve “Drácula” conquistando Melhor Figurino. 

 E o que dizer do Oscar 94? Teve Bruce Springsteen sendo premiado “Streets of Philadelphia”, de “Filadélfia”, o figurino belíssimo de “A Época da Inocência”, a maquiagem de “Uma Babá Quase Perfeita”, as estatuetas em Efeitos Visuais, Sonoros, Som de “Jurassic Park”, e “A Lista de Schindler” conquistando Fotografia, Direção de Arte, Trilha Sonora.  

No ano seguinte, são inquestionáveis apenas o Oscars de Figurino para “Priscilla – A Rainha do Deserto” e de trilha e canção para “O Rei Leão”. Em 1996 e 1997, apenas Maquiagem, primeiro com “Coração Valente” e, depois, com “O Professor Aloprado”. 

Novos Clássicos: Titanic crítica

Como vocês sabem, eu não só nenhum pouco isento ao falar de “Titanic”. Para mim, todas as vitórias técnicas foram maravilhosas. Afinal, a direção de arte detalhista de cada centímetro do navio, o mesmo em relação aos figurinos passando pelos efeitos visuais até chegar na trilha sonora James Horner e o hit “My Heart Will Go on” com Céline Dion estão marcados na história do cinema. 

“Amor Além da Vida” surpreendeu ao fazer um romance se sair vencedor de Efeitos Visuais. Mas, quem mandou criar tão bem aqueles mundos do céu e do inferno quase que saídos de uma pintura? Já “O Resgate do Soldado Ryan” com sua recriação literal do horror do desembarque na Normandia teve vitórias incontestáveis em Som, Efeitos Sonoros e Fotografia. 

ROTEIROS E ATUAÇÕES

Pulp Fiction: Tempo de Violência, de Quentin Tarantino

Os anos 1990 foram um ótimo período para as categorias de roteiro. Nos adaptados, dá para citar as vitórias de “O Silêncio dos Inocentes”, “A Lista de Schindler”, “Razão e Sensibilidade” e “Los Angeles – Cidade Proibida”. Já nos originais vimos “Thelma e Louise”, “O Piano”, “Pulp Fiction”, “Os Suspeitos” e “Fargo” ganhadores. 

Parecido com os anos 2000, somente vejo três atuações coadjuvantes realmente indiscutíveis: foram os casos do Joe Pesci, por “Os Bons Companheiros”, o Gene Hackman, de “Os Imperdoáveis”, e Kevin Spacey, por “Os Suspeitos”.

Já em Melhor Atriz não dá para reclamar: teve a assustadora Kathy Bates em uma vitória para lá de incomum por “Louca Obsessão”, a Jodie Foster quebrando barreiras no policial com “O Silêncio dos Inocentes”, a Holly Hunter grandiosa em “O Piano” e a divertida Frances McDormand, por “Fargo”. 

Os homens também não ficaram atrás com a entrega monstruosa do Daniel Day-Lewis em “Meu Pé Esquerdo”, o hipnotizante Hannibal Lecter de Anthony Hopkins em “O Silêncio dos Inocentes”, o simpático e carismático Tom Hanks por “Forrest Gump”, o Geoffrey Rush em “Shine” e o Jack Nicholson se divertindo o quanto pode no delicioso “Melhor é Impossível”. 

Antes que me perguntem: ‘cadê o Al Pacino?’. Ele é um dos casos de grandes vencedores que não consigo colocar como indiscutíveis, pois, tinha uma concorrência de excelência. No caso do astro de “Perfume de Mulher”, o rival era o Denzel Washington em “Malcolm X”. Logo, uma situação bem diferente, por exemplo, do Martin Scorsese, o qual não tinha nenhum rival do mesmo naipe ao vencer Direção. 

DIREÇÃO E FILME

Por fim, os anos 1990 foram pródigos de dobradinhas de Filme e Direção merecidas nas duas categorias.

São os casos de “O Silêncio dos Inocentes” com o Jonathan Demme, “Os Imperdoáveis” com o Clint Eastwood, “A Lista de Schindler” do Steven Spielberg, e “Titanic” com James Cameron.

A única exceção foi o próprio Spielberg, vencedor justíssimo por “Soldado Ryan” em Direção, mas, que viu o Oscar de Filme escapar para “Shakespeare Apaixonado” e todo o marketing do Harvey Weinstein.