De Donald Sutherland a Jim Carrey, Caio Pimenta lista 10 grandes atores vivos nunca indicados ao Oscar.

DE SUTHERLAND A GERE

Apesar dos longos serviços prestados à indústria, um quarteto de veteranos até hoje não conseguiu ser nomeado para a festa da Academia.  

Com 87 anos, o Donald Sutherland é sempre lembrado em listas do tipo.

Curiosamente, ele estrelou uma produção vencedora do Oscar de Melhor Filme: em “Gente como a Gente”, o astro interpretava o pai da família em crise. O Sutherland chegou a ser nomeado ao Globo de Ouro, porém, na Academia, ficou de fora. Para piorar, três dos seus parceiros de cena foram nomeados.

O pai do Jack Bauer ainda poderia ter sido reconhecido por “M.A.S.H”, o clássico “Inverno de Sangue em Veneza” e no excelente “J.F.K”.  

Querido por 11 entre 10 cinéfilos, o John Goodman foi parceiro dos Coens desde “Arizona Nunca Mais”, em 1987.

E em diversos filmes dos irmãos, ele roubou a cena como ocorreu em “Barton Fink”, “O Grande Lebowski” e “Inside Llewyn Davis”.

Assim como o Donald Sutherland, o Goodman também participou de um vencedor do Oscar de Melhor Filme; no caso, “Argo”.

Mesmo sendo o coadjuvante que toda história precisa, ele nunca foi nomeado para a categoria.

Simplesmente incompreensível.  

Em 2021, o Oscar teve a oportunidade de reconhecer Delroy Lindo no intenso papel em “Destacamento Blood”.

Apesar da forte categoria de Ator Coadjuvante daquele ano, havia espaço para a Academia prestigiar um dos maiores atores do cinema americano com filmes importantes no currículo, entre eles, “Malcolm X” e “O Nome do Jogo”.  

O último da turma de veteranos, talvez, seja o caso mais estranho de todos eles, afinal, popularidade não falta aqui.  

Querido pelo público do cinema desde os anos 1980, o Richard Gere teve diversas oportunidades de indicação. “A Força do Destino” chegou a conseguir seis nomeações em 1983, inclusive, rendendo a vitória do Louis Gosset Jr em Ator Coadjuvante. O astro, porém, ficou de fora. Oito anos depois, Gere viu a Julia Roberts, seu par romântico em “Uma Linda Mulher”, ser indicada a Melhor Atriz e ele, novamente, de fora.  

A novela se repetiu em 1997 com “As Duas Faces de um Crime” e a indicação do Edward Norton. O ápice, porém, veio em 2003 com “Chicago”: o musical levou Melhor Filme e Atriz Coadjuvante com a Catherine Zeta-Jones, além da Renée Zellweger ser nomeada a atriz principal.  

Já o Richard Gere foi sacado de Melhor Ator mesmo após ter vencido o Globo de Ouro. Definitivamente, o Oscar não é para ele.  Mas, ser esquecido no rolê não é privilegiado somente de atores mais velhos; vários astros da atualidade sofrem com a sina. 

DE ISAAC A SERKIS

O galã Oscar Isaac que o diga: disputado pelos principais diretores de Hollywood, o astro teve duas oportunidades de ouro para emplacar no Oscar.

Em 2014, ele estrelou o solitário cantor folk de “Inside Llewyn Davis” em uma atuação que somente não foi indicada por conta da incrível safra masculina em Melhor Ator naquele ano.

Já em 2015, “O Ano Mais Violento”, apesar de ser muito bom, não deslanchou na temporada de premiações, sendo solenemente ignorado pela Academia. 

Pelo menos, rendeu a primeira parceria do Isaac com a Jessica Chastain.

Já o Robert Pattinson sofre com o estigma da época de “Crepúsculo” e, por melhor ator que seja, encara resistências ridículas na indústria.  

Oportunidades não faltaram para a Academia desmentir isso: “Cosmópolis”, “Mapas para as Estrelas”, “The Rover”, “O Farol”, “O Diabo de Cada Dia” e, acima de tudo, “Bom Comportamento”.

Ok, que são produções difíceis de emplacar dentro do gosto médio do Oscar, mas, a sensação de que ele sequer foi cogitado à sério é latente e inaceitável.  

Mas, se a Kristen Stewart conseguiu, ainda há esperanças para o Pattinson.

Os preconceitos da Academia, aliás, ganharam um update com a cara do século XXI.  

A tecnologia de captura de movimento se tornou febre nos últimos 20 anos em Hollywood.

Muito disso graças ao trabalho de Andy Serkis: o ator mostrou todo o potencial do recurso a partir de Gollum da trilogia “O Senhor dos Anéis”.

O britânico demonstrava como era possível fazer grandes atuações com todo aquele aparato pelo corpo e a transformação digital na pós-produção.

Não seria nada absurdo uma nomeação para ele em 2003 por “As Duas Torres” em ator coadjuvante.   

Para além de Gollum, destaco ainda o Serkis ainda em “King Kong”, “Star Wars – O Despertar da Força” e, claro, a trilogia “O Planeta dos Macacos”.

A questão é convencer o corpo votante formado por atores de que esta tecnologia não é uma ameaça para o setor, mas, sim mais um recurso. Porém, ainda vejo um longo caminho até isso. 

DE SANDLER A WILLIS

Os próximos dois desta lista já sofreram esnobadas cruéis no Oscar por conta dos estigmas que os perseguem.  

Adam Sandler e Jim Carrey são dois dos atores mais populares do cinema mundial, mas, que lidam com a falta de prestígio das comédias nas premiações.

Trabalhos hilários de Carrey como “O Máskara”, “O Mentiroso” e “Eu, Eu Mesmo e Irene” nem ao menos são cogitados por não se enquadrarem no perfil que um Oscar, Bafta e grandes festivais levam em consideração.  

Quando se arriscam no drama, o passado na comédia os fazem não serem levados a sério. 

Adam Sandler, por exemplo, esteve excelente em “Embriagado de Amor” e, principalmente, em “Joias Brutas”, mas, foi esquecido. Neste ano, foi pior ainda: o SAG até o nomeou com o correto “Arremessando Alto”, porém, a Academia novamente o preteriu. 

O Jim Carrey, coitado, sofreu tudo o que pode e mais um pouco na busca por uma mísera indicação ao Oscar.

Fez o elogiadíssimo e visionário “O Show de Truman” e nada. Fez o pacote completo das cinebiografias em “O Mundo de Andy” e nada. Depois, homenageou o cinema com “Cine Majestic” e, de novo, esquecido. Estrelou o inesquecível e cult “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e o final já sabe.  

Se antes o Jim Carrey se zoava na própria cerimônia do Oscar como ocorreu em 1999, hoje em dia, o astro simplesmente parece sem saco de ficar se provando merecedor de qualquer indicação.

E, na minha visão, está mais do que certo. Sou daquela máxima: “se o Oscar não quer indicá-lo, azar do Oscar”. 

Bem que “Duro de Matar” poderia ter ido mais longe no Oscar…

Para fechar a lista, um ator que, infelizmente, não deve mais conseguir a indicação. 

O Bruce Willis enfrentou outro estigma: do herói de ação que só tinha músculos.

Uma maldade diante de um dos atores mais carismáticos da história de Hollywood. E também muito talentoso. Basta ver o humor que ele empresta a John McClane no primeiro “Duro de Matar”.

Fora do gênero de ação também muito bem como ficou provado em “Pulp Fiction”, “Os 12 Macacos”, “O Sexto Sentido”, “Corpo Fechado” e “Sin City”. Diante de uma carreira tão extensa e com tantas possibilidades, era totalmente viável uma indicação, pelo menos.